Um dos homens que em Portugal sabe desta ‘poda’ (financeira), isto é, das suas ' maningâncias ' assente num saber camoniano (de 'experiência feito') é João Rendeiro (de sua graça) que resolveu produzir sobre o ‘caso GES/BES’, em desenvolvimento, algumas afirmações deveras preocupantes. Trata-se de um expert que sendo, neste momento, um dos principais arguidos no processo BPP ostenta publicamente o ‘ savoire faire ’ relativo a estas coisas e é tido pelos ‘ mercados ’ como um analista qualificado (que terá apreendido com o ‘desastre BPP’). Este ex-banqueiro (actualmente está inibido de exercer essa ‘profissão’) que virou comentador económico-financeiro na blogosfera ( link ; link ) admite que o impacto na economia gerado pela ‘crise GES/BES e associados’ poderá ser quantificado numa queda do PIB que atingirá 7,6% link . Até aqui as preocupações políticas (do Governo e dos partidos) têm-se centrado sobre quem vai pagar a falência do Grupo (BES incluído) e as c...
Comentários
Para o PSD, é imperioso transformar o presidente da Câmara num "homem todo poderoso" que decide sobre as questões da comunidade autárquica em comunhão com um lobby administrativo por si manipulado (não eleito).
A fiscalização dos actos consumados por este monolítico executivo autárquico (correia de transmissão de interesses políticos, partidários ou económicos) eventualmente pode ser remetida para mera ratificação da Assembleia Municipal.
A representatividade (proporcional) dos municipes lançada ao lixo e depois era a desbunda.
Seguidamente a "lapidação" de quem se intrometesse no caminho. Fiscais do Min. do Ambiente, partidos políticos opositores, associações não afectas à "cor" do executivo, etc. - à vez ou por atacado.
As Câmaras passariam a ser administradas por "caudilhos". Se possível sem limites temporais... porque a obra seria longa.
O advento do "neo-caciquismo" na sua versão musculada e eficiente.
O sr. Ruas, inadevertidamente, verbalizou o que lhe vai no espírito. Fugiu-lhe a boca para a verdade.
Ele sabe do que fala!
não abram os olhos não...
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Madrid
A partir de Abril a União Europeia acrescenta a Bolívia a uma lista com mais de cem países que precisam de visado para entrar dentro das suas fronteiras. O que para alguns é uma forma de controlar a imigração ilegal e desmedida e os problemas que ela engloba, para outros, como é o caso do jornalista e escritor boliviano Edwin Perez Uberhuaga, é uma limitação aos direitos humanos e liberdade de circulação de pessoas.
A HUMANA ONLINE esteve à conversa com o jornalista boliviano Edwin Perez Uberhuaga, coordenador do Centro de Estudos em Migrações (CEM) na Suiça, que falou sobre a imposição do visado aos cidadãos da Bolívia, e defende que a imigração não deve ser encarada com um problema, mas como um desafio.
Que pensa da imposição do visado aos bolivianos para entrar nos países da União Europeia a partir de 1 de Abril de 2007? Antes de responder a estar entrevista, entrei em contacto com muitos bolivianos residentes na Europa. A maioria não está de acordo com o visado, porque limita o direito humano de livre circulação e porque a Bolívia pode enfrentar as suas crises económicas com as remessas enviadas por mais de três milhões de bolivianos residentes no estrangeiro, considerando que na Bolívia há quase nove milhões de habitantes. Mas a outra minoria crê que o visado evitará uma migração caótica que provoca muitos problemas de adaptação, desemprego, divisão familiar, violência doméstica, consumo exagerado de álcool entre outros.
Quais são os principais factores que influenciam os bolivianos a emigrar para a Europa? Há que ter em conta que em 1985 a Bolívia foi um país exemplar na aplicação do modelo económico neoliberal que vinte anos depois incrementou a pobreza e entregou as empresas a multinacionais. Durante esse período, houve uma grande migração interna, por exemplo, das minas de prata ou zinco, cuja quotização estava empobrecida, para as zonas produtoras de coca no Chapare ou de açúcar na parte oriental do país. Na mesma altura incrementou-se a migração para a Argentina - onde hoje estão quase um milhão de bolivianos - para o Brasil e Estados Unidos - onde estão cerca de 400 mil. Nos últimos cinco anos, começou a emigração para a Europa. Hoje existem mais de 250 mil bolivianos em Espanha e mais de 350 mil em toda a Europa. Por outras palavras, quero dizer que a falta de resposta do modelo económico, os governos corruptos e a incompreensão dos países mais ricos e poderosos, estimulou a emigração.
A implementação do visado vai resolver o problema da imigração ilegal e das suas consequências? Penso que quanto maiores são os obstáculos, mais esforços os migrantes fazem para superá-los. Há que recordar que nenhum ser humano é ilegal e que todos têm o direito a deslocar-se. Deste modo, a migração não deve ser encarada como um problema, mas sim como um desafio, devendo-se encontrar soluções. Diante de um fenómeno normal e que não é recente, significa que todos, desde os anfitriões aos recém-chegados, devem esforçar-se para construir uma sociedade nova.
Na sua opinião, quais são as consequências mais graves da imigração? O mais grave da imigração é que recorda aos países poderosos a injustiça, a dominação e a exploração submetida aos países de Terceiro Mundo. Também mostra a necessidade urgente de que se apliquem nos países pobres políticas que permitam o livre acesso à educação, à saúde, ao emprego e à habitação. O rosto de cada imigrante recorda que há dívidas históricas pendentes e que não é possível a opulência, o tráfico de drogas e de armas e a degeneração humana, quando há pessoas que morrem por falta de um pão ou de um simples medicamento.
