Notas soltas: Junho/2006

Timor – A presença da GNR, sem submissão a forças australianas, honra o actual Governo que, salvo em missões da ONU, preserva a autonomia dos seus militares.

Austrália – As tropas comportam-se como exército de ocupação. Os interesses do petróleo não são alheios à ingerência nos assuntos internos de Timor e a ambição de transformar o jovem país num protectorado é um desejo que a ONU não pode consentir.

PSD – O projecto de resolução que visava a instituição de um «dia nacional do cão», subscrito pelo líder parlamentar, Luís Marques Guedes, foi um fracasso tão grande que comprometeu novas aventuras zoológicas no calendário legislativo.

Afeganistão – Cinco anos após a invasão e remoção dos talibãs do poder, a fé e a papoila florescem, enquanto o presidente Hamid Karzai se encontra cada vez mais frágil e os talibãs recuperam influência e semeiam o caos.

Iraque – A cabeça de Al-Zarqawi, chefe da Al-Qaeda no país que foi de Saddam, foi o magro trofeu de Bush após a invasão que agravou todos os problemas sem levar uma única solução.

Espanha – As negociações com a ETA, apesar dos mortos que carrega, são uma esperança. A decisão de Zapatero, histórica e arriscada, merece sucesso. A paz que se espera deixa a direita inquieta porque, do resultado, depende o seu futuro político.

França – Se Ségolène Royal vier a liderar o Partido Socialista e for a primeira mulher a presidir à República, introduz uma nota de frescura e modernidade, onde os partidos não resistem à esclerose que os mina e desacredita.

10 de Junho – Foi a primeira vez, em democracia, que a celebração da data trouxe o regresso de um desfile militar, a que o Presidente da República passou revista. Quem se lembra do «Dia da Raça» foi obrigado a recordar Américo Tomás.

Guantánamo – O suicídio de três prisioneiros (ou foram suicidados?) e a rejeição de um inquérito independente, pelos EUA, avolumam as suspeitas sobre as atrocidades da administração Bush e fornecem argumentos ao terrorismo islâmico.

Casa do Gaiato – O responsável máximo, P.e Acílio Fernandes, esbofeteou uma criança de 5 anos enquanto negava a existência de maus-tratos à comunicação social. Uma condenação anterior e tamanha instabilidade provam a inaptidão para as funções.

Carlos Coelho – O euro-deputado, eleito pelo PSD, não se conformou com os voos ilegais dos EUA a sobrevoar o espaço europeu com prisioneiros a bordo. Tornou-se referência pela coragem, dignidade e solidez dos princípios democráticos.

Catalunha – O Estatuto da Autonomia, sufragado por 74% dos votos expressos, é uma derrota do PP, a segunda morte de Franco e o fim de uma certa Espanha cuja agonia Aznar/Rajov e numerosos clérigos ameaçam prolongar.

Xanana Gusmão – Violou a Constituição e impediu o Governo eleito de cumprir a legislatura. Criou o perigoso precedente de alterar na rua o resultado de eleições livres numa democracia onde o país não está consolidado. Os heróis também se abatem.

Protocolo – É tão desajustado distinguir o clero, em cerimónias do Estado, como os políticos nas cerimónias litúrgicas. A separação Igreja/Estado evita a promiscuidade que beneficiou a ditadura salazarista e arrasou o prestígio da Igreja católica.

CDS – Ao propor um lugar para o Sr. Duarte Pio, no protocolo do Estado, ignora que a República se firmou contra a Monarquia e que recusa cargos hereditários e o poder que não resulta de eleições livres.

Filipinas – A abolição da pena de morte é mais uma vitória da civilização sobre a barbárie e do humanismo sobre a tradição. A decisão, que enobrece o país, dignifica o direito e prestigia os cidadãos.

Itália – A rejeição da reforma da Constituição, proposta por Berlusconi, por 61,6%, derrotou o exótico político e constituiu um esmagador repúdio da Liga Norte, movimento populista e secessionista que apoiou entusiasticamente o referendo.

Viseu – O presidente da Câmara, Fernando Ruas, na sequência da multa passada pelos serviços do ambiente a uma Junta de Freguesia, incitou a população a apedrejar os funcionários do ministério. Um caso de polícia ou de psiquiatria?

Marques Mendes – O regresso de Santana Lopes à A. R., o dislate de Fernando Ruas e a solidariedade logo manifestada pelo inefável Alberto João Jardim, colocam o presidente do PSD numa situação difícil de que o silêncio é sintomático indício.

Freitas do Amaral – A saída do Governo, por motivos de saúde, interrompe uma das mais sólidas e respeitadas carreiras políticas de uma figura ímpar da República que foi estimado e odiado, em momentos diferentes, por quase todos os portugueses.

Comentários

Anónimo disse…
Ao recusar submeter a GNR ao comando australiano, Freitas tomou uma decisão responsável, avisada e patriótica.
Em tempo, deixei aqui, sobre esse facto, um comentário com alguma insensatez e muita ignorância. O homem estaria a pôr-se em tamanquinhas nacionalistas.
Afinal era eu que estava armado em parvo. Mas só caminhando é que se abre caminho.
Anónimo disse…
As razões de saúde de Freitas do Amaral serão indiscutíveis.
Mas não é possível apagar a suspeita de que há por aí mão do 'amigo americano'. E divergências nos corredores.
A seu tempo, quando já não for importante sabê-lo, talvez se tirem as dúvidas.
Anónimo disse…
Um comentário sobre o assunto - Espanha:

A direita espanhola (nomeadamente o PP)aposta agora em criar um novo "espantalho" no processo de conversações que vai (contra a sua vontade) decorrer no País Basco.
Fazem (tentam) passar a ideia que a ETA ganhou e, como corrolário, os espanhóis perderam...
Este tipo de contabilidade de mercieiro em questões políticas é, desde logo, aviltante para quem a produz. Não se trata de um jogo (ao ganha ou perde)mas da tentativa de resolução de um problema de nacionalidades dentro de um Estado que se arrasta há longos anos, com violência e, obviamente, perda de vidas. Logo, neste contexto, todo o tipo de contabilidade que se venha a invocar é, no mínimo, mesquinha.
Mas a direita é isso mesmo.
Na verdade, para quem tem honestidade no avaliar situações políticas, o "cessar fogo permanente" decidido pela ETA é uma viragem política de 180º. e significa a queda das concepções baseadas na violência para conseguir um estatuto de independência do País Basco. Neste momento qualquer observador atento tem a limpida noção que a viragem política significa que a ETA trocou o objectivo da indepencia, através do separação do Estado espanhol, por uma ampla autonomia no seio da Espanha. Isto, não é uma vitória mas a derrota da linha dura (independentista) da ETA. Nesta decisão que terá sido dificil de obter no seio da ETA, em minha opinião, muito deve ter pesado o trajecto e os resultados obtidos nas negociações e posterior aprovação do estatuto da Catalunha. E a direita compreendeu isto e, prontamente inciou manobras de diversão (juridico-constitucionais) que visam a paralisia (os mais radicais - a anulação) do recente referendo realizado na Catalunha.
A direita também pôs em marcha a sua capacidade de influenciar o poder judicial. Neste momento, na Audiencia Nacional, o juiz encarregue das investigações sobre o financiamento da ETA, convoca para prestarem declarações lideres do PNV (partido nacionalista basco) homens como o histórico Xabier Arzalluz (respeitadíssimo em Navarra) e o actual dirigente Gorka Aguirre. Todos sabemos que o PNV é um partido político regional, com uma pratica nacionalista, dentro da legalidade democrática que, vigora em Espanha desde o desmonoramento do franquismo. Tem, portanto, legitimidade popular e, a partir daí, capacidade negocial. Outra questão é a participação nestas conversações do (ainda) ilegalizado Batasuna, mas ficará para outras núpcias...

