Dia Internacional da Mulher
Não, não preciso de expiar ou envergonhar-me dos séculos de exploração feminina, das humilhações a que os homens sujeitaram a mulher, do sofrimento que lhe impuseram. Não sou culpado do anacronismo das leis, do carácter misógino da tradição judaico-cristã, dos preconceitos do clero e da violência das leis que a discriminaram.
Não defendo os conteúdos misóginos da Tora, da Bíblia ou do Corão que legitimam a violência de que são vítimas e as penas a que são sujeitas, sem esquecer a lapidação e as vergastadas públicas a que o fascismo islâmico ainda submete as mulheres.
Nos primórdios da humanidade a força física foi determinante, a divisão do trabalho e a apropriação dos incipientes meios de produção conferiram ao homem a supremacia que o tempo se encarregaria de perpetuar e os homens de defender.
Impensável é que a modernidade tenha sido tão lenta no reconhecimento da igualdade, que os preconceitos permaneçam em homens ditos civilizados e a resignação seja aceite por mulheres que sempre foram vítimas da exploração e da violência.
Não aprecio dias internacionais, celebrações impostas pelo calendário, para condenar atitudes que envergonham e permanecer o resto do ano conivente com a tradição.
Abro hoje uma excepção para recordar, não a Idade Média, mas a ditadura salazarista, os valores e princípios que envergonham o passado recente resgatado pelo Portugal de Abril.
Cito de memória algumas ignomínias de que a mulher foi vítima. Aqui ficam algumas proibições:
- Casamento para as professoras do ensino primário, sem autorização superior e com a exigência de o futuro marido auferir maiores rendimentos;
- Administração de bens próprios dentro do casamento;
- Divórcio, para o casamento canónico;
- Magistratura;
- Carreira diplomática;
- Saída para o estrangeiro, sem autorização do marido;
- Justificação de faltas a mães solteira, por motivo de parto (função pública);
- Casamento para as enfermeiras, cuja proibição terminou ainda no salazarismo.
Doutros horrores, dos crimes de honra, das sevícias toleradas dentro do matrimónio, das violações, agressões físicas e reiteradas humilhações que, sobretudo, nos meios rurais e analfabetos eram constantes e impunes, permanece um rasto silencioso não erradicado. E já poucos se lembram do direito do marido a violar a correspondência da mulher.
Hoje, da opacidade das burkas salta a inteligência, o afecto e a criatividade, saem para o sortilégio do amor, soltam-se para a aventura da ciência e a criatividade das artes. Só as mulheres conseguem ser mães sem deixarem de ser tudo o que os homens podem.
Não defendo os conteúdos misóginos da Tora, da Bíblia ou do Corão que legitimam a violência de que são vítimas e as penas a que são sujeitas, sem esquecer a lapidação e as vergastadas públicas a que o fascismo islâmico ainda submete as mulheres.
Nos primórdios da humanidade a força física foi determinante, a divisão do trabalho e a apropriação dos incipientes meios de produção conferiram ao homem a supremacia que o tempo se encarregaria de perpetuar e os homens de defender.
Impensável é que a modernidade tenha sido tão lenta no reconhecimento da igualdade, que os preconceitos permaneçam em homens ditos civilizados e a resignação seja aceite por mulheres que sempre foram vítimas da exploração e da violência.
Não aprecio dias internacionais, celebrações impostas pelo calendário, para condenar atitudes que envergonham e permanecer o resto do ano conivente com a tradição.
Abro hoje uma excepção para recordar, não a Idade Média, mas a ditadura salazarista, os valores e princípios que envergonham o passado recente resgatado pelo Portugal de Abril.
Cito de memória algumas ignomínias de que a mulher foi vítima. Aqui ficam algumas proibições:
- Casamento para as professoras do ensino primário, sem autorização superior e com a exigência de o futuro marido auferir maiores rendimentos;
- Administração de bens próprios dentro do casamento;
- Divórcio, para o casamento canónico;
- Magistratura;
- Carreira diplomática;
- Saída para o estrangeiro, sem autorização do marido;
- Justificação de faltas a mães solteira, por motivo de parto (função pública);
- Casamento para as enfermeiras, cuja proibição terminou ainda no salazarismo.
