A luta política, a ética e os limites da decência

O que tem de ser tem muita força. As reações que vejo nas pessoas que julgava calmas e o ódio que chispa de quem tinha por racional, transformou o quotidiano da política nas segundas-feiras do futebol.

Confunde-se delito comum individual com crime coletivo do partido a que o condenado pertence, a suspeita com factos, a decisão judicial com interesses partidários. O País não aguenta por muito tempo o défice, o desequilíbrio da balança orçamental, a insolvência, a má governação, a irrelevância presidencial, os impostos, a suspeita e o ódio.

O acórdão que condena à prisão quem se deixa cair nas malhas da justiça é a mágoa que cala fundo no coração de correligionários e faz rejubilar os adversários. Não interessa se a punição é justa, benevolente ou exagerada. Não se escrutina a justiça ou se avaliam os arguidos, é na aritmética dos anos de prisão que se vê a bondade dos partidos e a aptidão de quem se propõe executá-los.

A Justiça não pode viver permanentemente sob suspeita nem o país sob emoção. Se não houver um módico de contenção, algo de diferente da indizível entrevista adjudicada ao PM de turno, a convicção de que “nem todos os políticos são iguais”, no mínimo bem diferentes dos que nos governam, o país arrisca-se a aventuras sebastianistas ou a riscos totalitários. Não há democracias vitalícias.

Parece que é a nossa tendência para o abismo que nos condiciona os comportamentos.

Comentários

septuagenário disse…
Estas dores de cabeça que os políticos provocam ao zé povinho (justiça, injustiça, corrupçao honesta e desonesta, mentiras com rabo de fora, empregos sem trabalho,greves mensais de trabalhadores dos comboios, submarinos e bancos etc.) até pode ser bom para o país.

Sem essas dores de cabeça ficavamos como os suíços ingleses e luxemburgueses, a fechar fronteiras a emigrantes pobres, invejosos do seu bem estar.

Assim só temos que passar vistos gold e olhamos para o lado.

É fácil viver tranquilo.



No meio de tantas perplexidades detectáveis, estou longe de ver, e de pensar, que esta observação da realidade corresponda ao panorama geral. Mas quem viver verá.

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