Há muito mais a dizer sobre este intrincado assunto, nomeadamente sobre a determinação de Zapatero em agarrar a oportunidade histórica que se lhe oferece.
A direita espanhola, contudo, todos os dias levanta um novo "espantalho" para emperrar o processo de pacificação.
Anónimo disse…
Um comentário apenas ao patriotismo dos "bravos" que se encontram em Timor-Lestes (leia-se GNR)...

Portugal tem que ir devagarinho para Xanana não ser igualmente desbocado, como lhe chamam, não vá cair a desgraça e a vergonha sobre o Governo português...

Para bom entendedor meias palavras bastam.

Sigam os acontecimentos até ao seu final... ele já tinha dito coisas do género noutras ocasiões, até hoje ainda não falhou. Não desviem a macaquice de um Poder autoritário que aquele pessoal viveu demasiados anos sobre diversas alçadas e chegou onde chegou. Haverá que averiiguar o que se passou realmente e isso não é nada fácil.

Os interesses petrolíferos existem esteja ou não Timor-Leste ou outra zona do planete em paz ou em guerra. Lamenta-se é que um Governo tenah deixado que esta situação acontecesse.

A música ainda vai no adro.
Anónimo disse…
Se tiverem paciência e caso não tenham lido, aproveitem e leiam um discurso que arrepia muitas espinhas dorsais do Poder...
A mensagem de Xanana Gusmão do passado dia 22 de Junho:


Povo Amado e Sofredor aos 
Líderes e Membros da FRETILIN


Eu peço licença aos companheiros para tecer algumas palavras acerca da FRETILIN, porque conheço a FRETILIN melhor do que alguns delegados ou todos aqueles que estiveram no congresso há pouco realizado, sabendo apenas levantar a mão porque receiam perder o emprego, para alimentar a mulher e os filhos, porque recebem dinheiro por trás (eu sei de uma pessoa que recebeu cem mil dólares para comprar todos os Delegados, não se sabe se distribuiu bem ou … deu cinco mil, cinco mil para os delegados, e meteu esse dinheiro no seu bolso). Porém não importa, não se sabe até onde pode enriquecer, isto é um assunto privado, por isso não é um problema do povo, porque esse dinheiro é do partido.
Queridos
Antigamente eu era membro do Comité Central da FRETILIN, até à minha saída em 1986. Se não fosse a crise e a violência que surgiram depois do Congresso da FRETILIN, na qualidade de Presidente da República, eu tenho que velar para a vida das instituições democráticas, eu tenho que criticar duramente o Congresso que decorreu nos dias 17 a 19 de Maio passado. Este Congresso viola a alínea c), do artigo 18º, Lei nº 3/2004, acerca dos Partidos Políticos, que diz o seguinte: os titulares (aqueles que desempenham funções), dos órgãos directivos (dos partidos), todos, têm de ser eleitos, por voto directo e secreto pelos militantes para que sejam representativos dos militantes. O artigo 46º da Constituição da RDTL, no seu nº 3, afirma o seguinte: “a constituição e a organização dos partidos políticos são reguladas por lei”. Essa lei é a Lei nº 3/2004.
Nenhuma lei que surja no nosso País, pode violar a constituição. Todas as organizações são reguladas pela lei, não podem violar esta lei. Isto é um princípio elementar do Direito, e o Governo que tem muitos doutores e doutoras que fizeram a lei, depois violam a lei de acordo com os seus interesses.
Como eles é que sabem tudo, neste cantinho da terra toda a gente é ‘supermi’, o Congresso da FRETLIN, realizado há pouco tempo, pode violar a lei que eles próprios fizeram, com a maioria no Parlamento e com os intelectuais todos no Governo que escreveram esta lei, para anular o sistema de voto secreto, para o voto de braço no ar, levando todo o povo a rir e a ficar triste, para a comédia que o grande e histórico partido fez para registar na nossa história futura. (Porque se é para ficar registada na história, eu também baptizo GMT- Gedung Matahari Terbit [Casa do nascer do Sol] para GAT- Geddung Angkat Tangan [Edifício do Braço no Ar], para que não exista mais nenhum partido na nossa terra, para brincar com o povo, para violar aquelas leis que os políticos escreveram e aprovaram).
Queridos
A FRETILIN, é um partido histórico como todos nós sabemos. No dia 20 de Maio de 1974, surgiu a ASDT (Associação Social-Democrática de Timor), com a influência de alguns estudantes universitários timorenses que estavam a estudar em Portugal nessa altura, onde se inclui Abílio Araújo, e criaram no dia 11 de Setembro daquele ano a ASDT/FRETILIN, mais tarde transformado em FRETILIN. Esses jovens universitários introduziram uma orientação revolucionária, que aprenderam no tempo colonial fascista de Salazar e Marcelo Caetano.
E todos nós podemos constatar: FRETILIN, significa Frente Revolucionária. Em Maio de 1977, em Laline, na reunião do Comité Central de FRETILIN, foi adoptada a ideologia marxista-leninista. Eu também participei como membro do Comité Central. Alguns companheiros que ainda estão vivos também participaram como membros do Comité Central, como Abel Ximenes Larisina, Filomeno Paixão, Feliciano de Fátima e Ma Huno.
Porém eu quero dizer-vos que em 1975, Timor era muito atrasado mas a tecnologia sofreu grandes avanços nos últimos tempos, tornando o mundo mais pequeno. Eu acredito plenamente que se Nicolau Lobato, Sahe, Carvarino, Hamis Bassarewa, César Mau-Laka, Hélio Pina e Inácio Fonseca e outros, tivessem sobrevivido até 2006, até à era pós-guerra fria, era da globalização, era da tecnologia, todos eles concluiriam que para o Timor que tanto amavam, dando as suas vidas, a antiga ideologia não serve.
Hoje, um pequeno grupo, vindo do exterior, quer repetir os comportamentos que nós tivemos de 1975 até 1978.
De acordo com o que todos nós sabemos, em Agosto de 1975, a UDT fez o golpe para expulsar os comunistas da nossa terra, iniciando a guerra entre os timorenses. Em 2006, a FRETILIN quer fazer um golpe para matar a democracia que eles próprios escreveram na Constituição. O problema da distribuição das armas não tem a ver com a situação que estamos a viver, já estava nos seus planos, distribuíram para as eleições de 2007. Por isso é que estamos sempre a ouvir eles dizerem: só a FRETILIN pode criar a estabilidade ou a instabilidade.
Quando as bases de apoio se desintegraram em 1978, os companheiros da Ponta Leste e com este servo, tentaram organizar-se para procurar os companheiros dos outros sectores para encontrarem-se com os companheiros de Bazartete e Liquiça, Same e Ainaro. Se não acreditarem, perguntem aos companheiros veteranos que estão na F-FDTL, para não dizerem que eu inventei, para minha vaidade pessoal como algumas pessoas que eu conheço que entraram na FRETILIN, que nos olham de lado, como se fossem eles os únicos a fazerem a guerra.
Queridos companheiros
Membros da FRETILIN
Em Março de 1981, na Conferência de Laline, reorganizou-se a resistência, e conforme nós costumamos dizer, passou-se para a fase da guerrilha. Tal como a crise que estamos agora a viver, no Conselho de Estado ficou decidido definir os problemas prioritários, uma vez que não temos força para resolver todas as coisas de uma só vez; assim, em 1981, a nossa primeira prioridade foi a reorganização.
Por isso, nós também, em 1981, agarrámos novamente na orientação “ideológica” que recebemos dos nossos intelectuais e chefes. Em 1983, durante o período de cessar-fogo com o “TNI”, de Março até Agosto, começámos a falar sobre democracia. Por isso, em 1984, para corrigir os erros do EMG-FALINTIL, na região central, apareceu o “CC Hudi Laran” que não quis aceitar a mudança política que nós vimos ser a melhor para o nosso processo de resistência. Acerca disso, muitos companheiros que ainda estão vivos podem contar melhor com floreados, senão podem pensar que eu é que quero mostrar-me como se eu fosse o único a escrever a nossa história.
Eu comecei a enviar cartas para o exterior para a DFSE (Delegação da FRETILIN em Serviço no Exterior) – podem perguntar ao Sr. Abílio Araújo que nós escolhemos em Março de 1981 como Presidente da FRETILIN e, de acordo com os estatutos do partido, Presidente da RDTL.
Eu também disse para o exterior que no interior do território a Unidade Nacional já estava segura desde Tutuala até à fronteira passando por Oecussi e Jaco, que a igreja também se juntou, que as pessoas dos outros partidos também participavam na resistência. Por isso, eu escrevi aos companheiros no exterior para se sentarem com a UDT para se reconciliarem.
No exterior, em Portugal, em Moçambique e também na Austrália, talvez a “INTEL” também vigiava os timorenses lá fora, não se mexiam como se os espias os seguissem, como se fossem as suas sombras e por causa disso demoraram tanto tempo para erguerem a “Convergência Nacionalista” onde surgiram vários problemas – podem perguntar aos elementos da FRETILIN no exterior, ao Sr. João Carrascalão e ao Sr. Vicente Guterres. Eu cito o nome deles só para dizer que, se pensam que eu minto, peçam-lhes para vos informar.
Porém que o vento leve estas palavras até aos irmãos que estão lá fora, que os Gadapaski [Jovens Guardas em Defesa da Integração] estão no nosso território, castigam os jovens até ficarem bem moídos. Assim, em Moçambique, Rogério tentou adquirir pengalaman [experiência] para se matarem uns aos outros e Ramos-Horta ficou preso. Naquele tempo, o Presidente Chissano, ainda como Ministro dos Negócios Estrangeiros, é que foi libertá-lo. Se acharem que estou a mentir, perguntem-lhes porque eles é que estavam em paz para estudarem, para serem doutores, durante 24 anos em Moçambique.
Feita a Convergência Nacionalista em Lisboa, no mato eu estava muito feliz, pelos passos dados em frente. Em Dezembro de 1986, eu criei o Conselho Nacional da Resistência Maubere, deixei a FRETILIN, porque sendo comandante das FALINTI ASWAIN eu tinha que pôr as FALINTIL fora do Partido.
Assim as FALINTIL como força de libertação de todo o povo, de todos os partidos, de toda a população, Loromuno, Lorosae, Tacifeto, Tacimane, prolongando Ramelau até Matebian.
Eu disse para os que estavam no exterior, que como comandante das FALINTIL, eu é que comandava a luta. Também continuava a ter o meu respeito pela FRETILIN, com os membros do Comité Central, que estavam comigo no mato integrados no CNRM.
Lu-Olo, disse que durante os 24 anos, transportava a bandeira da FRETILIN no seu saco; talvez fosse verdade, porém eu nunca vi. Quando eu andava como membro do Comité Central da FRETILIN, fui até o centro do país para organizar de novo a resistência, eu lembro-me que ele, Lu-Olo, estava escondido em Builó. Talvez estivesse a tecer o saco para guardar a bandeira da FRETILIN. Lu-Olo diz também que quem abandonou a FRETILIN é traidor e não tem história. Palavras ocas sem sentido, porque se é traidor, eu sou o primeiro traidor, eu sou o maior traidor deste povo e desta terra. Deixei a FRETILIN para libertar a nossa terra e todo o nosso povo. Porque eu não matei a FRETILIN e continuo a respeitar a FRETILIN, assim Lu-Olo pode ser Presidente para ser o sábio que levanta primeiro o cartão no Parlamento Nacional, para a maioria seguir, votando contra ou a favor. Se eu me sentisse como traidor sem história, para regressar à FRETILIN, Lu-Olo nunca chegaria a ser Presidente da FRETILIN alguma vez.


