É fácil ser profeta
O presidente do PSD-M, Alberto João Jardim, defende a extinção do cargo de representante da República num projecto de proposta de revisão constitucional que ontem à noite entregou aos membros da Comissão Política Regional.
Caros leitores:
Não nego que foi brilhante a vitória do Dr. A.J. Jardim pela 12ª. vez consecutiva, juntando às 8 vitórias nas eleições regionais as 4 como Chefe de Estado Federado. Bem pode a oposição clamar contra a falta de liberdade, dizer que o Dr. Ramos controla o aparelho de Estado, a televisão e os jornais, que o recenseamento dos 40 trabalhadores imigrantes que foram trabalhar para as obras do 2º. Aeroporto da Madeira não justificavam o aumento de 5 deputados à Assembleia Nacional da Madeira, que o círculo eleitoral das Desertas não faz sentido por não ter população, que é um risco para a democracia a chefia do Estado não ter horizonte temporal expresso na Constituição, etc., etc., como se um povo superior tivesse de copiar o que se passa noutras latitudes.
Nem mesmo as palavras do Patriarca do Funchal, certamente influenciado pelo concílio Vaticano III que pretendeu levar a Igreja para a defesa de posições democráticas, são suficientes para denegrir a vitória. De resto, o actual Cardeal não conhece a realidade madeirense, por ter nascido em Portugal, como muito bem referiu ao Diário do Funchal o cardeal resignatário Sr. D. Teodoro que partilha com o Dr. Jardim a preocupação de o cargo supremo da Igreja da Madeira ser ocupado por um estrangeiro e do Núncio Apostólico não obter de Sua Santidade a nomeação do bispo titular para a vaga da diocese de Porto Santo.
Não levo a sério, senhor Director, a ameaça do Dr. Jardim em abandonar a Europa caso não lhe aumentem os subsídios. Creio mesmo que a ameaça de se virar para África, hipótese aventada no último Conselho de Estado da Madeira, com o argumento de que o arquipélago deixaria de ser o Estado mais pobre da Europa para passar a ser o mais rico de África, foi entusiasmo irreflectido dum Conselheiro pouco letrado que o Dr. Jardim logo mandou calar.
Preocupa-me, sim, a exigência da bandeira, a mania do hino, o direito reivindicado de cunhar moeda com a obrigação da antiga potência colonial lhe prestar aval, a liberdade da Assembleia Nacional autorizar despesas e obrigar Portugal a pagá-las e a imposição do Dr. Jardim de ser ressarcido perpetuamente pelo fim do paraíso fiscal que a Europa impôs.
Bem sei que ele actua na mais estrita legalidade, que os Tribunais Superiores da Madeira gozam de ampla liberdade para lhe darem sempre razão, que as Forças Armadas, de que é o Comandante Supremo, garantem o respeito pela Constituição da Madeira.
Mas esta legalidade não impede a onda de independentismo que grassa em Portugal. O facto do Presidente da República, Dr. João Soares, se ter prestado a inaugurar este 2º. Aeroporto foi mal visto pelos portugueses, de tal modo que, segundo revelam as sondagens, a sua reeleição será por uma margem muito menor do que qualquer dos seus antecessores que, a começar pelo seu saudoso pai, nunca deixaram de ser reeleitos por margem arrasadora.
Vi com interesse que o Dr. A.J. Jardim indigitou para formar governo o Dr. Ramos, filho do Dr. Jaime Ramos cujo funeral constituiu uma impressionante manifestação de pesar e a quem foi atribuída, a título póstumo, a mais alta condecoração alguma vez concedida pelo Estado da Madeira, depois de, em vida, ter recebido todas as outras. O Dr. Ramos é Presidente do PSD/M com 95% dos deputados da Assembleia, percentagem que ficou apenas a 2 pontos da do Chefe de Estado, e deve-se-lhe a imponente estátua que mandou erigir em honra de seu pai na ilha artificial que mandou construir para o efeito em frente à Quinta da Vigia.
