Ramalho Eanes referiu como trágica a descolonização em que «milhares de pessoas foram obrigadas a partir para um país que não era o seu». Tem razão o ex-PR cujo papel importante na democracia e o silêncio o agigantou depois da infeliz aventura por interposta esposa na criação do PRD e da adesão à Opus Dei, sempre por intermédio da devota e reacionaríssima consorte, que devolveu o agnóstico ao redil da Igreja. Eanes distinguiu-se no 25 de novembro, como Dinis de Almeida no 11 de março, ambos em obediência à cadeia de comando: Costa Gomes/Conselho da Revolução . Foi sob as ordens de Costa Gomes e de Vasco Lourenço, então governador militar de Lisboa, que, nesse dia, comandou no terreno as tropas da RML. Mereceu, por isso, ser candidato a PR indigitado pelo grupo dos 9 e apoiado pelo PS que, bem ou mal, foi o partido que promoveu a manifestação da Fonte Luminosa, atrás da qual se esconderam o PSD e o CDS. Foi nele que votei contra o patibular candidato do PSD/CDS, o general Soares...
Comentários
E, merece-o!
Ao ser um indeflectível apoiante da inconsciente aventura bélica de Bush no Médio Oriente (não foi só do Iraque), jogou o seu nome e a sua carreira política no caixote do lixo da história.
Resta-lhe (salvaguardadas as devidas distâncias...) a eventualidade dos seus fiéis erguerem um museu no seu torrão natal (Edimburgo), para acolher os amantes do belicismo, da mentira, da irresponsabilidade.
Claro que políticos minimamente inteligentes têm o cuidado de escolher alguns que, pelo menos, sejam verdadeiros - mas, neste caso, talvez isso já fosse pedir muito.
O certo é que veio agora Hans Blix (o ex-inspector da ONU que andou pelo Iraque a procurar, em vão, as supostas Armas de Destruição Massiva - ADM) dizer que, no seu relatório, os «??» haviam sido substituídos por «!!», como se frases do género «As ADM existem?» tivessem sido convertidas em «As ADM existem!».
É possível que nunca se venha a saber quem foi o pândego que se entreteve a brincar às línguas-da-sogra (artefacto que, quando enrolado, parece um «?» e que, depois de soprado, parece um «!»), pegando em pontos-de-interrogação e desatando a "endireitá-los". Mas o que não há dúvida é que foi alguém "de direita"...