Vale mais ser primeira-dama 1 só dia do que doméstica toda a vida
Não sei se é uma reminiscência monárquica, um anacronismo criado pela comunicação social ou um ato de oportunismo mediático que a incúria dos cidadãos e a comodidade dos presidentes perpetuaram.
No nosso ordenamento jurídico, que prevê vários tipos de família e onde a emancipação da mulher é um direito inalienável, a existência da primeira-dama serve para perpetuar um paradigma perverso, a dependência da mulher, e não, como aparenta, uma distinção. É a forma ínvia de habituar os portugueses a excluir as mulheres da função presidencial.
É pena não ter havido ainda uma mulher na Presidência da República, o único órgão que resistiu ao acesso feminino, o que nos dois últimos mandatos teria sido uma bênção. Por discriminação de género têm sobrado primeiras-damas, título que carece de legalidade, com direito informal a secretária e a gabinete, para funções que o erário público suporta.
Não se sabe, quando for eleita a primeira PR, se terá direito a levar o companheiro como mordomo, adereço doméstico para lhe dependurar os vestidos ou engomar as camisas de noite. Se hoje não está previsto o título de primeira-dama, por não ser eleita e ser mera cidadã, não se vê, no futuro, como tratar o/a companheiro/a da primeira PR.
Não parece saudável para a ética republicana que um órgão unipessoal se transforme em conjugal. A tradição não justifica o que quer que seja, da escravatura à pena de morte ou da rainha à primeira-dama. Só as boas tradições merecem ser preservadas.
No nosso ordenamento jurídico, que prevê vários tipos de família e onde a emancipação da mulher é um direito inalienável, a existência da primeira-dama serve para perpetuar um paradigma perverso, a dependência da mulher, e não, como aparenta, uma distinção. É a forma ínvia de habituar os portugueses a excluir as mulheres da função presidencial.
É pena não ter havido ainda uma mulher na Presidência da República, o único órgão que resistiu ao acesso feminino, o que nos dois últimos mandatos teria sido uma bênção. Por discriminação de género têm sobrado primeiras-damas, título que carece de legalidade, com direito informal a secretária e a gabinete, para funções que o erário público suporta.
Não se sabe, quando for eleita a primeira PR, se terá direito a levar o companheiro como mordomo, adereço doméstico para lhe dependurar os vestidos ou engomar as camisas de noite. Se hoje não está previsto o título de primeira-dama, por não ser eleita e ser mera cidadã, não se vê, no futuro, como tratar o/a companheiro/a da primeira PR.
Não parece saudável para a ética republicana que um órgão unipessoal se transforme em conjugal. A tradição não justifica o que quer que seja, da escravatura à pena de morte ou da rainha à primeira-dama. Só as boas tradições merecem ser preservadas.
Comentários
Só "parece haver" primeira dita pela saloice da mulher do cujo presidente, pela falta de chá (mete-se à frente de todos, interrompe tudo, vê com as mãos, como os galegos, fala a despropósito, etc.)e é possibilitada pelo estado algo deficitário da múmia paralítica.
Nota - mas sempre vai traduzindo os conselhos da senhora quando tem aparições.
Abençoada país este de brandos costumes.
Com sua licença: da.sssse
Nos EUA também é assim, ele, ela, os meninos e o cão! A família modelo de fertilidade e de felicidade!
Se acaso viver em comunhão de facto deverá então ser o seu acompanhante ser designado por 'valido', à moda de Falstaff herói picaresco de algumas das peças literárias de Shakespeare...
Ambas as designações entroncam-se na mais pura tradição aristocrática (a legitima e a bastarda) que actualmente parasita a identidade republicana.