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Por
E - Pá
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A questão dos feriados é complexa.
Por um lado, trata-se de uma 'imposição' da troika,
alegremente aceite por este Governo, em nome da produtividade (ou da
competitividade?) que ninguém no País parece estar em condições de avaliar
quanto aos resultados práticos.
Fica a dúvida se foi um imposição ou uma punição. Mas essa
dúvida é endémica e transversal a todo o PAEF.
O sinal de derrogação da nossa soberania é difícil de apagar
qualquer que seja a 'ginástica' de Portas ou o 'assobiar para o lado' do
Governo.
Os portugueses terão sempre presente que, para este Governo,
quer a Restauração da Independência, quer a Implantação da República, são
factos históricos e identitários que foram submersos por gratuitas especulações
económico-financeiras. E tal facto não os impede (ao actual Governo) de continuar
a tentar empunhar a bandeira de um 'patriotismo' (manifestamente interesseiro).
Por outro lado, e por outras razões, muitos portugueses não
sentirão motivação para exigir a reposição integral do 'pacote dos feriados',
já que os feriados religiosos não têm (ou não deveriam ter) implicações
públicas (para a República). Um deles o 'corpo de Deus' é um feriado móvel que
tem (para os crentes) a ver com o calendário litúrgico sem qualquer obrigação
oficial. Aliás, e difícil perceber como num Estado laico (e apesar da
Concordata) não estão previstos feriados do Yon Kippur e/ou do Ramadão só para
falar das religiões abraâmicas.
Outro, o extinto feriado de 1 de Novembro bem podia ser
restabelecido (pelo menos em Lisboa) para relembrar o trágico episódio do
terramoto de 1755 que relançou a ideia da reconstrução nacional sob o modelo
pombalino. Seria a comemoração da entrada solene e prática do 'Iluminismo' na
política da nossa terra (num terreno muito actual - as 'obras públicas').
Depois de tantos desaires históricos é caso para plagiar
Henrique IV (de França) e argumentar que: "Lisbonne vaut bien une
messe"... (passe a contradição).
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