Freitas do Amaral e a Direita
Na entrevista de Freitas do Amaral ao DN, ontem, há 4 páginas suculentas onde o rigor e a honestidade rivalizam com a cultura de um enorme político e homem de Estado
O diagnóstico que faz da esquerda portuguesa é certeiro, a sua análise sobre a Ucrânia é de uma integridade intelectual extrema, e acertada a avaliação do Governo. Trata-se de uma personalidade que não é da minha família política, de um conservador inteligente, culto e com muito mundo. Com conservadores destes seriam melhores os progressistas.
Como pôde a direita preterir uma personalidade desta dimensão ética e cívica, em favor de Cavaco Silva? Só a miopia de quem preferiu o poder ao país, a indigência cultural à honrosa representação do Estado e o mundo dos interesses venais às exigências éticas de um cargo carregado de simbolismo, podia trocar os personagens.
Houve na troca de papeis a trágica decisão que conduziu a direita ao suicídio e Portugal ao abismo. Depois, entregue o poder a quem tem da política uma leve ideia, da cultura uma sólida desconfiança e da honradez um medo congénito, só podia escolher para líder do Governo Passos Coelho.
O diagnóstico que faz da esquerda portuguesa é certeiro, a sua análise sobre a Ucrânia é de uma integridade intelectual extrema, e acertada a avaliação do Governo. Trata-se de uma personalidade que não é da minha família política, de um conservador inteligente, culto e com muito mundo. Com conservadores destes seriam melhores os progressistas.
Como pôde a direita preterir uma personalidade desta dimensão ética e cívica, em favor de Cavaco Silva? Só a miopia de quem preferiu o poder ao país, a indigência cultural à honrosa representação do Estado e o mundo dos interesses venais às exigências éticas de um cargo carregado de simbolismo, podia trocar os personagens.
Houve na troca de papeis a trágica decisão que conduziu a direita ao suicídio e Portugal ao abismo. Depois, entregue o poder a quem tem da política uma leve ideia, da cultura uma sólida desconfiança e da honradez um medo congénito, só podia escolher para líder do Governo Passos Coelho.
Comentários
A mascarada tecida à volta de uma abertura política e cultural com o Oriente - que teria fundamento - pretende a esconder um insaciável 'negocism feirante e alienante sob a melífica capa de uma diplomacia económica.
De concreto, a viagem à China consolidou anteriores alienações (EDP, REN, Caixa Seguros, etc.) e ´'acertou' novos negócios em empresas públicas remanescentes (águas e resíduos).
Pelo caminho e à sombra de uma detectada importância estratégica da ligação aérea entre Lisboa e Xangai poderá ter sido acordada a venda da TAP.
O inventário parece um pesadelo e não ter fim.
E a todos estes 'negócios' acresce a vinda do Bank of China para tutelar directamente a presença económico-financeira do Estado Chinês no território nacional.
A grande mediação deste 'festim' não poderia deixar de caber à 'clique cavaquista' que está em processo de renovação (sob o manto neoliberal) depois da falência e colapso do insanável projecto de açambarcamento que foi capitaneado pelo BPN.
É esta a Direita portuguesa que perante os desafios da globalização rasgou a seu tradicional (e muitas vezes exacerbado) nacionalismo para dedicar-se à extorsão do património e recursos nacionais e apressadamente saldá-los nos salões imperiais das ditas economias 'emergentes', invocando sustentabilidades espúrias, mas na realidade interesseiras e enfeudadas a 'negócios de ocasião'.
Freitas do Amaral, não 'misturou' com esta Direita negocista e venal que por aí circula e que em cerimónias públicas bate perfidamente com a mão no peito clamando pelo seu amor à Pátria.
Por estas razões, Freitas do Amaral, acabou politicamente por ser ostracizado pela actual Direita que, como se tem verificado, não o conseguiu colocar ao seu serviço.
Os adversários não são inimigos. Foram dignos do mais interessante combate onde eu estive do lado de Soares, depois de ter estado do lado de Zenha.