Claro que foi um escândalo, a poucos dias das eleições, a pena de banimento aplicada ao Director dos H.U.M., médico pessoal do Dr. Jardim, por lhe ter prescrito uma dieta – diz-se – com ausência total de álcool e gorduras e fortes restrições de hidratos de carbono. Não ficou provado que o médico fosse um cubano infiltrado no PSD/M nem que se tratasse de mouro a fingir-se cristão, como alegadamente afirmou o novo Director do Hospital, que o substituiu.
Também a demissão do Chefe de Estado Maior das Forças Armadas da Madeira para dar lugar a um jovem oficial formado na Academia Militar do Funchal foi vista como mais um passo para a eliminação dos últimos quadros estrangeiros que não dão suficiente garantia de prosseguir os superiores interesses do Estado madeirense.
O Dr. Alberto João Jardim é justamente considerado o pai da Pátria madeirense, sobretudo desde 2004, ano em que conseguiu deportar o Ministro da República, último resquício do colonialismo.
Não deixa, porém, de ser irónico que A.J.J. continue a ofender os portugueses e a aumentar as exigências, ao mesmo tempo que manda reforçar as cadeiras em que se senta pois sabe que, às vezes, a história se escreve com base na fragilidade das cadeiras.
Apesar das moléstias que me apoquentam e das angústias que me atenazam, umas e outras próprias da idade, ainda me afoito a escrever ao Diário As Beiras. Se V. Ex.ª entender que esta minha prosa faz algum sentido e que a extensão desta carta cabe nos critérios editoriais do seu jornal, aqui lha confio, deveras preocupado com este sentimento cada vez mais exacerbado que está a conduzir os portugueses neste ano de 2020 para a separação irreversível da Madeira, para o inexorável caminho da independência de Portugal.
Caros leitores:
Se tiverem paciência leiam este texto que publiquei no «Diário As Beiras» e no Notícias Magazine em 2003 mas, propositadamente, datado de 2020.
Nesta tarde chuvosa desta Terça-feira de Outubro, deste Ano da Graça de 2020, acabo de ler no Diário As Beiras as surpreendentes notícias que nos chegam do Estado da Madeira. Não nego que foi brilhante a vitória do Dr. A.J. Jardim pela 12ª. vez consecutiva, juntando às 8 vitórias nas eleições regionais as 4 como Chefe de Estado Federado. Bem pode a oposição clamar contra a falta de liberdade, dizer que o Dr. Ramos controla o aparelho de Estado, a televisão e os jornais, que o recenseamento dos 40 trabalhadores imigrantes que foram trabalhar para as obras do 2º. Aeroporto da Madeira não justificavam o aumento de 5 deputados à Assembleia Nacional da Madeira, que o círculo eleitoral das Desertas não faz sentido por não ter população, que é um risco para a democracia a chefia do Estado não ter horizonte temporal expresso na Constituição, etc., etc., como se um povo superior tivesse de copiar o que se passa noutras latitudes.
Nem mesmo as palavras do Patriarca do Funchal, certamente influenciado pelo concílio Vaticano III que pretendeu levar a Igreja para a defesa de posições democráticas, são suficientes para denegrir a vitória. De resto, o actual Cardeal não conhece a realidade madeirense, por ter nascido em Portugal, como muito bem referiu ao Diário do Funchal o cardeal resignatário Sr. D. Teodoro que partilha com o Dr. Jardim a preocupação de o cargo supremo da Igreja da Madeira ser ocupado por um estrangeiro e do Núncio Apostólico não obter de Sua Santidade a nomeação do bispo titular para a vaga da diocese de Porto Santo.
Não levo a sério, senhor Director, a ameaça do Dr. Jardim em abandonar a Europa caso não lhe aumentem os subsídios. Creio mesmo que a ameaça de se virar para África, hipótese aventada no último Conselho de Estado da Madeira, com o argumento de que o arquipélago deixaria de ser o Estado mais pobre da Europa para passar a ser o mais rico de África, foi entusiasmo irreflectido dum Conselheiro pouco letrado que o Dr. Jardim logo mandou calar.
