Desertificação e Reprodução Municipal Assistida (RMA).

Lê-se hoje, no DN, que vinte e uma autarquias dão incentivos à natalidade. De Miranda do Corvo a Mora, passando por Boticas, Castro Marim, Vila de Rei ou Lamego, não se poupam os edis à nobre tarefa de estimular a natalidade autóctone.

Paredes de Coura avança com 500 euros para cada um dos dois primeiros filhos e duplica a gratificação para o terceiro. Póvoa do Lanhoso, repete o estímulo para os dois primeiros, aumenta 50% para o terceiro e esportula 1.000 a partir do quarto, sem limite para a prole.

Com cambiantes que incluem modestas ajudas para fraldas e farinhas pareceu-me que Vila do Bispo, Castro Marim e Vila de Rei são as autarquias mais generosas a instigar a prossecução da espécie, com 750 euros para o primeiro rebento, 1.250 para o segundo e 1.750 para os seguintes, enquanto Gouveia começa com 1.000 euros para o primeiro e não vai além dos 1250 para outros.

O combate à desertificação a que os edis se abalançaram merece solidariedade e todos os estímulos são bons para os beneméritos objetivos.

Só tenho reservas quanto ao facto de se premiar apenas o sucesso ignorando o esforço. Nos municípios mais cristãos, onde o ato sexual seguramente se destina exclusivamente a garantir a prossecução da espécie, parece-me injusto que não se apoiem todos os que, esforçando-se, não logram o êxito de uma gravidez. O facto de as autarquias atuarem apenas a jusante pode desmotivar para os que temem um esforço inglório.

É de louvar a alteração do paradigma em relação ao subsídio matrimonial, já usado sem êxito em algumas autarquias, porque deixava sem incentivo a reprodução, limitando-se a promover cerimónias de nulo alcance reprodutivo. Sem incentivos pecuniários há o risco de os casais se remeterem às delícias da castidade.

Em resumo, são claramente de louvar os objetivos que os criativos autarcas prosseguem e desejar-lhes a renovação dos mandatos e muitos meninos. É a Reprodução Municipal Assistida (RMA).

Comentários

e-pá! disse…
Uma sugestão 'manhosa':
As 21 autarquias podiam subsidiar a aquisição de 'Viagra' que o Governo nunca aceitou comparticipar.
Nos tempos de crise - onde as 'disfunções' emergem ou se acumulam - também, neste terreno, poderá ser necessária uma 'ajudinha'...

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