Angola - Eleições (3)

Por

E - Pá

VITÓRIA, CORRUPÇÃO E O NEO COLONIALISMO "INTERNO"...

Bem, o que se pode concluir foi que um exercício do poder pelo MPLA, a longo termo acabou por colonizar politicamente (ou por corrupção) as outras franjas partidárias, incorporando-as nos suas fileiras, tornando-o, cada vez, mais hegemónico.

As eleições foram, como se dizia no tempo do colonialismo, um passeio pela Avenida Marginal e depois ir beber um copo à Ilha.A UNITA, teve as eleições na pior altura do seu percurso, desde a morte do seu fundador. A data de realização reclamada há muitos anos pela UNITA e outros partidos, só agora, foi satisfeita. Enfraquecidas, com perda de influência em relação à actual situação, vão ser, certamente, atraídas, pela "sindroma da borboleta" em relação à luz, esvoaçando à volta do poder, enquanto as crises de direcção vão continuar.

Quanto a governar para o povo e retirá-lo da fome, julgo que quer o petróleo, quer os diamantes, quer o ouro, não foram recentes descobertas. A redistribuição deste enorme rendimento pela população, criando mecanismos que proporcionem, para os cidadãos, um retorno social importante e de inclusão, não foi feita, nem tentada.E não foi feita porque o dinheiro desapareceu nos meandros da corrupção, especialmente à volta do poder político.

Eduardo dos Santos, nesta disputa eleitoral, que acabou por recompensar o MPLA, essencialmente pela intimidação que o bordão do poder representa em África, não pode ser jogador e árbitro ao mesmo tempo.

E, sejamos claros. As denúncias de corrupção e de "negociatas" que chegam ao exterior, ou que foram praticadas com a conivência do exterior (França, p. ex.) envolvem Eduardo dos Santos, ou a sua família, e não serão investigadas ou punidas, nem têm nenhum motivo para parar.

Os resultados deste fim-de-semana contêm um forte potencial para incentivar a corrupção de Estado.Uma espécie de terrorismo económico, o nascer de um neocolonialismo interno, inicialmente indígena, mas agora ligado traficância internacional, que usa e abusa do assalto às fontes de riqueza, ao tesouro nacional, enquanto à volta vegetam milhares de famintos.Esperemos que, deixem de existir justificações para não realizar, periodicamente, eleições.

E que seja alimentado um amplo espaço de liberdade para que seja possível criar, no futuro, alternativas democráticas a esta situação que sirvam um povo nascido num País próspero e com capacidade de o tornar economicamente e tecnicamente sustentável, saudável, culto, etc...

O meu receio – o que não desejava – é que, tendo ganho o MPLA essa vitória, possa, para muitos, ser chegada e permaneça a pobreza, a fome e o subdesenvolvimento. Angola todos os dias espolia as suas riquezas, nomeadamente através da venda de matérias-primas preciosas. Estas transacções fazem o dinheiro entrar a "rodos". Poucos beneficiam.

Esperemos que Angola, não seja vítima do dinheiro que entra e desaparece, não perca a sua identidade e acabe denominada por uma clique do novo-riquismo de que já observamos alguns indícios...

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