Antes das 11 horas da manhã, uma numerosa comitiva de polícias, militares da GNR, e alguns outros do Exército, tomaram posições em frente à Igreja de Santa Cruz. Bem ataviados esperavam a hora de deixarem a posição de pé e mergulharem de joelhos no interior do templo do mosteiro beneditino cuja reconstrução e redecoração por D. Manuel lhe deu uma incomparável beleza. Não era a beleza arquitetónica que os movia, era a organização preparada de um golpe de fé definido pelo calendário litúrgico da Igreja católica e decidido pelas hierarquias policiais e castrenses. Não foi uma homenagem a Marte que já foi o deus da guerra, foi um ato pio ao deus católico que também aprecia a exibição de uniformes e a devoção policial. No salazarismo, durante a guerra colonial, quando as pátrias dos outros eram também nossas, não havia batalhão que não levasse padre. Podia lá morrer-se sem um último sacramento!? Éramos o país onde os alimentos podiam chegar estragados, mas a alma teria de seguir lim...
Comentários
No comentário que fizemos ao post de 4.Jun.06 - "GNR EM TIMOR", alertavámos para as dificuldades da cadeia de comando da força expedicionária portuguesa em Timor.
Nestes últimos dias a situação político-militar na ex-colónia, apesar dos incansáveis esforços de Xanana, têm-se degradado vertiginosamente.
Ontem, a Igreja católica de Timor veio a público afirmar que nada tinha a ver com a instabilidade política e com os problemas existemtes no seio das forças armadas e da polícia. Quando a Igreja tem essa necessidade podemos ter a certeza que de facto está imiscuida nesta questões.
É um dado adquirido que a hierarquia religiosa timorense não suporta o actual 1º. ministro. Daí a que haja um vísivel mobil para o crime. Não estamos no tempo de Pio XII e do nazismo. Hoje, as coisas tornam-se mais claras porque as pessoas estão mais atentas e mais esclarecidas. Segundo creio a politicamente "inocente" Igreja também quer cobrar a sua (quota)parte do trabalho que desenvolveu no apoio à resistencia maubere contra a ocupação indonésia. Quer o ensino religioso nas escolas e detesta um primeiro ministro muçulmano que não lhe oferece isso.
Em resumo, quer o protagonismo político (no circuito de influências) e quer ser declarada como religião oficial desse atribulado estado.
E por agora assim estamos.
Outro assunto, refere-se à deslocação a Lisboa de uma delegação australiana para discutir problemas à volta do comando das forças de intervenção estrangeiras em Timor. Mau sinal emtermos políticos. Uma encoberta pretensão de ser reconhecida como potência regional, hegenomónica. Potência militar e, sejamos claros, económica. Está aqui também em jogo o petróleo do mar de Timor e, de certo modo, a sustentabilidade do desenvolvimento da nossa ex-colónia. Também aqui o alvejado 1º. ministro timorense não foi conivente com as leoninas pretensões australianas. Daí que o governo australiano tenha repetidas vezes critado Alkatiri e, liminarmente, incitado à sua demissão.
Parcialmente, já conseguiu resultados. Hoje, Ramos Horta mostrou-se disponível para ocupar o cargo de Primeiro-ministro de Timor-Leste.
As complicações estão longe do seu fim. Entretanto, a força da GNR vai andar de Herodes para Pilatos ou ficará confinada ao seu aquartelamento.
Considero, assim, que a decisão Socrates/Freitas do Amaral tomada quando da deslocação a Lisboa da delegação enviada por John Howard,
foi politicamente ingénua.
Esperemos que não tenha consequências directas para as forças portuguesas.
E, mais ainda, desejamos que Timor-Leste encontre a PAZ.
Deixem-se de falsas solidariedades !
Perante isto... é difícil dizer seja o que for.