A face oculta da política e da comunicação social
Quando um indivíduo da PJ, outro da comunicação social e um terceiro, ligado a um Governo de triste memória, quiseram condicionar o voto dos portugueses com uma conspiração, abriram a caixa de Pandora e exoneraram a ética da política.
Um director da PJ chegou a dizer a um jornalista que bastava referir o nome de um certo líder partidário, quando se falasse de pedofilia, para o liquidar. Era e foi verdade. Teve de se demitir mas não me consta que o conspirador tenha sido preso. Só a ministra que o defendeu acabou presa… num rendoso Conselho de Administração.
Mais tarde até de Belém partiu um estafeta a plantar notícias de escutas num jornal cujo director se esforçou por transformar em pasquim. Desde o apoio à eleição de Bush até à invasão do Iraque tudo o que era mau passou pelo cano de esgoto. Os partidos adiaram a política e deram-se a atacar o carácter dos adversárias, abandonaram os programas e recorreram aos boatos, abdicaram de construir alternativas e limitaram-se à má-língua.
Desolados com a vitória do PS, de Sócrates, coligaram-se os adversários para o derrubar na Assembleia da República, a princípio pelo voto, depois pelo ataque ao carácter. Foi enternecedor ver a coligação BE/PSD/PCP/CDS, a investigar a «asfixia democrática» que resultou de uma joint venture engendrada entre Belém e a Rua de Santana à Lapa, passando por um Café da Avenida de Roma, como se a liberdade de expressão pudesse ser posta em causa sem passar pela concentração monopolista da comunicação social.
Os deputados caíram no logro e deixaram que o circo entrasse no Parlamento. O mais catita dos pierrôs foi o Mário Crespo a distribuir fotocópias de um artiguelho que o JN não lhe publicou, com os deputados à espera do truque, e o palhaço a enganá-los com o ódio que iria bolçar; depois veio Belmiro e arrasou o seu empregado no jornal com que prestigia as mercearias; veio Pais do Amaral e reduziu Moniz, um homem apreciado por suportar a Moura Guedes, a jornalista de tablóide. E veio Rangel com um número com que teria desfeito a reputação dos líderes dos exóticos sindicatos dos magistrados se, quiçá, gozassem dela.
A agenda política de quem não se submete a eleições vai transformando a democracia num pântano onde se afunda a ética e periga a liberdade.
Comentários
O que faz "correr" Rangel?...
Será difícil acrescentar nomes aos conspiradores?