O estalinismo do presidente de alguns portugueses
Cavaco, com dinheiro do Estado português, deslocou-se a
Bogotá, acompanhado da sua inerente esposa, espécie de prótese protocolar, para
representar Portugal na inauguração da Feira do Livro, onde Portugal foi
convidado de honra.
Pedir a Cavaco para representar
Portugal numa Feira do Livro é como pedir a um talibã para representar um
qualquer país numa conferência para a igualdade de géneros. Desta vez não levou
Santana Lopes e Sousa Lara, sobretudo o último, que censurou ao único Nobel da literatura
portuguesa «O Evangelho Segundo Jesus
Cristo», no seu Governo.
Faltou-lhe o
inefável Sr. Duarte Pio que, perguntado sobre o que pensava de Saramago, como
escritor, respondeu: «é uma ganda [sic] merda». E, de seguida, respondendo a
outra pergunta sobre se já tinha lido algum livro do referido escritor, disse
«não».
Cavaco não é apenas
um político sem grandeza, um homem sem dimensão cultural e um cidadão que
despreza a cultura. Ele sente orgulho na sua ignorância, é arrogante perante
quem prestigia as letras portuguesas e nunca terá ouvido falar da plêiade de
escritores para quem a língua foi a pátria ou a ferramenta que levou o nome de
Portugal aos meios cultos do mundo.
Ao padre António
Vieira há de julga-lo prior da Caparica e ao padre Manuel Bernardes cónego de
algum cabido de qualquer Sé de província. Aquilino é um nome que jamais conheceu
mas Saramago, o Nobel do nosso contentamento, não pode ter deixado de ouvir
falar, ao menos pelo escândalo da censura feita pelo seu Governo.
Cavaco não causou
escândalo entre os escritores que ontem o ouviram em Bogotá, nem entre os portugueses
que o conhecem, a única surpresa é a desfaçatez com que apaga da galeria dos
famosos o mais conhecido dos escritores portugueses de sempre.
Estaline teria
inveja deste seu avatar e da facilidade com que se permitiu ignorar o nome
maior da literatura portuguesa contemporânea da galeria de honra das nossas
letras.
Comentários
1ª.) O livro de José Saramago apresentado neste certame - 'A estátua e a Pedra' - teria levado o PR pensar que o autor estaria a glosar com o seu exercício presidencial. (É de aqdmitir que o actual PR desconheça que o Nobel português da Literatura já faleceu);
2º.) - Quando Saramago foi - em 1992 - excluído por Sousa Lara de representar Portugal no Prémio Literário Europeu o onús foi carregado pelo então subsecretário de Estado da Cultura. O chefe do GFoverno era então Cavaco Silva. Haverá aqui mais um caso da 'mão de atira pedras escondida atrás do arbusto'?
Dá para pensar...