Aura Miguel e o Papa

Aura Miguel é uma jornalista que dedica a vida à Igreja católica com a mesma beata devoção com que se imolam os bonzos ou explodem os suicidas islâmicos.

A fotografia com o Papa de turno não é apenas uma imagem para o álbum de memórias, é o orgasmo da fé de quem tem o ponto G nos joelhos. É a glória de quem é capaz de sofrer longas genuflexões e jejuns para estar perto do regedor do Vaticano.

Julgava-se que a sedução por João Paulo II fosse um desses misteriosos encantamentos por um Papa que acreditava em Deus e que, no seu jeito rural e supersticioso, acordasse o afecto de uma mulher. Mas com Aura Miguel qualquer papa é o santo que a profissão e o estado civil exigem. Qualquer primata de camauro é o megafone de deus na Terra e o ungido do Senhor que lhe confia o negócio e a execução testamentária.

Aura Miguel nunca admitirá que João Paulo II e Bento XVI foram capazes de esconder os crimes dos seus padres para que os homens continuassem a acreditar no martírio do seu deus. A jornalista só vê bondade sob as vestes talares, corpos sem hormonas, gente sem pecados, seres assexuados cheios de virtude.

Na sua devota dedicação á Igreja católica esqueceu-se da vida e do mundo para debitar as pias tolices que nascem no Vaticano e germinam nos quintais da fé que se encontram espalhados pelo mundo.

A jornalista julga um triunfo da fé a proibição do divórcio em Malta, um protectorado do Vaticano onde o a interrupção da gravidez, mesmo que ponha em risco a vida da mãe, resulte de violação ou se destine a um feto incompatível com a vida, é considerado crime. Pode aí um troglodita de um marido matar a mulher mas o divórcio, graças ao deus do papa e da Aura Miguel, é proibido. Bendito seja o deus de ambos.

Infelizmente a violência doméstica existe em Malta, as violações acontecem e até, sabe-se agora, há crianças violadas pelo clero que reuniram com o Papa levando um terço para ele abençoar.

Comentários

e-pá! disse…
Segundo relata a Imprensa de hoje, Bento XVI, ao encontrar-se em La Valleta (Malta), com algumas das vítimas de abusos sexuais praticados por clérigos, chorou.

Ficamos sem saber se essa emoção fica a dever-se à insanável situação das vítimas, se pelo futuro da Igreja...
ana disse…
Até fisicamente esta mulher é estranha, parece não reunir todos os atributos de qualquer dos sexos. Olho para ela e não vejo um homem, assim como não vejo uma mulher,será um híbrido? Mistérios da fé...
e-pá! disse…
Não será mais uma virgem que ao conceber uma cria (neste caso o seu novo livro) tenta "vender" vestais inocências (...ou indecências)?

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