Notas Soltas - Junho/2007

Entrada em Almeida


Tribunal de Contas – A eficiência e isenção do tribunal presidido por Oliveira Martins, no escrutínio das contas do Governo, autarquias e Regiões Autónomas, tornou-se o paradigma do bom serviço público no combate à incompetência e corrupção.

União Europeia – O gigante económico está à deriva, sem desígnio, a lamber as feridas da invasão do Iraque. Cabe à presidência portuguesa relançar o projecto comum sem o qual a Europa não vence a irrelevância política em que mergulhou.

Rússia – A estratégia militar dos EUA, na Europa, divide a União Europeia e compromete as relações com a Rússia assentes no respeito mútuo e interesses comerciais recíprocos.

Espanha – A ETA, ao pôr fim à trégua que lhe deu a oportunidade de substituir o terrorismo pelo combate político, esbanjou a generosidade do PSOE, que pode não se repetir, e regressa à espiral de violência após um excelente favor ao PP.

Justiça – Franquelim Lobo, acusado de associação criminosa e tráfico de droga, considerado um dos maiores traficantes da Península Ibérica, foi absolvido, na repetição do julgamento que o condenara a 25 anos de cadeia, graças a uma «falha processual».

10 de Junho – Permanecem as cerimónias fúnebres herdadas da ditadura, que exaltam o passado e apelam à nostalgia. O dia de Portugal, que celebra a cidadania, a liberdade e o sonho é, e será sempre, o 25 de Abril.

França – As eleições legislativas confirmaram a popularidade de Sarkozy e deram a vitória à Direita, com o Partido Comunista a perder força e o espectro político a encaminhar-se para a bipolarização.

Ota – A fúria com que a CIP e a Ordem dos Engenheiros atacaram a localização do novo aeroporto, aceite por quatro Governos sucessivos, foi um exemplo de dedicação ao bem público. O motivo de tamanha generosidade começa a vir à tona.

Palestina – A progressiva influência do Hamas é mais uma acha no caminho do ódio, da violência e da intolerância religiosa que lavra na região. Depois da faixa de Gaza a instabilidade ameaça contaminar a Cisjordânia.

Cavaco Silva – A vocação para primeiro-ministro impeliu-o para a ingerência em assuntos do Executivo – Ota e TGV –, mas é obrigação de Sócrates ajudá-lo a cumprir o mandato com dignidade.

PSD – Tem o domínio da comunicação social e da maioria das autarquias. Os Tribunais aceitam as providências cautelares que tolhem o Governo. Falta-lhe um líder e a confiança do eleitorado.

CDS – Com a PJ e o Ministério Público a investigar as contas do partido por suspeita de ligação ao caso Portucale, Paulo Portas já chamuscado no caso Moderna, em trapalhadas fiscais e numa empresa de sondagens, vê a sua indignação desacreditada.

Eutanásia – 39% dos médicos oncologistas são a favor da legalização. João Lobo Antunes, mandatário de Cavaco Silva nas últimas eleições, declarou: «Há situações em que acho que a devia ter feito». Urge discuti-la.

TGV – O acordo assinado por Barroso e Aznar não mereceu, então, ao PSD, qualquer crítica. Agora, depois da Ota, é o TGV que é preciso adiar para impedir o relançamento do emprego.

IVG – A regulamentação da lei que a autoriza até às 10 semanas, a pedido da mulher, exclui das consultas os médicos objectores de consciência e a crueldade de exibir a ecografia a quem, em situações dramáticas, recorre ao aborto.

Assembleia da República – A proposta de redução de 230 para 181 deputados, apesar da simpatia que desperta, é um acto demagógico e perverso que visa prejudicar os partidos mais pequenos – PCP, BE e CDS.

Círculos uninominais – A eventual criação conduzirá à multiplicação do número de caciques. A proporcionalidade e democraticidade seriam bem melhor defendidas, em sentindo inverso, com cinco círculos continentais, um por cada região plano.

Polónia – A extrema-direita no poder é uma fonte de perturbação e um enorme obstáculo à coesão da União Europeia cujo tratado é indispensável para que à economia se possa juntar a cooperação política e social.

Inglaterra – O primeiro-ministro Gordon Brown não emenda o erro nem releva o crime de Blair, que fez do Iraque o cemitério da honra, da legalidade e dos militares da coligação, mas nomeou ministro dos Estrangeiros um oponente à invasão.

Joe Berardo – A arrogância e rudeza com que se comporta o alegado benemérito deixa dúvidas sobre o filantropo e suspeitas sobre o oportunista de todas as negociatas.

Comentários

Anónimo disse…
Essa do PSD dominar a imprensa é de longe a mais ridicula nota solta deste mês, aliás nem sei se a intenção é fazer das pessoas parvas ou então existe alguém que vive num mundo que não é o real. Não fosse a fraqueza do lider do PSD onde já estaria este governo...Sócrates deve dar graças de ter Marques Mendes como opositor directo, infelizmente para Portugal e para as pessoas de bem.
Marques Mendes nem os militantes domina como poderia dominar a imprensa...por favor!
Anónimo disse…
Estou plenamente de acordo com o Amigo Carlos Esperança; é a evidência que leva a ter esta posição.
Quem são os grandes Senhores da imprensa nacional, e a que área política ou até mesmo Partido, pertencem? Não é crime nenhum, é a . . . evidência factual.

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