A justiça e o Procurador-geral da República
O menos que pode apontar-se ao ainda Procurador-geral da República (PGR) é a manifesta infelicidade na escolha dos seus mais próximos colaboradores.
Não estando em causa a honra pessoal e o respeito que lhe é devido, é bom lembrar o caso do «envelope 9» que continua por esclarecer, apesar da urgência ordenada pelo Presidente… Jorge Sampaio.
O mais grave, para além da aparente ineficiência em tudo o que é importante (Moderna, Casa Pia, Apito Dourado) foi a sistemática violação do segredo de justiça, rasteira, torpe e politicamente dirigida, que atingiu a honra e a carreira política do líder do PS, Ferro Rodrigues, sem que os crápulas culpados fossem descobertos e julgados.
Claro que não há contra o PGR, sob o ponto de vista pessoal, a mais leve suspeita. Não se pode pensar o mesmo da ex-ministra da Justiça e do seu homem de confiança na PJ, Adelino Salvado.
Mas não é o aspecto pessoal que está ou esteve em causa, é a função institucional. Nunca, antes de Souto Moura, o País esteve tanto sob escuta, jamais o PR e os mais altos dignitários do Estado tinham sido escutados, sem explicação plausível, nem a desconfiança dos cidadãos tinha chegado ao gabinete do PGR.
Acontece que Teresa de Sousa, funcionária da Procuradoria-geral, próxima de Souto Moura, violava ela própria o segredo de justiça. Foi, aliás, condenada a quatro anos e meio de prisão por corrupção, violação do segredo de justiça e tentativa de extorsão.
Agora é o magistrado do Ministério Público, Leones Dantas, que está sob inquérito, por indício de falsas declarações quando foi ouvido sobre a alegada tentativa de venda de documentos em segredo de justiça ao jornal «24 Horas».
Leonês Dantas é «apenas» Procurador-geral adjunto e, até há dois meses, era o chefe de gabinete do PGR.
Será que a procissão ainda não saiu do adro?
Comentários
Descer mais fundo, continuar o plano inclinado, deve ser quase impossivel.
Pior, é dificil.
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