A harmonia do caos e a reflexão caótica da harmonia
É difícil estabelecer com rigor quando se foge por medo ou se tem medo por ter fugido. O mundo foge dos problemas como o cristianismo diz do demónio em relação à cruz. A fome e as alterações climáticas são guerras silenciosas que alastram na clandestinidade, perante o silêncio dos poderosos e o modelo único que Reagan, Thatcher e João Paulo II nos legaram.
É estranho que os dois primeiros desfrutem de sólida reputação mundial e o último de grande prestígio celestial. Foram três aliados cuja saudade coletiva lembra a síndrome de Estocolmo em que os reféns se comovem com os carcereiros.
Com o comunismo quedámos vacinados com a implosão da URSS e a explosão caótica de países unidos por uma fé reprimida e a recordação de uma repressão exercida com fé. Pulularam Repúblicas teocráticas e países tribais sob os escombros de uma potência que arruinou, durante várias gerações, o ideal socialista. Sobram críticos da experiência que foi a mais doce das utopias e uma das mais trágicas realidades. Minguam experiências a retomar os princípios por que muitos se bateram em todo o mundo.
Na retaguarda, dissimulado sob a bandeira das liberdades individuais, liberdades sem as quais não há democracia, espreitava o capitalismo que progressivamente se foi tornando selvagem, conforme à sua natureza, e enquanto conserva, na aparência, as liberdades, já promoveu o seu confisco. A privatização dos meios de produção abandona o trabalho às aventuras do capital financeiro, deixado à solta, primeiro, e tornado tentacular, depois.
A longevidade de dois modelos e a fixação do mundo em torno de um deles, atrasou a busca de modelo alternativo antes da captura do sistema por implacáveis divindades que o jargão hodierno chama mercados.
A implosão da URSS e a conversão da China ao mais despudorado capitalismo soltaram os demónios do totalitarismo oposto, mais sofisticado, usando a fome, as epidemias e a pobreza como armas que atuam em seu benefício.
A falência do banco Lehman Brothers abriu mais uma crise capitalista de que estamos longe de saber se é a última. Sabemos que a Europa, por erros e cumplicidades dos seus líderes, entrou em declínio, sem rumo, sem política externa e sem esperança, umas vezes como satélite americano, outras por motu proprio.
Enquanto a extrema direita corrói o farol da liberdade e a lepra islâmica entra no tecido social, a Europa ameaça atolar-se na Ucrânia depois de ter provocado a Rússia.
Os ideias da Revolução Francesa continuam a perder fulgor e o risco de desagregação do espaço comum ameaça generalizar-se. O futuro está comprometido e não se vê que a Europa, vanguarda da civilização, encontre o rumo e retome o papel histórico que já foi seu.
É estranho que os dois primeiros desfrutem de sólida reputação mundial e o último de grande prestígio celestial. Foram três aliados cuja saudade coletiva lembra a síndrome de Estocolmo em que os reféns se comovem com os carcereiros.
Com o comunismo quedámos vacinados com a implosão da URSS e a explosão caótica de países unidos por uma fé reprimida e a recordação de uma repressão exercida com fé. Pulularam Repúblicas teocráticas e países tribais sob os escombros de uma potência que arruinou, durante várias gerações, o ideal socialista. Sobram críticos da experiência que foi a mais doce das utopias e uma das mais trágicas realidades. Minguam experiências a retomar os princípios por que muitos se bateram em todo o mundo.
Na retaguarda, dissimulado sob a bandeira das liberdades individuais, liberdades sem as quais não há democracia, espreitava o capitalismo que progressivamente se foi tornando selvagem, conforme à sua natureza, e enquanto conserva, na aparência, as liberdades, já promoveu o seu confisco. A privatização dos meios de produção abandona o trabalho às aventuras do capital financeiro, deixado à solta, primeiro, e tornado tentacular, depois.
A longevidade de dois modelos e a fixação do mundo em torno de um deles, atrasou a busca de modelo alternativo antes da captura do sistema por implacáveis divindades que o jargão hodierno chama mercados.
A implosão da URSS e a conversão da China ao mais despudorado capitalismo soltaram os demónios do totalitarismo oposto, mais sofisticado, usando a fome, as epidemias e a pobreza como armas que atuam em seu benefício.
A falência do banco Lehman Brothers abriu mais uma crise capitalista de que estamos longe de saber se é a última. Sabemos que a Europa, por erros e cumplicidades dos seus líderes, entrou em declínio, sem rumo, sem política externa e sem esperança, umas vezes como satélite americano, outras por motu proprio.
Enquanto a extrema direita corrói o farol da liberdade e a lepra islâmica entra no tecido social, a Europa ameaça atolar-se na Ucrânia depois de ter provocado a Rússia.
Os ideias da Revolução Francesa continuam a perder fulgor e o risco de desagregação do espaço comum ameaça generalizar-se. O futuro está comprometido e não se vê que a Europa, vanguarda da civilização, encontre o rumo e retome o papel histórico que já foi seu.
Ponte Europa / Sorumbático
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