Bento XVI - Um discurso perigoso
Bento XVI aguardou o 50.º aniversário do Tratado de Roma para surpreender a Europa com um discurso agressivo e imiscuir-se nos assuntos internos da União Europeia.
A acusação de que a Europa renega as origens cristãs, corrobora o ressentimento que se agravou com a progressiva tendência dos Estados laicos de descriminalizarem o aborto, legalizarem as uniões homossexuais, aceitarem a eutanásia e facilitarem o divórcio, ao mesmo tempo que a Igreja católica vê a sociedade secularizar-se.
As uniões de facto aumentam e os casais prescindem cada vez mais da festa religiosa e da bênção eclesiástica para os seus projectos comuns. A sexualidade emancipou-se da reprodução e o clero romano envelhece e reduz-se.
O rancor e a vocação teocrática de um Papa que quer regressar ao latim e ao cantochão, que deseja integrar a Fraternidade Sacerdotal S. Pio X, do falecido e excomungado bispo Lefebvre, e que odeia a modernidade, estão na origem do insólito discurso e na obsessão de impor os critérios morais da Igreja não apenas aos católicos mas a todos os europeus e, se as condições se tornarem favoráveis, ao mundo.
Voltaríamos à evangelização e às cruzadas, ao cristianismo tridentino, à contra-reforma, às monarquias absolutas e confessionais e à submissão do poder temporal ao espiritual, com a Europa transformada em protectorado do Vaticano e a esquecer o Renascimento, o Iluminismo, a Revolução Francesa e a Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Não há anticlericalismo sem clericalismo. Esta recidiva teocrática de Bento XVI põe em perigo a tolerância e o pluralismo que as democracias consagraram. No seu proselitismo Bento XVI vem perturbar a paz e abrir feridas numa Europa que sacrificou milhões de vidas às lutas religiosas.
Se não houver firmeza na defesa da liberdade religiosa - o direito de cada cidadão ter a religião que entender, não ter religião, ser anti-religioso ou apóstata -, criar-se-ão as condições para o regresso às guerras religiosas que dilaceraram a Europa e se limitaram a produzir santos, mártires e bem-aventurados.
A acusação de que a Europa renega as origens cristãs, corrobora o ressentimento que se agravou com a progressiva tendência dos Estados laicos de descriminalizarem o aborto, legalizarem as uniões homossexuais, aceitarem a eutanásia e facilitarem o divórcio, ao mesmo tempo que a Igreja católica vê a sociedade secularizar-se.
As uniões de facto aumentam e os casais prescindem cada vez mais da festa religiosa e da bênção eclesiástica para os seus projectos comuns. A sexualidade emancipou-se da reprodução e o clero romano envelhece e reduz-se.
O rancor e a vocação teocrática de um Papa que quer regressar ao latim e ao cantochão, que deseja integrar a Fraternidade Sacerdotal S. Pio X, do falecido e excomungado bispo Lefebvre, e que odeia a modernidade, estão na origem do insólito discurso e na obsessão de impor os critérios morais da Igreja não apenas aos católicos mas a todos os europeus e, se as condições se tornarem favoráveis, ao mundo.
Voltaríamos à evangelização e às cruzadas, ao cristianismo tridentino, à contra-reforma, às monarquias absolutas e confessionais e à submissão do poder temporal ao espiritual, com a Europa transformada em protectorado do Vaticano e a esquecer o Renascimento, o Iluminismo, a Revolução Francesa e a Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Não há anticlericalismo sem clericalismo. Esta recidiva teocrática de Bento XVI põe em perigo a tolerância e o pluralismo que as democracias consagraram. No seu proselitismo Bento XVI vem perturbar a paz e abrir feridas numa Europa que sacrificou milhões de vidas às lutas religiosas.
Se não houver firmeza na defesa da liberdade religiosa - o direito de cada cidadão ter a religião que entender, não ter religião, ser anti-religioso ou apóstata -, criar-se-ão as condições para o regresso às guerras religiosas que dilaceraram a Europa e se limitaram a produzir santos, mártires e bem-aventurados.
Comentários
Mas o sofrimento humano ainda não é suficiente para que o retrocesso tenha lugar. Será preciso muito mais, apesar daquele que já se vai instalando.
A Europa é uma árvore frágil e insegura. Mas a cultura e a memória são ainda suas.
E o Esperança merece um abraço, porque passa a vida a recordar-nos isso.
Sabe bem receber um abraço depois de tantos insultos.
Obrigado.
Estou certo de que, se fossem eles, apagariam os comentários pusilânimes e os que revelam maldade.
Há uma coisa de que me posso orgulhar - uma sólida formação democrática que espero nunca trair.
E uma infinita tolerância para os que me agridem.