Ramalho Eanes referiu como trágica a descolonização em que «milhares de pessoas foram obrigadas a partir para um país que não era o seu». Tem razão o ex-PR cujo papel importante na democracia e o silêncio o agigantou depois da infeliz aventura por interposta esposa na criação do PRD e da adesão à Opus Dei, sempre por intermédio da devota e reacionaríssima consorte, que devolveu o agnóstico ao redil da Igreja. Eanes distinguiu-se no 25 de novembro, como Dinis de Almeida no 11 de março, ambos em obediência à cadeia de comando: Costa Gomes/Conselho da Revolução . Foi sob as ordens de Costa Gomes e de Vasco Lourenço, então governador militar de Lisboa, que, nesse dia, comandou no terreno as tropas da RML. Mereceu, por isso, ser candidato a PR indigitado pelo grupo dos 9 e apoiado pelo PS que, bem ou mal, foi o partido que promoveu a manifestação da Fonte Luminosa, atrás da qual se esconderam o PSD e o CDS. Foi nele que votei contra o patibular candidato do PSD/CDS, o general Soares...
Comentários
É evidente que vamos assistir a outra guerra, semelhante à desencadeada pela IVG. Os tabus, incritos na matriz cultural e religiosa, são difíceis de ultrapassar.
Aquilo de que se trata não é de eutanásia mas sim de evitar tratamentos que só aumentam o sofrimento das pessoas.
A eutanásia que a Igreja Católica rejeita é a morte activamente provocada.
No meu comentário anterior não referi nenhuma posição da Igreja Católica em relação à eutanásia. Apenas referi os contextos derivados da "matriz cultural e religiosa" da sociedade, muito sensível com tudo aquilo que diga respeito à morte.
Em relação à Igreja Católica, outros, que não eu, conhecerão melhor as linhas com que se cose ou com que nos "coze", em lume brando, claro, já que não pode recorrer à fogueira para "matar" ou "mandar matar" em nome de Deus.E, pelos vistos, Deus, misericordioso como é, perdou todos esses atentados à vida, muito mais nefandos do que a eutanásia activa.
E isto tudo para dizer que sou defensor da legalização do recurso à eutanásia activa, declarada pelo próprio em documento escrito, reconhecido notarialmente, e desde que praticado em hospital público, supervisionado pela respectiva comissão de ética.