Doutros horrores, dos crimes de honra, das sevícias toleradas dentro do matrimónio, das violações, agressões físicas e reiteradas humilhações que, sobretudo, nos meios rurais e analfabetos eram constantes e impunes, permanece um rasto silencioso não erradicado. E já poucos se lembram do direito do marido a violar a correspondência da mulher.
Hoje, da opacidade das burkas salta a inteligência, o afecto e a criatividade, saem para o sortilégio do amor, soltam-se para a aventura da ciência e a criatividade das artes. Só as mulheres conseguem ser mães sem deixarem de ser tudo o que os homens podem.
Comentários
Muitos dos conceitos que vigoraram na ditadura salararista, atingindo a dignidade da mulher e modelando, repressivamente, o seu papel dentro da família, entroncam-se na doutrina social da Igreja e na sua escandalosa incapacidade de "aggiornamento".
Estar em dia com Mundo continua a ser difícil... para todos. Todavia, não há outro caminho.
Estejamos, portanto, atentos e receptivos às contribuições que o "Dia Internacional da Mulher", nos aportar.
Maria Veleda nasceu em Faro em 1871 e faleceu em 1955.
Órfã de pai aos 11 anos , começou a trabalhar aos 15 dando aulas para ajudar a família.
Foi escritora, periodista e professora de português. Republicana convicta, dedicou-se à actividade política até 1921, ano em que abandonou esta faceta pública.
Feminista militante, integrou a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, do Grupo das Treze e a Liga de Propaganda Democrática.
Da sua obra literária destacamos "A Conquista", "Emancipação Feminina", e a colecção infantil "Cor de Rosa", mas a sua maior produção foi como periodista.
Escreveu algumas obras teatrais. Entrou na maçonaria em1907.
Zézé
e o que cá está, cá está. Ainda há muito por fazer. Trabalhei até há pouco tempo numa grande empresa de lisboa, onde os cargos de chefia iam sempre para os homens, por mais grunhos e incompetentes que fossem. só por serem homens. as poucas mulheres que lá chegavam eram as que passavam horas no gabinete do chefe a contar o que ouviam cá fora.
basta olhar para a assembleia da república para ver como estamos ainda atrasados. os cargos públicos e políticos estão ainda vedados à maioria das mulheres, não por lei, mas pela dureza do quotidiano.sobre elas recai a grande parte do trabalho doméstico e das preocupações familiares, vivem numa corrida contra o tempo.é a situação social da mulher que define o desenvolvimento dum país.
Queria, em primeiro lugar, perguntar-lhe:
- não acha cansativo repetir-se?
Depois, folgaria saber o que acha ser correcto, mais agradável:
- comentar os assuntos postados ou as pessoas?
São Tomás de Aquino (italiano, um dos maiores teólogos católicos da humanidade, século XIII)
"O pior adorno que uma mulher pode querer usar é ser sábia."
Martinho Lutero (teólogo alemão, reformador protestante, século XVI)
Era esta a visão cristã da mulher na Baixa Idade Média e no Renascimento.
E hoje? Haverá assim tanta diferença?
Veja-se o caso dos licenciados que já são na sua grande maioria mulheres e que também são detentoras de grande parte dos cargos de técnicos superiores na função pública.
E o que já lá vai, lá vai?! Então e a violência doméstica que anda hoje por aí, e as mulheres que são todos os dias chacinadas pela força bruta, isso também já lá vai?
Ou V. é daqueles que preferem viver em sossego, de olhos fechados, porque nasceu macho, numa sociedade que já nem usa burkas, e o resto não lhe diz respeito?
O que refere é verdadeiro, mas não parece que deva ser imputado à conta negativa das mulheres.
É\ sabido que elas são mais numerosas que os homens. E sobretudo é sabido que estudam mais, que trabalham mais, que são menos irresponsáveis... e que não têm (quantas vezes!) a mãozinha uterina e freudiana da mamã a limpar-lhes o rabinho até aos 30 anos.
Os machos deitam-se na cama que vão fazendo. Aos poucos.
Primeira resposta: Não!
Segunda resposta: No seguimento da maneira de actuar (leia-se pensamento único) das vossas pessoas nada como verberar continuadamente os vossos ideais, sendo que é na repetição das ideias que as mesmas são aprendidas…
Saúde e bichas
«O que refere é verdadeiro, mas não parece que deva ser imputado à conta negativa das mulheres.»
Eu disse sem malícia o que quer dizer que não imputo nada de negativo ás mulheres, até por concordar com a comparação que faz entre a maneira de ser e estar na vida que diferencia as mulheres e homens.
