A política, a corrupção e a demagogia
Acusar todos os políticos de desonestos é hábito dos políticos que não ocupam cargos e dos demagogos que, fingindo não ser políticos, pretendem ser considerados honestos.
Os ataques moralistas ao carácter dos políticos, indiferentes a opções que, por vezes, os críticos não têm preparação para analisar, não passam de demagogia, que afasta os mais capazes e lança o labéu sobre os mais honestos e dedicados servidores públicos.
A ética republicana obriga-nos a distinguir o comportamento crapuloso dos que levaram à falência o BPN dos que tomaram opções, eventualmente erradas, de boa fé, e que cabe aos eleitores julgar em atos eleitorais.
Dizer que Passos Coelho é corrupto é uma calúnia de quem, sem provas, pretende ser visto, por contraste, como honesto. Acusá-lo de extremista, reacionário e incompetente é um juízo de valor abundantemente comprovado. Avaliá-lo como um homem perigoso, cuja permanência no Governo pode tornar irreversível a nossa queda no abismo, é, mais do que um direito, um dever cívico com o qual devemos ser consequentes.
Em princípio, um governo deveria cumprir uma legislatura e, só aí, submeter-se de novo ao veredicto do eleitorado mas, quando as medidas tomadas contrariam as promessas e as decisões afetam gravemente a vida dos portugueses, devem as manifestações públicas e todas as formas legais de luta mostrar aos governantes a porta de saída. Pode ser pior, para o nosso futuro, a manutenção deste Governo do que a sua substituição.
É nestas alturas, perante a gravidade e irreversibilidade democrática de decisões lesivas que se sente a necessidade de um presidente da República. Bem o precisávamos.
Comentários
http://www.noticiasaominuto.com/politica/25317/primeiro-ministro-criou-ong-para-financiar-empresa-que-veio-a-administrar
A transferência de capitais das empresas e das famílias para o sector financeiro (nacional e internacional) mostra-nos 'isso'.