Preocupa-me, sim, a exigência da bandeira, a mania do hino, o direito reivindicado de cunhar moeda com a obrigação da antiga potência colonial lhe prestar aval, a liberdade da Assembleia Nacional autorizar despesas e obrigar Portugal a pagá-las e a imposição do Dr. Jardim de ser ressarcido perpetuamente pelo fim do paraíso fiscal que a Europa impôs.
Bem sei que ele actua na mais estrita legalidade, que os Tribunais Superiores da Madeira gozam de ampla liberdade para lhe darem sempre razão, que as Forças Armadas, de que é o Comandante Supremo, garantem o respeito pela Constituição da Madeira.
Mas esta legalidade não impede a onda de independentismo que grassa em Portugal. O facto do Presidente da República, Dr. João Soares, se ter prestado a inaugurar este 2º. Aeroporto foi mal visto pelos portugueses, de tal modo que, segundo revelam as sondagens, a sua reeleição será por uma margem muito menor do que qualquer dos seus antecessores que, a começar pelo seu saudoso pai, nunca deixaram de ser reeleitos por margem arrasadora.
Vi com interesse que o Dr. A.J. Jardim indigitou para formar governo o Dr. Ramos, filho do Dr. Jaime Ramos cujo funeral constituiu uma impressionante manifestação de pesar e a quem foi atribuída, a título póstumo, a mais alta condecoração alguma vez concedida pelo Estado da Madeira, depois de, em vida, ter recebido todas as outras. O Dr. Ramos é Presidente do PSD/M com 95% dos deputados da Assembleia, percentagem que ficou apenas a 2 pontos da do Chefe de Estado, e deve-se-lhe a imponente estátua que mandou erigir em honra de seu pai na ilha artificial que mandou construir para o efeito em frente à Quinta da Vigia.
Claro que foi um escândalo, a poucos dias das eleições, a pena de banimento aplicada ao Director dos H.U.M., médico pessoal do Dr. Jardim, por lhe ter prescrito uma dieta – diz-se – com ausência total de álcool e gorduras e fortes restrições de hidratos de carbono. Não ficou provado que o médico fosse um cubano infiltrado no PSD/M nem que se tratasse de mouro a fingir-se cristão, como alegadamente afirmou o novo Director do Hospital, que o substituiu.
Também a demissão do Chefe de Estado Maior das Forças Armadas da Madeira para dar lugar a um jovem oficial formado na Academia Militar do Funchal foi vista como mais um passo para a eliminação dos últimos quadros estrangeiros que não dão suficiente garantia de prosseguir os superiores interesses do Estado madeirense.
O Dr. Alberto João Jardim é justamente considerado o pai da Pátria madeirense, sobretudo desde 2004, ano em que conseguiu deportar o Ministro da República, último resquício do colonialismo.
Não deixa, porém, de ser irónico que A.J.J. continue a ofender os portugueses e a aumentar as exigências, ao mesmo tempo que manda reforçar as cadeiras em que se senta pois sabe que, às vezes, a história se escreve com base na fragilidade das cadeiras.
Apesar das moléstias que me apoquentam e das angústias que me atenazam, umas e outras próprias da idade, ainda me afoito a escrever ao Diário As Beiras. Se V. Ex.ª entender que esta minha prosa faz algum sentido e que a extensão desta carta cabe nos critérios editoriais do seu jornal, aqui lha confio, deveras preocupado com este sentimento cada vez mais exacerbado que está a conduzir os portugueses neste ano de 2020 para a separação irreversível da Madeira, para o inexorável caminho da independência de Portugal.
Comentários
COMO É QUE AGORA ILUSTRE CARLOS ESPERANÇA??? NÃO DIZ NADA OU ESTÁ (COMO SEMPRE ALIÁS) MAL INFORMADO?
:)
in correio da manhã!!
ihihihih afinal como é? em que ficamos!!! ahahahaha