Companheiros
Membros da FRETILIN
Como eu disse atrás houve um grande protesto vindo do exterior, dizendo que eu estava a matar a FRETILIN. Abílio Araújo escreveu aos companheiros da FRETILIN para se reorganizarem. Nós reunimo-nos. Ma Huno, Mau Hodu, Konis Santana, como membros do Comité Central da FRETILIN e eu, decidimos despromover o Abílio Araújo, porque durante a guerra, nós não podíamos receber ordens do exterior, porque no exterior eles é que tinham que seguir orientações do interior.
Porque no mato, recebíamos jornais de Portugal, diversas informações, também ouvíamos rádio e sabíamos que eles no exterior, no seio da própria FRETILIN, não se davam bem, não estavam unidos. Perguntem ao José Luís Guterres, Ramos-Horta e Abílio Araújo, se estas coisas que eu digo são verdadeiras.
Nós vemos que em vez de colocar os seus pensamentos no sofrimento do povo, eles comiam-se uns aos outros para se apoderar da cadeira do Presidente da FRETILIN e depois tentar comandar a luta do exterior. Porque no mato não havia ninguém em busca de cadeiras, apenas procuravam servir para levar a luta para frente, eles os três disseram-me que nenhum deles queria ser Presidente da FRETILIN. Assim, nós decidimos criar a CDF (Comissão Directiva da FRETILIN) para evitar que os intelectuais, no exterior, entrassem em conflito para serem Presidente da FRETILIN. Se os companheiros não acreditarem, perguntem ao Lu-Olo, naquele momento, onde estava ele? Se ele estava naquela reunião ele pode confirmar se eu estou a mentir, que estas coisas estão a ser inventadas por mim, porque não estão correctas.
Perguntem ao Lu-Olo, porque é que mais tarde, tomou ele sozinho a Comissão Directiva da FRETILIN no mato. Não é porque Ma Huno e Mau Hodu foram capturados e Konis morreu? Neste mundo, algumas pessoas esquecem rapidamente os mortos que lutaram pela independência, pior do que isso, cospem para cima das suas campas.
No mato nós também lemos as acusações vindas da Amnistia Internacional e de organizações de direitos humanos, de que a FRETILIN também cometeu crimes. Eu mandei uma mensagem para o exterior, reconhecendo que FRETILIN matou pessoas, devido a problemas ideológicos, estava arrependida por isso. No exterior, todos ficaram zangados comigo, Abílio Araújo declarou de imediato que não, e que as coisas que eu disse eram mentira.
A partir daí, eu também cortei as relações com eles porque era através desses relatórios e informações que eu lhes enviava, que eles falavam para o mundo. Até 1989, eu enviei as informações e relatórios para a CDPM (Comissão para os Direitos do Povo Maubere) para utilização dos amigos portugueses.
Companheiros
Companheiros membros da FRETILIN
Em 1989, eu estava em Ainaro, recebi uma carta do Rogério Lobato acusando os outros no exterior, de que não faziam nada, dizendo que a luta estava acabada, e que todos tinham de se submeter à justiça popular. Rogério informou-me nessa carta, que Mari Alkatiri criava coelhos e galos em Maputo.
Eu recebi, em 1990, uma carta de José Ramos-Horta oferecendo-se para ser meu Representante Especial lá fora. Eu estava escondido em Becora e escrevi-lhe dizendo que concordava, mas tinha de seguir os princípios e as orientações políticas do CNRM, também seguindo as minhas palavras. Ele respondeu-me, dizendo que também saiu da FRETILIN para servir a luta. Se os companheiros não acreditarem, perguntem ao Ramos-Horta.
Em 1991, em Novembro, em Santa Cruz, alguns companheiros puxavam mais pela FRETILIN. Eu respeito o vosso sofrimento mas não podem atirar o pensamento e as acções dos outros para a lama. Assim, nós não temos honestidade política. Não podemos nomear apenas a bandeira da FRETILIN, porque eu também dei orientações para levarem as bandeiras da UDT e de Portugal, seguindo a resolução da ONU, Portugal continuava a ser a “potência administrante”.
A manifestação era para pedir a solução pacífica, sob a égide das Nações Unidas e a participação de Portugal e dos partidos políticos. Pedi com veemência que não podiam dizer que era uma iniciativa da FRETILIN, que não era, porque havia um comando da luta, do CNRM.
Em finais 1998, dei poderes ao Manuel Tilman, Padre Francisco Fernandes, Padre Domingos Maubere e o Padre Filomeno Jacob para irem a Portugal e ajudarem Ramos-Horta, a FRETILIN e a UDT, a organizar a conferência para alterar CNRM para CNRT, para reunir todos os timorenses no seu seio. Porque a UDT não aceitava a palavra Maubere e queria ‘T’ de timorense. Se não acreditarem, perguntem ao Sr. João Carrascalão e aos outros que estavam no exterior.
Queridos
Companheiros membros da FRETILIN
Em 1998, se eu não me engano, no período da Reformasi na Indonésia, eu mandei Mau Hodu a Sydney e escrevi à FRETILIN para se organizar como partido, para mostrarem a sua orientação político-ideológica. Foi sob o chapéu do CNRM e do CNRT que o Povo ganhou em Agosto de 1999. Isto é história, história da resistência, história do sofrimento, história de sangue. Hoje em dia, nós ouvimos que só a FRETILIN é que fez a luta. Não importa, vocês é que são os donos da luta, aceitamos, não deitem areia para os olhos do povo porque é todo o povo que vota e não apenas a FRETILIN.
Em Maio de 2000, a FRETILIN convidou-me a falar na sua Conferência, no GMT [Ginásio], neste momento rebaptizado GAT. Pedi três coisas à FRETILIN:
- primeiro, rever, reavaliar o caso de Xavier do Amaral, porque ele não é um traidor na nossa terra, apenas porque não aceitou a ideologia adoptada pelo Comité Central, em Laline, em Maio de 1977.
- segundo, para limparem o nome de todos os que a FRETILIN assassinou porque os considerava traidores, mas que não eram traidores, apenas não aceitavam a ideologia marxista-leninista, e para que as suas famílias possam estar descansadas.
- terceiro, que a FRETILIN pedisse desculpa ao Povo, sobretudo aos familiares das vítimas.
Naquela Conferência eu disse isto: “Como membro do Comité Central da FRETILIN, desde o início até meados da guerra, todas as coisas boas que a FRETILIN fez, eu também fiz parte, as coisas más que a FRETILIN, porventura, tenha feito, eu também tenho a minha responsabilidade. Não é por eu ter deixado a FRETILIN que lavo as minhas mãos.
Eu também pedi, caso a FRETILIN tomasse uma decisão política acerca destes pedidos, que eu próprio iria ter com o povo e pedir desculpa e explicar as razões e pedir às famílias para compreenderem os erros cometidos no passado.
Passados estes dias, convidaram-me para ir à festa da FRETILIN, dia 20 de Maio de 2000, no Estádio e, depois do discurso de Lu-Olo, eu perguntei-lhe e ao Mari acerca dos pedidos que fiz na Conferência. Eles responderam que tinham constituído uma comissão para tratar desses assuntos.
Em Agosto de 2000, no Congresso do CNRT, a FRETILIN isolou-se, saindo do CNRT. Nós permanecemos calmos, continuámos a trabalhar seguindo o processo político que a UNTAET delineava, até Junho de 2001, data em que foi dissolvido o CNRT, porque terminara a sua missão.
Em Janeiro de 2000, Ramos-Horta fez-me saber que era melhor falar com o Mari. Eu respondi que foi a FRETILIN que abriu a porta do CNRT para sair e que ninguém a fechou, pelo que se quiserem voltar que o fizessem. Mari veio falar comigo à sede do CNRT em Balide.
Ele disse-me que saíram porque estavam zangados comigo, porque eu deixei algumas pessoas falarem no Congresso rebaixando o nome da FRETILIN. Estas pessoas eram vítimas da violência política da FRETILIN no mato.
Eu respondi-lhe um pouco zangado: “Você esqueceu-se das três coisas que pedi na vossa Conferência em Maio. Limpar o nome das vítimas ou pedir desculpa ao Povo, não é rebaixar a FRETILIN mas concertar ou limpar o nome da FRETILIN”.
Eu disse-lhe também: “Você não tem razão para temer, porque o Sr. pode dizer ao Povo o seguinte: Eu, Mari, não tenho nenhuma razão para estar contente por causa das razões erradas que aconteceram dentro de Timor. Eu, Mari, em Maputo, sofrendo durante 14 anos, lavo as minhas mãos todos os dias com sabão. Eu, Mari, tenho as mãos limpas, se quiserem pedir, vão pedir a Xanana, as mãos dele é que estão sujas, as mãos dele é que estão ensanguentadas.”
Eu continuei a dizer: “Se o Sr. continuar a falar assim, eu aceito, e eu irei pedir desculpa ao Povo quando a FRETILIN tomar a decisão política acerca disso”.
No “Lapangan Pramuka”, agora designado “Campo da Democracia” todos os partidos políticos assinaram que iriam constituir um Governo de Unidade Nacional. Quando a FRETILIN ganhou afastou-se do compromisso político que aceitara. Se não queria aceitar, não necessitava de lá ir assinar, em vez de ir assinar e, no fim, virar as costas às palavras que tinham assumido.
Isto é tal e qual como na Constituição que eles fizeram, as leis que eles fizeram. Eles fizeram, viraram as costas, não cumpriram.

