Sondagens

A guerra das sondagens atravessou a semana noticiosa.
Se durante o fim de semana as sondagens se preocuparam em anunciar a queda de intenções de voto no PS ( o que parece novidade para quem está no poder, e ainda por cima decide - não era já assim no tempo de Cavaco Silva?) os órgãos de comunicação locais também fizeram manchete com sondagens de política local.
Quero, em primeiro lugar, dizer que se as sondagens valessem, então não valia a pena votar. Olhem, até dava menos trabalho. No dia 9 de Outubro telefonavam-me para casa e perguntavam-me se eu desejava exercer o direito de voto, e se sim, em quem queria votar. Era muito mais cómodo.
Mas como sondagens são sondagens (nem La Palisse diria melhor) e a prová-lo as últimas eleições autárquicas em que, por exemplo, Fernando Gomes no Porto foi unanimemente "eleito" (pelas empresas de sondagens) mas afinal quem governou foi Rui Rio, podemos dizer que até dia 9 de Outubro muita água do nosso Mondego passará debaixo da Ponte Europa.
Todavia, quero também dizer que é impossível (melhor, não acredito) nos resultados das sondagens dos nossos jornais locais, as quais são contraditórias em si mesmas. A ver:
Se eu, ilustre desconhecido da maioria dos (estóicos) leitores destas linhas, fosse candidato à Câmara de Coimbra pelo PS, teria desde já assegurados 30% dos votos. E se fosse candidato pelo PSD também!! É assim; são as "regras" da política. Cada partido tem uma base estável e segura de votantes, independentemente do candidato. Ora, é impossível que Víctor Baptista valha menos do que o próprio partido.
Admitindo que tem pessoas que votarão contra ele (mas que desconhecem ainda a composição do resto das listas, onde poderão situar-se outros candidatos a merecer a sua confiança), dizia, admitindo que tem "anti corpos", estes engrossarão, pelo menos por enquanto, a lista dos indecisos e não a dos votantes do PSD (até porque se desconhece ainda o candidato do BE).
Por outro lado, temos que assumir que idêntico fenómeno se passa nos outros partidos (se não em relação a Carlos Encarnação, pelo menos em relação ao seu número 2, Pina Prata, todos sabemos que também tem muitos "amigos")
Logo, não pode o candidato do PS "valer" 15 ou 16% das intenções de voto, até porque, para muitos dos eleitores, ainda é desconhecido que o candidato do PS é Victor Baptista, logo, não podem votar contra ele.
Também não vou dizer que a sondagem divulgada pelo candidato do PS em conferência de imprensa é melhor do que as outras só porque é a do PS. Não. Mas de todas é a que merece maior credibilidade porque, precisamente, aceita que está muito em aberto e até às "vindimas" (ou lavar dos cestos, se preferirem) ainda a fruta tem de amadurecer.
Acresce, é preciso dizê-lo com frontalidade, que todos sabemos que a imprensa local não é isenta. Um dos Diários parece mesmo o "Povo Livre" da região centro, com o ridiculo de assistirmos a edições com 3 e 4 fotografias de Carlos Encarnação (lembram-se, os leitores, da recente edição na praia, com as criancinhas e o filho ao lado...). Com comunicação social assim, é sempre de desconfiar!!
Uma última palavra para uma análise mais detalhada à sondagem do Diário de Coimbra: quando questionados sobre a "acção mais positiva da Câmara nos últimos 3 anos", os inquiridos realçaram "O Parque Verde, infra estruturas rodoviárias, a Ponte Europa, o Estádio, os centros comerciais, o projecto Pólis, ..." por esta ordem, os mais importantes. Ora, com excepção dos centros comerciais, todas as outras acções são de iniciativa de Manuel Machado, e algumas (como o Pólis e até a Ponte Europa) financiadas pela Administração Central. É pra ver como as pessoas votam...!!!
Pois é, meus amigos, sondagens são sondagens, e para aqueles que vão agora comentar este post de "barriga cheia" digo: cuidado! não confiar com o ovo no cú da galinha!
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