Imprensa vigiada
Os autarcas que guardam a foz do rio Douro toleram a liberdade de imprensa mas sem exageros.
Luís Filipe Meneses – Os 150 mil euros de publicidade camarária, destinados aos jornais regionais, têm como contrapartida o compromisso de praticarem uma informação que assegure «a promoção» do concelho e «os interesses da respectiva população».
Quem, melhor do que o edil de Gaia, poderá julgar com isenção e rigor o cumprimento dos contratos assinados com a imprensa?
Rui Rio – O presidente da Câmara do Porto decidiu que as entidades subsidiadas pela CMP ficam proibidas de criticar a autarquia. A Comissão Promotora do 25 de Abril já sentiu o peso das regras aprovadas pela maioria PSD e a Fundação Eugénio de Andrade já sabe que os 15 mil euros que foram aprovados estão dependentes da aceitação prévia das novas regras.
As exigências referidas são uma manifestação de prepotência, pusilanimidade e débil formação democrática que julgávamos exclusivas da Madeira. Espera-se que uma eventual cheia no rio Douro não faça transbordar a iniquidade para outros municípios.
Declaração de interesse – Como é sabido, o meu posicionamento ideológico situa-se à esquerda do PSD, partido dos referidos autarcas. Espero, no entanto, que este exemplo sirva de vacina para alguma vocação censória que desperte na área do PS ou à sua esquerda.
Comentários
É o mercado...
A direita portuguesa (penso que em todo o Mundo...) tem uma semântica deturpadora do sentido e significado das palavras e, o que é pior, uma acção assente nessa retórica, que na prárica acaba por se revelar atentatória das liberdades.
Em vez de consideraram as liberdades cívicas (exercidas conscientemente e de modo responsável) valores fundamentais da condição humana, indispensáveis ao progresso e à sua realização, condicionam-na aos mais diversificados interesses.
As liberdades (de expressão, de imprensa, de associação, etc,) devem ficar (ser) imunes aos múltiplos interesses (na maior parte das vezes oportunistas ou circunstanciais). Por isso, no comemtário anterior, incluí a postura do Dr. Rui Rio nas estratégias de mercado (dos interesses políticos).
Eu entro com o "cacau" e tu não "bufas"! Para já trata-se da compra do silêncio. No futuro quem for apoiado (parece que a Câmara não têm esse dever) poderá ser obrigado a elogiar...
Todavia, as liberdades são (têm de continuar a ser) valores e esteios da actual civilização independentemente dos poderes.
Para usar uma concepção actualmente na moda ( uma das almofadas do neo-liberalismo) as liberdades funcionam como "entidades reguladoras" dos poderes e do modo como são exercidos.
É neste contexto que o sr.Rui Rio pretende, na apreciação da actividade da Câmara do Porto, travestir um grave atentato à liberdade, como um dever de "cortesia".
O Dr. Rio tem uma formação saxónica porque, se fosse latino, saberia que as cortesias são rituais das touradas!
E mesmo aí o touro não escapa aos ferros.
Convido-o a investigar a história da ANTENA MINHO e do CORREIO DO MINHO.... E a averiguar da sua parcialidade...