Freitas do Amaral
A saída de Freitas do Amaral, do Governo, ao que tudo indica por razões de saúde, é a interrupção ou o fim de uma carreira política de invulgar fulgor e dimensão cívica. Freitas do Amaral já foi estimado e odiado por quase todos os portugueses, em momentos diferentes, mas nunca lhe faltou o carácter e uma enorme coragem. O país deve-lhe o empenhamento de uma vida, a fidelidade a princípios que não se compadecem com a conveniência e um exemplar sentido de serviço público. Conservador e católico, tolerante e culto, é uma referência ética que soube defender sempre a dignidade de Portugal e prestigiar os numerosos cargos que ocupou. Não sendo da família política em que me revejo, não posso deixar de prestar a este vulto da República homenagem às qualidades que o exornam e à sua dimensão de homem de Estado. O caso de Timor foi a mais recente oportunidade de manifestar clarividência e afirmar o seu raro sentido de prudência. Soube defender a honra de Portugal perante os obscuros interesses