Navarro-Valls criticou Zapatero
Na sequência da visita do Papa, o porta-voz de Bento XVI, Navarro-Valls, membro do Opus Dei, manifestou azedume e irritação contra o legítimo primeiro-ministro espanhol.
A anunciada ausência de Zapatero à missa papal, devoção que não pratica, foi o pretexto para as declarações hostis do porta-voz do Vaticano cuja ingerência na política interna de Espanha tem sido frequente.
Bento XVI não fez apenas uma viagem apostólica, prestou-se a presidir a comícios do Partido Popular organizados em conjunto com o Opus Dei e outros grupos religiosos de extrema-direita tendo como pretexto do 5.º Encontro Mundial das Famílias, um acto de proselitismo inventado por um dos seus antecessores.
Ignorou que Zapatero é o primeiro-ministro de um país laico e um político que não se ajoelha perante um chefe de Estado estrangeiro, que recebeu com extrema cortesia mas sem a subserviência a que Aznar, com ligações ao Opus Dei, tinha acostumado o clero autóctone.
A Igreja católica ficou mal na fotografia. Depois de ter apoiado a ditadura franquista e silenciado numerosos assassínios políticos, em vez de se rever o magistério moral do Cardeal Vicente Enrique Tarancón prefere partilhar o gosto pelo confronto de Rocco Varela e outros prelados de extrema-direita.
Desta vez ficou claro que a Espanha não aceita intromissões na sua política interna. Nas próximas eleições o povo espanhol dirá se prefere manter a linha de rumo do actual Governo ou tornar-se um protectorado do Vaticano.
Comentários
Socorre-se de subterfúgios legalistas para tudo. É ver, por exemplo, a sua atitude perante Zapatero, quando foi às Cortes pedir consenso para tratar da questão basca.
Deixa de o ser (legalista) quando tem interesses políticos.
Não tem pejo (nem pruridos legalistas)em arrastar o Papa para os seus comícios e manifestações, pensando em lucros políticos mas, de facto, empobrecendo e aviltando a autoridade espiritual do chefe da Igreja.
Ressalvo, espiritual, porque, se evocasse a sua dupla personalidade, guia espiritual e chefe de Estado do Vaticano, a sua atitude, nesta segunda vertente, seria um grave incidente diplomático e uma indesculpável falta de cortesia. São costumes atávicos de muitos séculos que, por mais que se esforçem, de vez em quando vêm ao de cima.
E, quanto ao Sr. Valls, porta-voz (vitalício?)destacado pela Obra, permite-se dizer ao 1º. ministro Zapatero, anfitrião, a maneira como devia comportar-se na sua casa.
Uma caridadezinha cristã ou uma gritante intromissão nos assuntos internos de Espanha?
Acredito que os espanhóis, apesar de maioritárimaente católicos, saberão julgar estas sacras tropelias...
Nos tempos que correm, seja em que contexto fôr, ninguém aceita ordens na sua própria casa.
E a modernidade lá vai caninando.
Não sei se há povos com sorte, ou se é merecimento próprio. Mas que os invejo, é verdade.
E ninguém é obrigado (excepto os que se deixsam obrigar)
Zapatero não quis ir à missa.
Fez bem.
Ora se nem os pais o obrigavam...
Os catoliqueiros portugueses que vao aprendendo.
Ou como dizia o outro: Habituem-se!
Não vejo irritabilidade e azedume nestas palavras. Vocês tentam de tudo para destruir a Igreja, mas não conseguem, porque as vossas ideias não passam disso, ideias. Ideias que não são aproveitadas por mais ninguém a não ser pelo vosso núcleo de bestiais pessoas.
É capaz de não ter essa sorte, que a malta cá é mais de raça minorca.
Por si acaso, eu tenho muitos para a troca. 15 Santanas Lopes e 7 Barrosos. Primeiros-ministros de Boliqueime arranjo 3. E se não junto ao lote um Sócrates e um Guterres, não é por serem raridades. É porque não me fazem corar de embaraço, ao passar a fronteira. E olhe que ainda dou 10% de comissão a quem me ajeitar o cambalacho.