Igreja católica regressa ao terrorismo ideológico


Na Europa, a Igreja católica parecia conformada com a civilização e a modernidade. O catecismo terrorista, anterior ao concílio Vaticano II, parecia definitivamente proscrito. Mas ninguém sabe do que o clero é capaz, que demónios pode acordar, que raiva o pode acometer nas guerras santas que anseia ressuscitar.

Nem os telhados de vidro demovem a Igreja das obscenas comparações com o nazismo que o preconceito cristão anti-semita bastante estimulou, nem a crueldade das Cruzadas, da evangelização, da Reforma e do santo Ofício a modera na agressividade demente com que pretende reescrever a História e formatar os adolescentes.

Um manual escolar, escrito por José Ramón Ayllón e Aurelio Fernández, utilizado em colégios católicos privados espanhóis, é um manancial de intolerância, mentira, ódio e reaccionarismo, mais próprio de quem prepara suicidas do que de quem aspira a formar cidadãos.

A homofobia é levada a extremos próprios de quem pretende exorcizar os seus próprios demónios, a IVG é comparada ao Holocausto e o divórcio é apresentado como a primeira causa de morte dos adolescentes, nos EUA.

A reprodução medicamente assistida é para os autores do livro, destinado a jovens com idades de 14 e 15 anos, o que o toucinho é para Maomé.

O preconceito e o reaccionarismo são o caldo de cultura onde a Igreja católica alimenta a fé nos seus colégios espanhóis e envenena a sociedade plural com os seus prosélitos.

A sociedade muda, o mundo transforma-se, mas a Igreja católica tende a perpetuar as crueldades que a consciência das sociedades plurais e democráticas reprovam. As três religiões do livro estão cada vez mais próximas – na intolerância, no proselitismo e no espírito medieval.
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Nota: Cartoon de Brito, um dos mais prestigiados cartoonistas franceses, nascido em Portugal, a quem o Ponte Europa agradece a autorização expressa para a sua publicação.

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