Povo que eu respeito
Membros da FRETILIN
Todos sabemos e reconhecemos que a Fretilin saiu vitoriosa em Agosto de 2001. Se falarmos como deve ser, com o devido respeito pelos Partidos da oposição, a maioria FRETILIN foi quem fez a Constituição da RDTL, definindo o Estado de Direito Democrático.
Num Estado de Direito Democrático, de acordo com a Constituição, as Forças Armadas e a Polícia devem ser apartidárias, não devem defender nenhum partido. Mas, o que testemunhámos até hoje, é que a Policia está sob o controlo do Governo, e para dar de comer a mulher e filhos, não tem coragem para dizer ‘não’, quando recebe ordens do Ministro do Interior, e algumas vezes do próprio Primeiro-Ministro.
No passado dia 2 de Junho, antes da reunião do Conselho Superior de Defesa e Segurança, o Brigadeiro Taur falou comigo e disse: “Presidente, eu disse ao Dr. Roque Rodrigues, o vosso maior erro foi tentarem submeter as F-FDTL à FRETILIN.” Naquele momento fiquei muito contente porque reencontrei-me com o meu Irmão que eu tinha perdido.
Os Serviços de Informação ou Inteligência, que se tornou na Inteligência do Partido, para escutarem a conversa do Presidente em Lospalos, e enviar ‘sms’ imediatamente ao Primeiro-Ministro, monitorarem as actividades dos Partidos da oposição e também enviarem ‘sms’ para o Primeiro-Ministro. Alguns jovens no Farol também viram algumas coisas. Enviaram ‘sms’ para o Primeiro- Ministro. Hoje em dia, porque não há trabalho, todos nós procuramos sobreviver. Se tivermos dinheiro, aproximamo-nos deles.
Toda a gente vê que isso está a acontecer no nosso país.
Há pouco tempo, numa reunião em Baucau, algumas pessoas diziam assim: “Xanana, ‘assim mesmo’, na guerra dividiu-nos. Finda a guerra continua a dividir-nos”. Compreendo o sentido da palavra “fahe” [dividir]. O seu sentido, para os políticos e os intelectuais, correctamente, todo o Povo tem de entrar para a FRETILIN, Polícia, FDTL, funcionários, ‘bisnis’ [negócio], suco, aldeia, búfalos, formigas, árvores, ervas, todas as coisas têm de entrar para a FRETILIN. Timor-Leste é a FRETILIN, FRETILIN é Timor-Leste. Não pode existir outra coisa, não podem existir outras pessoas. É isso que explica ‘Xanana divide Timor’, por isso, ‘Xanana tem que sair’. Como se dissesse que eu quero governar nos próximos 50 anos.
Encontrei-me com alguns, em 1991, em Díli, que me deram os parabéns porque defini uma estratégia política correcta em 1986, com a criação do CNRM. Hoje, encontraram uma cadeira no Governo, esperando ser amanhã, ou depois, ministro, e dizendo novamente que eu divido o Povo. 


