Os EUA e a democracia
Não está em causa a Constituição dos EUA que honra a liberdade e acolhe os mais belos princípios democráticos.
Não se duvida dos princípios morais que a maioria do povo americano perfilha nem da generosidade de que dá provas a socorrer povos que as tragédias naturais atingem.
Duvida-se, com razão, do extremista que dirige a Casa Branca, do Governador que mais sentenças de morte assinou, do presidente que mais vezes atropelou a verdade, o direito e a razão, invocando a cada momento o nome de Deus e solicitando orações.
Três prisioneiros de Guantánamo suicidaram-se (ou suicidaram-nos). A sinistra prisão, mantida à margem do direito internacional, sem respeito pelos mais elementares direitos humanos, converteu esse inferno num símbolo de horror e vergonha da civilização.
Os suicídios não atingem apenas os EUA mas todas as democracias cuja superioridade moral devia ser exemplo para os povos submetidos ao fascismo islâmico. Perde-se, com o comportamento do evangelista Bush, a razão que assiste às democracias na defesa dos seus valores e modo de vida.
Um presidente – o mais poderoso do mundo –, que defende a pena de morte, que pratica a tortura, que pede orações na cruzada (o termo é dele) contra os infiéis, que derruba os ditadores de que não gosta e protege os que lhe agradam, não pode merecer o apoio e a solidariedade dos democratas e defensores dos direitos humanos.
Bush prejudica mais a democracia do que os dementes que querem impor os princípios do Corão. E nós não apreciamos a decapitação, a lapidação, a amputação de membros, a excisão feminina, a discriminação da mulher e a violência clerical.
Bush foi a sorte grande que saiu aos extremistas de todos os quadrantes e a desgraça que se abateu sobre o mundo civilizado.
Comentários
É o início da reorganização à volta da Partido Republicano com vista às próximas eleições presidenciais nos EUA.
Todos sabemos o perigo que representa uma eventual vitória dos republicanos. É contra essa eventualidade que nos devemos mobilizar.
O contributo europeu (e, portanto, o nosso)passa pela denúncia das
barbaridades políticas e humanitárias da administração Bush e para as suas consequências para o Mundo onde todos vivemos.
Daí a legitimidade das "campanhas" anti-Bush, ou mais consequentemente, contra os lobbys militares e petrolíferos que gravitam e inflenciam o partido republicano.
Oportuno manter a pressão, Carlos Esperança.
Um país que mantém há anos, em Guantanamo, um gulag com 450 prisioneiros, sem cuidados médicos, sem acesso a juristas, sem informação, sem processos legais justos, despreza os direitos humanos mais elementares, e a seu tempo pagará por isso.
Num universo que o próprio New York Times define como um "mundo subterrâneo, carregado de desespero", conseguem suicidar-se três prisioneiros. E a propósito Harry Harris, que dirige o campo de concentração, afirma: "Não se trata dum gesto de desespero, mas dum acto de guerra assimétrica contra nós".
"Eles são matreiros, criativos e determinados. Não têm qualquer respeito pela vida, sejam as nossas ou as deles".
Quem disse que as paranóias de Stalin e de Béria, de Hitler e outros que tais, são coisas do passado?