Quanto ao resto das considerações que faz só mesmo uma mulher (ressabiada digo eu) é que escreve sobre as mãezinhas (leia-se sogras) e as suas mãozinhas no relacionamento conjugal ou outro do rebento.
Como sabe o desmame pode-se fazer cedo ou mesmo nunca… E o problema é que o género de machos que refere gostam muito de saltar de cama em cama mas acabar por dormir sempre, e no fim, na sua (deles) cama. Confusa? É que o escorreito de pensamento acaba muitas vezes por colidir com o critério
Não podemos é ficar na nostalgia do que acontecia há cinquenta anos.
"No seguimento da maneira de actuar (leia-se pensamento único) das vossas pessoas nada como verberar continuadamente os vossos ideais, sendo que é na repetição das ideias que as mesmas são aprendidas…"
signed by Goebbels, I suppose ?
Isso é verdade, mas chegando ao mercado de trabalho os homens têm prioridade (principalmente porque são escolhidos por outros homens).
Parece consensual que este dia não se destina às que,por exemplo, viajam pela blogosfera...
Apesar de também não concordar com "celebrações impostas pelo calendário" (exceptuando o Natal)considero que se justifica um "dia de alerta" para uma enorme percentagem de mulheres do planeta.
Espanta-me que, neste dia e no século XXI, haja quem tenha escolhido, para base do seu comentário, estas citações de homens dos séculos XIII e XVI...
"Parece consensual que este dia não se destina às que,por exemplo, viajam pela blogosfera..."
porquê?
"Espanta-me que, neste dia e no século XXI, haja quem tenha escolhido, para base do seu comentário, estas citações de homens dos séculos XIII e XVI..."
porquê?
Este governo, até mete nojo...
E eu espanto-me com o seu espanto!
Custa-me a acreditar que não tenha percebido o que eu tentei demonstrar e que, lamentavelmente, é a realidade. Faz, aliás, pouco tempo que tivemos uma clara demonstração dessa postura.
Será que leu com atenção?
Lamento não me ter exprimido adequadamente.Foi "ao correr da pena"...
1ª questão
- Embora sem base científica, presumo que a maioria deste grupo faz parte da minoria em que os "direitos e deveres" são equiparados aos dos homens.
Quanto à segunda questão, a tónica está no "estas" ( não consigo sublinhar).
Não posso nem devo indicar o que deve ser dito ou escrito. Mas posso analisar, embora de uma forma que pode estar incorreta, as escolhas de citações para um determinado evento - citações não abonatórias da condição feminina, embora com uma interrogação...- Estão-lhe na mente, não?
Será que fui suficientemente esclarecedora?
PS - Gostei dos seus comentários
Quanto ao "anonymous" seguinte... Por acaso, desta feita, não poderemos culpabilizar o PS - o dia é Internacional!- E...PS ainda não é igual a Bush! Bom, para os menos entendidos, nesta área, a culpa também não é dele. Mas só nesta área...
«signed by Goebbels, I suppose ?»
Nem real manufactura dos GOBELINS é para aqui chamada, nem muito menos o Lago Vitória e o encontro entre os dois exploradores.
Pelos vistos as palas ideológicas não o deixam enxergar para os lados... E como quem não sabe (leia-se conhece) vê os bonecos nada como tentar rotular o outro a ideias fascistas e fascizantes (onde é que eu já ouvi isto?).
Continuação da saúde e das bichas (não necessariamente por esta ordem)
OK, I´m sorry!
I believe, but...IT deserve other quote.
A minha (saxónica) interrogação queria chamar-lhe a atenção para o facto de não podermos (nem devermos) esquecer a História, nomeadamente, a recente, ainda muito viva na memória.
Nem os métodos que foram usados para "conseguir" a ignominiosas opressões (de todos os tipos).
Não aceito máximas do tipo:
"Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade"...
Face a isso, apeteceu-lhe divagar. Está no seu direito.
NOTA:
Pode ficar (ou deitar para o caixote do lixo) com as bichas.
Eu contento-me com a saúde.
Isto é do género de divergência em divergência até à convergência final.
P.S.: Já que não quer as bichas vou ter que as dar ao Goebbels pois pode ser que as utilize para fazer propaganda a um remédio…
Saúde e fraternidade (do blog claro está)