Querido Povo martirizado
Por isso mesmo, depois do Congresso da Fretilin, no passado mês de Maio, muitos ou alguns delegados receberam armas. Os Administradores de Distrito e subdistrito também ouviram dizer que alguns receberam armas. Por isso mesmo, vemos na televisão, ouvimos na rádio, lemos nos jornais, os políticos e os sábios que detêm o controlo desde a ponta do ‘kuda talin’ [as rédeas do cavalo], dizerem repetidamente que: ‘Se Mari sair, haverá derramamento de sangue!’, ‘Se Mari sair, Timor explode’, ‘Se Mari sair, haverá guerra!’.
Talvez o Comandante seja Rogério. Os Membros do Comité Central viram-se Conselheiros Políticos, para a ideologia de ‘Ran Nakfakar’ [derramamento de sangue] e para a ideologia de ‘Timor rahun’ [Timor vai explodir]. O Vice-Presidente do Parlamento também já gosta de falar de ‘guerra’. Já tem muito dinheiro então tem de falar de ‘guerra’.
A História continua a evoluir, continua em movimento, e são os actos de todos nós que escrevem a história. Eurico Guterres, que todo o mundo conhece, acusado de ser assassino e outras acusações, ficou preso, nós todos pronunciamos o nome dele e todos nós o acusamos porque em Timor-Leste somos todos santos, somos todos heróis da Libertação, somos todos políticos governantes. Com efeito, é muito interessante !!!
Enquanto Eurico Guterres, no dia 26 de Maio passado, enviou um ‘sms’ pedindo aos nossos governantes para não fazer este povo sofrer tanto, os nossos governantes, alegremente, falam de ‘ran sei nakfakar’ [haverá derramamento de sangue], ‘Timor sei rahun’ [Timor há-de explodir], ‘ita sei funu’ [nós vamos à guerra].
A História avança, silenciosamente, continua em movimento, registando os nossos actos, os bons e os maus, os limpos e os sujos.
Ninguém poderá inventar a história, somos nós mesmos que estamos a fazer a nossa história, uma história triste que nos envergonha, e faz com que o povo sofra.
Eles talvez continuem a contar com as Falintil-FDTL. Mas com a prática deles, sujaram também o bom nome das F-FDTL. E eu acredito que as Falintil-FDTL, hoje, aguardam por mim, para nós podermos conversar. As Falintil-FDTL também erraram, mas erraram porque deram ouvidos a pessoas mal intencionadas, deram ouvidos a pessoas que não amam o povo, deram ouvidos a pessoas que tentam comprar a alma do povo. Durante os tempos da guerra de resistência nós dizíamos sempre: se as balas não matarem, o arroz e o supermi podem matar, as balas só podem matar o corpo, mas as rupias, o arroz e o supermi matam até a própria alma.
Hei-de vestir a farda de novo para de novo erguer o bom nome das Falintil-FDTL. Hei-de caminhar de novo com as Falintil, porque é Aswain do Povo [é o brio do Povo], mas que hoje chora, estão arrependidos, por não quererem escutar o seu Irmão mais velho, e escutaram só os que têm sede de sangue. Em 2000 eu saí das FALINTIL porque reconheci que as FALINTIL já haviam cumprido a sua missão sagrada de libertar a Pátria, e todos os seus membros já são crescidos, o que me permite deixá-los sozinhos para continuar a sua própria caminhada. Tal como no CNRT, em 2001, decidimos dissolver, para que cada um procure o seu lugar nesta nova caminhada de nação independente.
Mas eu estou pronto para caminhar de novo com todos eles e pedir desculpa ao Povo. Depois disso, todas as F-FDTL, desde o Brigadeiro General até aos novos soldados, farão Juramento ao Povo, dizendo que, enquanto militares, curvam-se perante a Constituição, respeitam as Leis, e nunca dependerão de um Partido, e darão garantias de liberdade e segurança à população, e respeitarão a Ordem Constitucional.
Os que têm sede de sangue e tentaram dividir a PNTL e atiçá-los uns contra outros, também farão Juramento ao Povo, que só se submeterão à Constituição, que defenderão a legalidade democrática e darão garantias de segurança interna para todo o povo e não se submeterão a um partido.
No dia 11 de Maio, Mari disse-me que desconfiava que o Rogério estivesse por detrás do 28 de Abril, porque não cumpriu a ordem do Mari para enviar a UIR de imediato para impedir os manifestantes.
Duas semanas depois, Rogério foi a Caicoli falar comigo. Eu disse-lhe: “Rogério, para citar o nome de Nicolau Lobato, devo dizer-te que eu estive juntamente com Nicolau nalguns dos momentos mais difíceis da guerra. As pessoas acusam-te de distribuir armas. Acredita ao menos em mim. Pensa bem, porque na guerra eu não perdi nenhum membro da minha família, tu perdeste a tua família toda. Nicolau com todos os teus irmãos, estão a olhar para nós, estão a chorar por causa das coisas que estão a acontecer. Eu sei que eles não querem isto”.


