Depois de ver e ouvir Paulo Rangel, em Madrid, no comício do PP da campanha para as últimas eleições legislativas, julguei que nenhum outro português descesse ali tão baixo nos ataques ao primeiro-ministro de Espanha. Mas faltava ver André Ventura num comício do VOX onde Charlie Kirk, célebre ativista da extrema-direita recentemente assassinado nos EUA, foi considerado o exemplo para a direita extremista que o VOX e o Chega representam. André Ventura, o pequeno führer lusitano procura ser um avatar do Adolfo Hitler e tem nos gestos e nas palavras o mesmo ódio, desejo de vingança e desvario a que só a falta de um poderoso exército atenua o perigo. Elogiou a “caçada a imigrantes”, em Espanha, com o mesmo entusiasmo com que Hitler promoveu a caçada a judeus, na Alemanha. Congratulou-se com a perseguição violenta aos imigrantes e não hesitou em agradecer essa violência, neste verão, em Múrcia. Indiferente ao crime de ódio, gritou: “Por isso quero dizer-vos, aqui em Espanha, sabendo q...
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Não é um texto com uma estratégia política. Assemelha-se a um texto de memórias ou, se quisermos, uma resenha histórica desde a resistência até à recente crise político-militar. Contêm muitas acusações, muitas auto-críticas (de Xanana) e, infelizmente, escassas propostas estratégicas para solucionar a crise num enquadramento democrático. Isto é, em conformidade com a constituição em vigor.
Do texto depreende-se que saída de Xanana da direcção da Fretilin deu origem a um emaranhado de projectos políticos pesoais, ou de grupo, deficitários da necessária transparência democrática, ou ao que parece, embuídos do mais puro golpismo.
Golpismo esse que, para vingar, preconiza a guerra ou a "explosão" de Timor.
Xanana evoca a constituição (correctamente) mas quem lê atentamente o seu texto fica assoberbado de dúvidas se, de facto, neste momento as instituições têm capacidade de funcionar.
O texto de Xanana sendo um longo historial da luta, da resistência e dos primeiros tempos da independência, não prevê cenários realistas para o futuro. Reivindica um novo Congresso da Fretilin limpo das anomalias do último. Nada garante que o resultado desse novo Congresso não seja idêntico e, depois do texto de Xanana, o ambiente político fique ainda mais crispado.
Xanana, no actual apelo à pacificação - como lhe compete nas funções que desempenha - não pode ameaçar que de novo vai "vestir a farda". É, com certeza, uma imagem, mas uma infeliz imagem.
O texto ignora qualquer tipo de intervenção, na actual crise, da Austrália. Ninguém acredita que isso não se tenha passado. Esta omissão compromete, amputa, a análise de Xanana.
Assim, está longe o fim desta crise - se ficarmos (como devemos) - balizados pelo edificio constitucional vigente.
Golpes palacianos, ou soluções musculadas anti-democráticas promovidas pela Fretilin ou, eventualmente outras, apoiadas pela Austrália obtêm, cada dia que passa, mais espaço de manobra no panorama político timorense.
Neste momento, é cada vez mais evidente que a nação timorense, o frágil edifício democrático e a preservação da independência passa por uma melindrosa resolução político-militar do Conselho de Segurança que, inclua a tutela (por tempo alargado) da ONU. Com as actuais forças de intervenção (Austrália, a Malásia e Portugal) a darem lugar a um corpo militar (capacetes azuis) e a um staff político directamente dependente do Secretário-geral da ONU.
Uma tutela da ONU que assegure a Paz social, enfrente (desarmando)os grupos armados e propocione um amplo espaço democrático capaz de corrigir os inúmeros desvios que o texto de Xanana aflora e denuncia.
E eventualmento outros.
Esta tutela internnacional é um grave constragimento ao exercício democrático mas, em meu entender, a melhor maneira de salvar a independência de Timor, preservar as identidades nacionais e, finalmente, capacitar o País para defender os seus interesses, na via do desenvolvimento e do combate à pobreza, onde o problema dos recursos petroliferos não pode ser ocultado (como é no texto de Xanana).
Para essa intervenção da ONU, preconizo forças e uma equipa política com grande clarividência, experiência, diplomacia e muita determinação.
Saudosamente, lembro-me de Sérgio Vieira de Melo.
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http://causa-nossa.blogspot.com/2006/06/presidente-no-se-demita-demita-o.html