O ‘negócio’ de Dublin…
"…O ministro das Finanças classifica a aprovação da extensão das maturidades dos empréstimos como 'muito importante'... na 'estratégia de regresso aos mercados'"…
Adiante, acrescentou:
…"O ministro salientou que o 'Eurogrupo felicitou as autoridades nacionais pela sua determinação em cumprir os limites orçamentais' o que implica 'a necessidade de tomar medidas adicionais de consolidação'”…
In Negócios on line, sobre a reunião do Ecofin em Dublin link
Uma sucinta reflexão:
O almejado regresso aos mercados tem sido apresentado como uma ‘epopeia nacional’. Na realidade não é uma estratégia nacional mas a vontade dos mercados.
Para chegarmos lá temos um Governo que se mostra capaz de tudo e mais alguma coisa. A extensão das maturidades da dívida (consentida condicionalmente em Dublin) poderá aliviar a pressão dos mercados, no imediato e a médio prazo, mas não enfrenta o problema de fundo que, acrescente-se, foi criado e comandado pelos mesmos.
Ao fim e ao cabo os mercados 'fecharam-se' para Portugal, não obstruindo totalmente essas ‘idas’ mas, como sabemos e sentimos, desataram a especular com elevadíssimos juros sobre as nossas obrigações.
Em Dublin o Ecofin 'condescendeu' em dar-nos uma fatídica 'nuance'. A especulação abrandaria nominalmente mas a transferência de capitais estender-se-à por mais (7) anos. Este o ‘negócio de Dublin’.
Era suposto que o BCE tivesse uma intervenção ‘pacificadora e moralizadora’ desses mercados. Não sucedeu ‘isso’.
O BCE lançou o nosso País nas mãos dos mercados entregando-lhes as decisões técnicas e políticas sob a denominação de ‘medidas de consolidação’, de ‘reajustamento', de ‘resgate’, etc. Só que essas medidas (as habituais e as anunciadas adicionais) não se limitam a cobrar juros e a dívida soberana. Têm progressivamente e sistematicamente empobrecido o País, destruído a Economia e aumentado o patamar de endividamento, como se fosse uma missão inevitável e 'libertadora'... e não uma 'marcha' para o abismo. Acabaremos pobres e manietados ad eternum pelos 'mercados'.
O PIB continua sustentadamente a cair e a consolidação teimosamente a fugir. Quando batermos no fundo, porque o caminho encetado é esse, teremos a nítida sensação que a ‘cimeira de Dublin’ decretou a [nossa] ‘morte lenta’. A ‘sangue frio’, i. e., sem anestésicos, sedativos ou contemplações.
E dado que o espectro de morte não foi afastado de que servirá tanto empenho em regressar aos mercados?
Para financiar as exéquias?
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