Companheiros
A grande História dos que têm sede de sangue ainda é uma longa história. Porque, em todos os lugares, aparecerem pequenos comandantes espalhados por todo o Timor, fazendo barulho, para aterrorizar as pessoas. Algumas pessoas, talvez do Departamento de Comunicação do Comité Central, enviaram ‘sms’ para os delegados, para os administradores.
Mas, com a ânsia, marcaram mal o número e todos receberam o ‘sms’ pedindo para levar “10.000 pessoas desse distrito, 5.000 de outro distrito, para apoiar o camarada Lu-Olo e camarada Mari”.
Hoje, se queres ser funcionário, ou ministro, tens de te preparar para matar a tua própria alma, porque o dólar despiu os princípios que, porventura, ainda pudesse ter, nós não sabemos.
Vemos muito bem, estas pessoas brincam com o sofrimento do povo, usam o povo para defender a sua cadeira, o seu nome e o seu bolso.
No Relatório da CAVR pede-se o FIM DA VIOLÊNCIA POLÍTICA, para que o povo não sofra uma vez mais. Ainda recentemente, em Janeiro passado, fui entregar este Relatório ao Secretário-Geral da ONU. Ainda mal se completaram seis meses, disparos de armas, incêndios, pessoas mortas em Dili.
Um jovem em Lospalos, chamou-me traidor, porque não defendo um tribunal internacional. Hoje, ele não está sossegado, está todo envaidecido em Lospalos acreditando que a FRETILIN tem armas para fazer a guerra.
Eu fui a Lospalos no ano passado e falei com eles, e disse que a FRETILIN tem de pedir desculpa. Enviaram de imediato um ‘sms’ ao Mari. No meio de uma reunião, Mari mostrou-me esse ‘sms’ e parecia contente porque a sua rede de informações do partido está espalhada por todo o Timor para informar sobre as conversas do Presidente ou as actividades da oposição.
Pude dizer a este jovem, que eu, agora, não quero ser mais um traidor do Povo. Porquê? Quando o Tribunal iniciou os julgamentos de crimes que estão a ser cometidos pedi aos Tribunais para considerarem se podiam esvaziar as Prisões de Becora, Baucau e Ermera para receber os novos hóspedes. Neste momento, todos aqueles apenas cometeram crimes menores comparando com o que está a acontecer agora. Crime contra o estado de Direito Democrático, crime contra o Povo que já sofreu durante a guerra, durante 24 anos. Becora, Baucau e Ermera hão-de receber diversos hóspedes, muitos corruptos que hão-de lá ir e têm de ir para lá.
A Comissão Internacional de Investigação irá chegar, para nos ajudar a todos, para avaliar esta violência política que assolou o nosso país. Tudo quanto a CAVR fez e transmitiu, para escutar o choro do povo, o que o povo pede, as exigências do povo, para os políticos não fazerem sofrer mais o povo, para evitar a violência política, tudo isso, a liderança da FRETILIN não quis ouvir, ignorou. A liderança da FRETILIN demonstrou que, este choro, não lhes diz respeito, este chorar, não é problema deles, mesmo que o povo sofra não é problema deles, nem que o povo morra, não é problema deles. O grande problema para eles é como manter-se no Governo. A liderança da FRETILIN, por causa da sua arrogância, só sabe é acusar outras pessoas e não são capazes de reconhecer que também erram. Para eles, não há erros, porque o que fazem tem um objectivo: governar.
Só devem pensar em guerra para governar, porque governar dá-lhes tudo, dinheiro, boa casa noutro país, negócios que lhes dão dinheiro e ao partido também, mas o partido para eles é o pequeno grupo que está a governar. O Povo está a sofrer em Dili, não foram ainda ver o Povo, nem foram ainda falar com o Povo. Só se preocupam é em mobilizar pessoas do interior, para demonstrar que toda a FRETILIN curva-se perante eles, para lhes beijar as mãos e os pés. O Povo que se mobiliza para os apoiar, coitado, talvez andem de carro sem pagar, para gritar ‘Viva este, Viva aquele’, e depois de serem alimentados regressam às suas casas, continuam a cavar a terra, querem mandar os filhos para a escola mas não têm meios, sem dinheiro, em casa continuam com fome.
Na mensagem de Fim do Ano de 2005, eu apelei aos jovens e a todo o povo, para não darem ouvidos aos políticos que clamam pela ‘violência’, que os empurram para a violência. Nós não queremos ouvir-nos uns aos outros, todos confiamos que todos os sábios desta terra que, com as suas atitudes, podem dar-lhes dinheiro, para sujar a imagem da Fretilin, e para matar o nome e a história da FRETILIN.
Eu sei, que Nicolau Lobato está triste. Nicolau Lobato não pede que o seu nome seja colocado em todos os lugares. Ele não precisa. O que ele pede é apenas isto: que respeitem a sua luta para libertar esta Terra e este Povo, que respeitem apenas o seu sangue.
Espíritos e Antepassados, levantem-se para olhar por este povo! Ossos que estão espalhados por todos os cantos, ponham-se de pé, Sangue que foi vertido por todos os cantos, juntem-se de novo para ver aqueles que querem estragar o povo, que querem ver o povo sempre a sofrer, que querem ver o povo sempre a morrer.
Mostrem-se, mostrem a vossa força! O vosso filho está aqui, que vos implora, para olharem por este Povo, para libertar este Povo do jugo dos sedentos de sangue.

