Amigo de uma Escola amiga

Hoje, um Agrupamento de Escolas, do distrito de Coimbra, honrou-me com a inclusão no grupo dos seus amigos, numa cerimónia a que motivos de ordem pessoal me impediram de comparecer.

Agradeço a quem teve semelhante generosidade para com um cidadão que está sempre disponível para colaborar. Sem qualquer título académico, castrense, nobiliárquico ou eclesiástico, nem sequer uma venera, é uma honra que me desvanece.
Aqui fica o currículo enviado.

Nascimento: janeiro/1943

Profissão: professor do ensino primário, o que gostaria de ter sido toda a vida, mas, ao fim de 3652 dias, porque de pão também vive o homem, fui agente comercial, delegado de informação médica e chefe de secção de uma multinacional farmacêutica.

Atividades cívicas e políticas:

- Filho de uma professora que teve de pedir autorização ao ministro da Educação para casar com o meu pai, funcionário de finanças, conheci a descriminação das mulheres a quem eram vedadas a magistratura, a carreira diplomática, as Forças Armadas e a administração de bens próprios ou a saída para o estrangeiro, dependentes do marido.

- Antifascista por convicção e devoção, tive em 25 de Abril de 1974 o dia mais feliz da vida, depois de severa vigilância policial, ameaças profissionais, como professor, e da participação em diversos movimentos e organizações na luta pela democracia.

- Fiz dois filhos com quem os quis, escrevi um livro, colaborei em jornais e revistas e plantei árvores. Sócio n.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores, fui o primeiro presidente da Associação Ateísta Portuguesa (AAP) em 2008, reeleito sucessivamente, com o mandato de 2014/2016, em curso.

- Do livro da vida, a poucos dias dos 72 anos, vejo a contracapa à distância de poucas folhas, com a enorme felicidade de envelhecer com a mulher de sempre, ver os netos crescer, amando e sendo amado, vivendo de pé a única e irrepetível vida que me coube.

- Há um capítulo que queria poder rasgar, quatro anos e quatro dias na guerra injusta e criminosa da tragédia colonial e ainda sinto um camarada a exalar o último suspiro nos meus braços, acabado de esmagar pela Berliet, a memória amarga do soldado que perdi na jangada do Zambeze, virada nas águas revoltas do rio, infestado de crocodilos. Das 101 vítimas, uma era dos meus.

- Feliz por ter assistido aos maiores avanços da Humanidade, defenderei sempre tudo o que julgo justo, num país sem presos políticos, censura e medo, mas já receoso da fome que avança, dos recursos que se esgotam no Planeta, do ar contaminado e da água e dos alimentos que vão faltar. Que fazer para que vença a trilogia da Revolução Francesa – Liberdade, Igualdade e Fraternidade?

Ficam os meus filhos e netos. E os jovens de Portugal que teimam em permanecer.

16/12/2014 – Carlos Esperança

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