Sacramentorum Sanctitatis Tutela…?
O Vaticano publicou ontem no seu site oficial um “guião” - Guide to Understanding Basic CDF Procedures concerning Sexual Abuse Allegations – que estabelece um conjunto de procedimentos normativos relativos aos casos de pedofilia que proliferam no seio da Igreja Católica. link.
Trata-se de um documento que, em princípio se dirige aos leigos, descodificando a hermética linguagem do Direito Canónico.
O documento, contudo, para além de extemporâneo, encerra algumas contradições.
Trata-se de um documento que, em princípio se dirige aos leigos, descodificando a hermética linguagem do Direito Canónico.
O documento, contudo, para além de extemporâneo, encerra algumas contradições.
Na verdade, não é dirigido aos leigos enquanto prevaricadores. Confunde indignos abusadores com violentadas vítimas.
Os ditos “leigos” não são mais do que as vítimas de clérigos sem dignidade e desprovidos de idoneidade moral, pedagógica ou educativa para lidar com crianças e jovens adolescentes.
Os ditos “leigos” não são mais do que as vítimas de clérigos sem dignidade e desprovidos de idoneidade moral, pedagógica ou educativa para lidar com crianças e jovens adolescentes.
Depois, como se deduz no citado documento: “Penal Processes - The CDF may authorize the local bishop to conduct a judicial penal trial before a local Church tribunal…”, fornece instruções directas aos bispos sobre o que deveria ser o seu normal comportamento cívico.
Temos a nítida sensação que este "guião" é um documento interno do Vaticano só tornado público por conveniências do momento. Isto é, para "inglês ver ... e ler!"
Afinal, o facto da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), ao aparecer em público pretensamente a dirigir-se aos leigos, e através deles, instruir a hierarquia religiosa sobre procedimentos práticos relativamente a futuros comportamentos cívicos, não é mais do que o tácito reconhecimento dos clamorosos erros e das indignidades da ICAR no tratamento destes vergonhosos e escandalosos casos.
É, na prática, reconhecer que andou a encobrir os crimes, a obstaculizar a administração da Justiça e a “comprar” silêncios.
Mais do que um Guia da Congregação para a Doutrina da Fé dirigido aos leigos, este documento é o reconhecimento do comportamento criminosos da ICAR, perante os actos de pedofilia praticados pelos seus clérigos, e atendendo à sua proveniência (ex-Santo Ofício) pouco mais será do que um retardatário e anacrónico “auto de fé”, cujo legítimo destinatário deveria ser a Cúria Romana ou, sendo mais lato, a hierarquia religiosa.
Enfim, ancestrais vícios…novos/velhos "pecados"!
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