Povo sofredor
Membros da FRETILIN
Em política, quando nós erramos, mesmo sendo um pequeno erro, mas se não reconhecermos que é um erro, voltaremos a cometer muitos e maiores erros. Porque não se reconhece que entre 1975 e 1978, a FRETILIN matou membros da própria FRETILIN e outros que não aceitavam a sua ideologia, hoje em dia, para a liderança da FRETILIN, matar não é problema. Matar, para eles, uma pessoas ou duas, ou dez, ou centenas, ou milhares, é matar. O importante para eles é que o partido seja forte, para que governem sempre.
Um Partido assim, é um Partido que não quer a democracia, um partido que quer impor a sua vontade a todos nós.
Eu respeito a FRETILIN porque a FRETILIN me ensinou a amar a Terra e a servir o Povo.
Todo o Povo respeita a FRETILIN, porque a FRETILIN faz parte da História de Timor-Leste. Mas, o Povo tem de desprezar as pessoas que querem acabar com este Partido, para fazer todo o Povo sofrer.
Estas pessoas não merecem estar na FRETILIN. Penso que outros Partidos não os hão-de receber, porque estas pessoas querem sugar o sangue do Povo, querem ver o sofrimento do Povo, para poderem governar sempre, para estarem bem. O Partido que os acolher, o Povo tem de ter cuidado, porque este Partido talvez mais tarde tenha sede e peça o sangue do Povo.
Rogério deixou de ser ministro, Mari promoveu-o a Vice-Presidente da FRETILIN. Faz-nos sentir vergonha por esta política suja. Rogério foi ao Quartel da Polícia pedir combustível para o carro que ainda tem. O Responsável pela Logística da PNTL disse-lhe: o Sr. já não é Ministro do Interior, não pode receber combustível da PNTL. Rogério respondeu insultando-o: Macaco, eu agora sou mais do que Ministro, tu sabes ou não?
No dia 28 de Novembro de 2002, pedi para que ele fosse demitido, porque todas as informações diziam que, em vez de fazer o seu trabalho, organizava o povo, para cortar a lenha, para ele vender, plantar mandioca, para ele vender, fazer o vinho, que ele há-de vender, pescar, que ele há-de vender. Eu falei com o Mari, como Primeiro-Ministro e com o Ministro Horta, na minha casa, antes de 28 de Novembro de 2002, sobre o Rogério. Mais tarde, porque pedi para ele ser demitido, eu é que errei e quando aconteceu o 4 de Dezembro, apontaram-me o dedo.
Todos sabem sobre os buracos que foram cavados em Tibar, também noutros locais, porque Rogério andava à procura de ouro/tesouro, que ele ouviu dizer que os japoneses haviam enterrado. Nós não nos devemos admirar com as atitudes que o Rogério toma. Enquanto estávamos em guerra e sofríamos na nossa Terra, Rogério, enquanto ministro da Defesa, viveu em Angola e aproveitou para traficar diamantes até ser detido numa prisão. E a FRETILIN, por causa do seu nome Lobato, ou porque algumas pessoas se sentiram afectadas, elegeram-no como Vice-Presidente da FRETILIN.
Na tomada de posse do Ministro do Interior, apertei-lhe a mão e disse-lhe: “Rogério, não esperes que eu te respeite, só por teres o nome Lobato. Nicolau também era Lobato, mas era Nicolau, tu chamas-te Rogério. Respeitar-te-ei, se a tua atitude me revelar que mereces respeito, mas não é por seres Lobato”. Alguns investidores procuram encontrar-se comigo e disseram: “Presidente, o vosso sistema é muito diferente, para investir no vosso país, há duas vias: uma, temos de contactar a Agência de Investimento sob a tutela do Ministro Rogério, ou, a segunda, através de langsung (taxa indirecta) paga às altas entidades.
Empresários timorenses disseram com tristeza: Presidente, já tenho a licença para a minha empresa mas sofremos pressão para fazer entrar algum dinheiro na FRETILIN. Eu perguntei-lhe “querem que eu fale?”, e eles responderam “Irmão, nós esperamos muitos anos, perdemos muito dinheiro, deixa-nos recuperar o nosso dinheiro”.
Companheiros membros da FRETILIN
Querido Povo sofredor
Por isso, como Presidente da República, que não aceitou o resultado do Congresso realizado de 17 a 19 de Maio passado, exijo à Comissão Política Nacional da FRETILIN, que organize imediatamente um Congresso Extraordinário para, em conformidade com a Lei nº 3/2004, sobre os Partidos Políticos, eleger uma nova Direcção do Partido. Quando digo, em conformidade com a Lei, isso significa alterar a ‘votação de braço no ar’ dos Estatutos da FRETILIN, para que a eleição da nova Direcção, seja por voto directo e secreto. Dou um prazo de uma semana, para que este Congresso Extraordinário seja feito, porque a actual Direcção da FRETILIN é ilegítima.
O Presidente da FRETILIN, Lu-Olo, Vice-Presidente da FRETILIN, Rogério Lobato e o Secretário-Geral da FRETILIN, Dr. Mari Alkatiri, todos eles, de acordo a Lei dos Partidos Políticos, são ilegítimos.
Não se pode dizer que a FRETILIN não tem dinheiro, porque a FRETILIN tem muito dinheiro.
Até o dinheiro que sobrou do Congresso, Rogério comprou dois carros para o Grupo de Rai Lós.
Eu posso discutir a Crise com a Nova Direcção, mas cabe ao Estado decidir. Porque não é a FRETILIN que errou mas sim os que têm olhos grandes para o dinheiro e a enorme ambição para cavalgar sobre as costas do povo.
O que é o Estado de Direito democrático? O artigo 1º da Constituição afirma: “A República Democrática de Timor-Leste é um Estado de direito democrático ... baseado no respeito pela dignidade da pessoa humana”. Hoje em dia, nós falamos de ‘guerra’, de ‘derramamento de sangue’, e esquecemos a tolerância política. Os governantes demonstram que não têm respeito pela dignidade de cada pessoa, consentindo a violência e a destruição, causando mortes e perdas de bens.
O artigo 6º da Constituição afirma: “O Estado tem como objectivo fundamental: b) Garantir e promover os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos e o respeito pelos princípios do Estado de direito democrático; alínea c) defender e garantir a democracia política”. Nesta crise, só ouvimos ameaças de toda a ordem. Os governantes vão contribuindo para a violação destes objectivos do próprio Estado.
No artigo 29º da Constituição, afirma-se que: “nº 1 – A vida humana é inviolável; nº 2 – O Estado reconhece e garante o direito à vida”.
O que é que constatamos? Permite-se que as pessoas disparem umas contra as outras, pessoas são mortas, o povo sofre. Os governantes ajudam a violar a obrigação do Estado, não cumprem o seu dever de garantir a cada cidadão o direito à vida.
É a conjugação de tudo isto que dá sentido ao ‘Estado de direito democrático’.
O Povo agora enfrenta um problema muito sério: há armas nas mãos dos civis, há disparos de armas em muitos lugares. E também quero informar que as Forças de Intervenção apreenderam já muitas armas que não são da PNTL nem das F-FDTL.
O Estado não pode consentir isto, este sofrimento para o Povo. Algumas pessoas reclamam que ‘estamos a perder a nossa soberania’. Não é porque as Forças Internacionais tenham entrado na nossa terra, mas perdemos a nossa soberania porque nós é que fizemos o pedido e sobretudo porque nós é que demonstramos não ter capacidade para resolver os problemas surgidos, criando problemas ainda maiores.
O Estado de direito democrático não é só os órgãos de soberania estarem juntos, rirem-se uns com os outros, aparecerem na TV, dizerem aos jornais que nós estamos juntos. A Unidade Nacional não é encostarmo-nos uns aos outros para mostrar os nossos dentes ao povo. A Unidade Nacional, para ser consistente, tem de passar pelos nossos pensamentos e as nossas acções, tem de passar por ouvir a voz do nosso povo e ouvir os seus lamentos. Nós, os governantes, esquecemos sempre que: o povo pode sofrer, nós estamos bem, temos carros do Estado, temos casa do Estado, o povo sofre, continuamos a receber dinheiro, o povo passa fome, nós convidamo-nos uns aos outros para comer bem, beber vinho, o povo teme os tiros e nós andamos com uma forte segurança.
Por isso, não costumamos ouvir o lamento do povo porque estamos afastados de vós. O Povo está a sofrer, alguns têm a coragem de dizer “Guerra!”. Em vez de nós, os governantes, termos vergonha, mostramos que o sofrimento do povo não toca a nossa pele.
O Estado não pode consentir isto. O Estado não pode consentir que haja armas ilegais no nosso país. Acredito que a FRETILIN também não pode consentir todas estas coisas. Se a FRETILIN consentir, a FRETILIN quer fazer uma nova história neste querido país.
De quem é a responsabilidade? A justiça há-de determinar de quem é a responsabilidade! Todas estas coisas são muito graves! E é isso que hoje preocupa o Povo! E a própria FRETILIN tem de se preocupar com isso.
Por isso, APELO a todos que hoje ainda empunham armas, que as entreguem às Forças Internacionais e informem quem as distribuiu. Vocês não têm culpa, porque foram enganados por outras pessoas para se enterrarem. Se não entregarem essas armas, se as Forças Internacionais as encontrarem, isso significa que vocês querem guardar essas armas para matarem pessoas. Melhor, todos aqueles que receberam armas, vão entregar de imediato às Forças Internacionais. Não se esqueçam, têm de dizer quem as entregou a vós e para quê.
Já foi iniciado o Inquérito sobre a distribuição de armas a civis, assim como para saber que armas ilegais existem, de onde vieram e para quem, quem as pediu, quem as recebeu, quem na Alfândega as deixou sair. Todos os vossos nomes hão-de ser divulgados.
Aqueles que controlam a FRETILIN, ultimamente, gostam de gritar assim: vigilância máxima.
Agora, chegou o momento de eu pedir ao povo para fazer vigilância séria nos Distritos e Subdistritos, sobre aqueles que têm armas e distribuíram armas aos delegados ou a outras pessoas. Se sabem ou vêm pessoas com armas, mas que já as esconderam, informem as Forças Internacionais para eles as apreenderem, se estas pessoas não quiserem entregá-las. Se entregarem imediatamente, podem regressar a casa. Se forem teimosas, se escondem ou enterram as armas, hão-de responder perante o Tribunal, acerca da missão para a qual receberam a arma, e o motivo por que a esconderam, para matar quem.

Companheiros
Querido Povo sofredor
Acredito mesmo que nós todos já percebemos que temos de pensar no sofrimento do povo em primeiro lugar. Enquanto Presidente da República, quando me desloco ao estrangeiro, falo sempre da mesma forma: Timor, é mesmo um caso de sucesso, porém esse sucesso só durou até 20 de Maio de 2002.
O processo de governação do nosso país é que mostra se ainda temos sucesso ou ainda não.
Acredito que esta grande crise, não dá garantias de sobrevivência ao Estado de direito democrático, nós ainda vamos atravessar esta ribeira suja para erguer algo de novo no nosso país, para fazer florescer os direitos humanos, a democracia, o amor e a paz.