E as mais positivas? O positivo é que se brinda à Europa e aos Estados Unidos a oportunidade de se enriquecerem culturalmente e construírem juntos um maior e melhor desenvolvimento. Não se deve esquecer que para o crescimento de muitos povos, houve o contributo de muitos estrangeiros. Há profissionais, artistas e intelectuais que dão a sua vida e energia e só às vezes são reconhecidos pela arrogância dos europeus. A Europa precisa de pessoas em todas as áreas em geral, mas sobretudo nas tarefas que os europeus não querem realizar. Agora, por exemplo, há demasiada população idosa e a Europa precisa de trabalhadores que sustentem a segurança social. A população europeia está envelhecendo e a população imigrante pode combater esse factor. Porém, a União Europeia está colocando cada vez mais entraves aos países emissores de emigrantes como a Bolívia, o Equador ou a República Dominicana.
Como explica isso? Porque há uma clara hipocrisia na Europa. Por um lado fecha as portas, mas por outro lado deixa janelas abertas e permite a entrada de imigrantes. O que acontece é que convém-lhes ter "sem papéis" para não lhes pagarem os salários justos e quando já estão doentes ou cansados processa-se a sua expulsão, sem considerar que também eles pagaram impostos de maneira directa ou indirecta e que não desfrutaram da sociedade rica, porque o seu salário e horários de trabalho não o permitiram.
Pensa que os europeus estão tornando-se xenófobos? Conheço os Estados Unidos e vinte países da Europa e, pessoalmente, posso dividir a Europa em dois: os seus cidadãos e os seus governos. Há pessoas abertas aos estrangeiros, casamentos interculturais, jovens "alternativos", apadrinhamentos e adopções, viagens de turismo ou culturais e o desejo de um mundo justo e diferente. Em contrapartida, a maioria da Europa é governada pela direita e por dirigentes que utilizam discursos xenófobos para deitar a culpa no recém-chegado. Como há tantos idosos na Europa, são eles que votam contra a imigração. Mas também há jovens hipócritas que dizem apoiar a imigração, mas também votam contra. A xenofobia é também uma desculpa política para justificar a ineficácia dos modelos económicos. Também existe corrupção na Europa, mas os seus responsáveis preferem dizer que o ladrão é aquele que é de fora e não de dentro.
Acha que o que aconteceu no ano passado em França, com a revolta dos imigrantes pela morte de dois jovens no subúrbio de Paris, poderá acontecer em Espanha com os imigrantes latino-americanos ou em Portugal com os imigrantes africanos ou brasileiros? Os governantes de Espanha estão fazendo uma acção preventiva ao apoiar económica e institucionalmente a integração dos imigrantes. Mas isso não é suficiente, porque não se sensibilizou a sociedade espanhola para o desafio da imigração e esta segue sendo um problema. Falta um maior esforço para se chegar a essa compreensão e os meios de comunicação social são muito importantes. Além disso, é importante a mensagem de "resignação" ou de "tolerância" frente aos fluxos migratórios para se chegar a um sincero compromisso de protagonizar um século XXI diferente dos anteriores. Os imigrantes latinos e brasileiros são pessoas capazes, inteligentes e decididos a participar nessa mudança. Creio que não recorrem à violência para defender os seus direitos, mas também não ficam indiferentes perante as injustiças. As represálias históricas podem ser muito duras. Lembro-me de quando estive na Bolívia e encontrei um compatriota que me disse que na Europa foi muito maltratado e que se visse um europeu passeando nas ruas de La Paz o agarraria e bateria. Não se pode esquecer que se a Europa hoje é anfitriã, amanhã pode ser visitante e é melhor construir amizades e não inimizades.
Quais são para si as boas e as más políticas de imigração em prática na Europa? As políticas repressivas, discriminatórias e violadoras dos direitos humanos são as piores e cada vez se aplicam com maior dureza. Um agente de migração ou um polícia deveria entender que por detrás de um imigrante há dez pessoas que esperam que este lhes envie dinheiro. Também deveria saber que nem todos querem ficar para sempre na Europa ou nos Estados Unidos. Normalmente, vão por um certo período de tempo, na esperança de ganhar dinheiro e poderem voltar para a sua pátria, para junto dos seus familiares. Uma boa política é aquela que vai mais além da cor da pele ou do passaporte. Nas minhas conferências na Europa não só falo de "fuga de cérebros", mas também de "morte de cérebros", pela escassa valorização dos imigrantes como profissionais ou como seres humanos. Deve-se, portanto, ir ao encontro da integração familiar e não permitir que por causa das leis um casal passe anos sem se encontrar. Uma política migratória deve partir do conhecimento da dor e sofrimento dos migrantes europeus que há décadas viajaram até aos nossos países.
Actualmente, quais são os países mais receptores de imigrantes? E por que motivos? Com ou sem visa, os países mais receptores são os Estados Unidos e Espanha, sem esquecer o Canadá e a Austrália. Na América Latina a migração varia e altera segundo a sua situação social e política. Sem dúvida, há sobretudo razões económicas para emigrar, mas também inclui-se o desejo de muitos de viajar somente para terem experiências interculturais. Destaca-se ainda o facto de que as viagens custam cada vez menos dinheiro e isso facilita a mobilidade. Mas a "indústria do medo" procura evitar que sejamos hospitaleiros.
Quais são as nacionalidades da maior parte dos imigrantes que vivem na Europa? Entre os latinos estão os equatorianos, os colombianos, os peruanos e agora os bolivianos. O que os latinos devem fazer é que se respeitem os nossos valores e que não nos tomem de forma automática como empregadas de limpeza ou empregados de construção civil. Temos muito para oferecer a um mundo que ainda não encontra as respostas mais adequadas.
Maria João Araújo
17 de Dezembro de 2006