Membros da FRETILIN
Querido Povo sofredor
Pergunto ao Primeiro-Ministro se ele tem conhecimento sobre a distribuição de armas a alguns delegados da FRETILIN, e ele responde que não sabe. Mas, mais tarde, ele soube, e mandou o Rogério para desarmar. E o Rogério enviou um ‘sms’ para Rai Lós, para barrar o caminho dos manifestantes que estavam contra o Governo, para queimarem os carros à noite, fazerem as ‘operações comando’ e esconderem-se durante o dia.
Nas reuniões que tive com ele, o Primeiro-Ministro falou sobre os grupos armados, dizendo que têm de ser desarmados e nunca me foi dito que, pelo menos, o grupo de Rai Lós fora armado pelo Rogério.
O Primeiro-Ministro informou-me que, depois do tiroteio em Tasi Tolo, no dia 24 de Maio, no qual a FDTL capturou 4 armas da polícia, Rogério fez-lhe saber que as armas e as pessoas que morreram eram do grupo Rai Lós, lá colocado pelo próprio Rogério.
Na verdade, o Primeiro-Ministro informou o Brigadeiro Taur Matan Ruak acerca disto, que as armas da polícia não foram distribuídas pelo comando da polícia mas sim pelo Rogério. Eu penso que se o Primeiro-Ministro informou o Brigadeiro Taur, o Brigadeiro talvez não tenha chamado os civis para levarem as armas para Díli, com a FDTL, para procurar a polícia e matá-la.
Eu perguntei a ele, Primeiro-Ministro, se tinha conhecimento sobre armas ilegais que tivessem entrado no nosso país e ele respondeu que não sabia.
Todos os problemas que apareceram não são da sua responsabilidade. A conversa deles é a de empurrar sempre para os outros. Antes de ir a Portugal, pedi para resolverem o problema dos peticionários, dentro da própria instituição, isto é, dentro do quartel, para evitar que ‘lorosae loromonu’ explodisse para fora e estragasse a estabilidade e unidade nacionais.
Ele disse mesmo que o problema é um problema político e prometeu que ia fazer todos os possíveis para a sua resolução. Quando cheguei de Portugal, na internet foi divulgado que o Primeiro-Ministro afirmou que ‘não pode resolver, porque a petição não foi dirigida a ele’, para apoiar uma decisão para a saída dos peticionários.
Porém, no dia em que começou a manifestação dos peticionários, Antoninho Bianco leu um comunicado: ‘agora, o Primeiro-Ministro já pode resolver porque, pela primeira vez, oficialmente, recebeu a petição’.
Todos os problemas que apareceram, que outras pessoas provocaram, que outras pessoas queriam, são para estragar a sua imagem, para baixar a [votação da] FRETILIN nas eleições de 2007.
Como os governantes, nos órgãos de soberania sentem e mostram que os problemas que surgiram não são da sua responsabilidade, eu digo a todo Povo e à FRETILIN
Todos temem que, se Mari sair, a guerra regressa e há derramamento de sangue novamente.
Muitos estão preocupados que, se Mari cair, o Governo não funcione, as pessoas não recebam dinheiro e outras coisas. Também, se Mari cair, toda a bancada da maioria demite-se e o Parlamento deixa de funcionar.
Alguns dizem-me que temos de mostrar à Comunidade Internacional que existe uma normalidade institucional ou constitucional, senão é uma grande vergonha, se o trabalho das instituições for interrompido.
O Povo é que me escolheu. Como fui eleito, tenho de prestar contas ao Povo. Antes, de procurar satisfazer a comunidade internacional, eu tenho de curvar-me perante o Povo, sofredor, que me escolheu. O Povo pergunta-me, enquanto Presidente da República, onde está a minha responsabilidade quanto ao ‘garante da Unidade Nacional’ que se fragmentou, ‘garante da estabilidade’ que se desintegrou e ‘garante do funcionamento normal das instituições democráticas’ que paralisaram.
Como Presidente da República eleito pelo Povo, não pelo braço no ar mas por voto directo e secreto, eu tenho mesmo vergonha, porque eu não agarrei bem a minha responsabilidade. Por isso, estou pronto para assumir esta responsabilidade.
O Presidente da República é um órgão de soberania. Uma só pessoa, eu sozinho, sou o Órgão de Soberania.
Em conformidade com a Constituição, se o Presidente da República se demitir, o Presidente do Parlamento, Lu-Olo, assume o cargo de Presidente da República, promulga as leis para melhor as poder violar.
Tudo pode continuar a funcionar. O Governo continua a governar para tapar todos os buracos na cidade de Díli e também o Parlamento pode continuar a levantar o braço, para alimentar a mulher e os filhos. No Parlamento, não existem problemas: Jacob Fernandes não há-de pensar em guerra porque passa a ser o Presidente do Parlamento.
Uma coisa muito importante: este servo nunca há-de dizer que se for destituído, o povo há-de sofrer e que Timor fica arrasado. Por isso, a estabilidade continua forte e eu acredito que se os órgãos de soberania estiverem unidos, Timor avançará.
Assim, a FRETILIN é que escolhe. Não é a Direcção da FRETILIN, que é ilegítima porque viola a Lei e a Constituição.
Ou pedem responsabilidade ao vosso camarada Mari Alkatiri sobre esta grande Crise, sobre a sobrevivência do Estado de direito democrático ou, amanhã, eu próprio envio uma carta ao Parlamento nacional a informar que me demito de presidente da República porque tenho vergonha pelo que o Estado está a fazer ao povo e eu não tenho coragem para enfrentar o povo.
Finalmente, apelo à calma de todos porque neste momento difícil temos de reflectir profundamente para que esta violência e destruição não se repita no nosso país!
Anónimo disse…
É pena o homem ter 60 anos, já deveria estar a descansar apenas pelo que fez antes quanto mais agora ter de aguentar a prepotência. Como PR tomou as decisões que julga mais correctas ou as que pode tomar mediante a Constituição.... o Governo ainda em funções como vêem não conseguiu debelar uma crise nas Forças de Defesa de Timor-Leste, caso contrário não estariam lá forças internacionais. Ainda bem que lá estavam pois aprontava-se a desestabilização anunciada pela própria Fretilin.

Devagar se verá quem tem razão ou não para ter tomado ou não as atitudes que tomaram. De um lado e do outro.

Por Timor-Leste sempre!
Anónimo disse…
Eleições francesas 2007

Ségolène Royal, socialista francesa, pupila da escola de François Mitterrand é uma impressionante mulher que, nos últimos anos - enquanto presidente da Região Poitou-Charentes -, dedicou a sua actividade prioritáriamente à área educativa e da formação.
No campo económico elaborou "cartas de compromisso (entre a região e as empresas) no sentido de implementar um quadro de ajudas reciprocas a fim de combater as deslocalizações e o desemprego, no respeito pelas condicionantes ambientais.

Exerceu ainda importantes cargos políticos:
Ministra do Ambiente;
Ministra delegada ao Ensino Escolar;
Ministra delegada para a Família e a Infância.

Não é uma ilustre desconhecida. É um capital de esperança em primeiro lugar para a França e concomitantemente prar o PS francês que, nas últimas legislaturas, tem vivido momentos difíceis.
Então, nas últimas presidenciais, foi o desastre total que conduziu LePen à segunda volta.

Nas sondagens está ligeiramente á frente de Nicolas Sarkozy.

O que sendo bom, não é suficiente.
Allez!

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