Próximo Oriente. Opinião de um leitor (2)


Em poucos dias passámos de um conflito regional para um guerra aberta com consequências imprevisíveis.

Re-lembremos:
O "rastilho foi o chamado "rapto" de um cabo do Exército israelita, que "passeava" a sua autoridade pela faixa de Gaza (já entregue à administração da Autoridade Palestina).

Se tal operação fosse efectuada por Israel o tal cabo não tinha sido "raptado" - tinha sido feito prisioneiro...ou estaria detido por invasão de território.Mas o que é relevante neste momento é que para Israel, a partir daí, "vale tudo". Na caça a Nasrallah, o líder do movimento Hezbollah, movimento extremista islâmico que se constitui em 1982 para se opor à ocupação israelita do Libano, não há lei, nem respeito pela vida humana. Muitos inocentes civis libaneses - parece que já há alguns estrangeiros - foram vítimas da senha destruidora israelita.

Sabemos que, hoje, a acção do Hezbollah no Libano onde tem uma importante componente de ajuda social, saúde, educação, reconstrução e agricultura. Estas actividades granjearam-lhe um profundo apoio popular.

É considerado - no Mundo muçulmano - um "movimento de resistência". Israel, os Estados Unidos, a Grâ-Bretanha, etc. (...sempre os mesmos) consideram-no um "movimento terrorista".
A actual (já o fez várias vezes, impunemente) "escalada" bélica (guerra?) de Israel no Líbano baseia-se neste último conceito. A violência da intervenção é tal que podemos afirmar que está a destruir - na prática - um País soberano.

A ONU adia, manifestamente sob pressão de Bush, tomar decisões céleres sobre este grave conflito.

Bush espera por factos consumados e a violência recrudesce. Amanhã, poderá já ter atingido a Síria e incendiado, nesta região, os restentes países árabes...Dia a dia, hora a hora, escorrega-se para uma guerra sem quartel. Os EUA suporte da estratégia israelita na região faz aprovar, na cimeira do Grupo dos Oito (G8), uma condenação ao Hezbollah.

Durão Barroso, presente na Cimeira, aninha-se complacente no colo de Bush. Para "salvar a pele" ( a Europa tem muitas sensibilidades)envia à pressa Javier Solana a Beirute.

Entretanto, Chirac adverte referindo-se à situação no Líbano que "é totalmente inaceitável que um governo não tenha plena autoridade sobre a totalidade do seu território".

Zapatero foi mais assertivo e afirmou que "Telaviv equivoca-se com os ataques lançados contra a Faixa de Gaza e ao Líbano". E, acrescentou, que "se confirma que a intervenção no Iraque, em lugar de trazer a Paz, incrementou a violência no Medio Oriente. Concluiu, reclamando à UE que exija o fim imediato das hostilidades e pediu a intervenção da ONU.Barroso não deve ter ouvido nada. Com certeza que estará, em São Petersburgo, Rússia, ocupado na bajulação dos 8 mais poderosos do Mundo.

Nas vésperas de uma eminente catástrofe não temos conhecimento do que tem feito, sobre esta crise, o governo português...

Não sabemos, mas decididamente tem de manifestar a sua opinião e contribuir activamente para o desanuviamento da gravíssima situação do Próximo Oriente.Não pode, como se vê, confiar em Durão Barroso...

O dia de amanhã será, com toda a probabilidade, ainda mais negro.

a) e-pá!

Comentários

Anónimo disse…
Pelo que li. temos uma guerra entre um lobo mau e uns cordeirinhos.
Tenha juizo...critique as duas partes.
Anónimo disse…
A verdade é bem outra, meu caro!
Na história, e na vida, nunca houve cordeirinhos inocentes, nisso terá razão.
Mas lobos maus houve sempre, e esses é urgente reconhecê-los! Não o fazer, teve sempre um custo enorme.
Anónimo disse…
Anónimo de Seg Jul 17, 01:55:53 AM

Ninguém divide (deve dividir)a Humanidade entre lobos maus e cordeirinhos...

A não ser aqueles que "encontram", para justificação da sua política externa, o chamado "eixo do mal".
Nada de transcendente - um index sobre os povos, decalcado do que já existiu sobre os livros.

Mas, enquanto nos entretemos com interpretações enviesadas, em saber qual o maior ou menor culpado, em repartir o ónus da beligerância, em tomar "partido", etc., os tais "cordeirinhos", como lhe chama, "morrem que nem tordos".

E, depois, vamos dormir descansados porque isto é lá longe...
ou,
vamos exigir o fim imediato das hostilidades como um primeiro passo no caminho da Paz?

Este é o sentido do comentário.
Anónimo disse…
Adenda:

A "boca", boçal, murmurada entre Bush e Blair, à mesa de mediático repasto nos encontros da cimeira G8, mostra à saciedade a qualidade e a têmpera dos "senhores" que querem governar o Mundo.
Felizmente que este tremendo dislate, este tiro no pé, circula pelas TV's do planeta, permitindo-nos ficar a conhecer melhor o grande "chefe".

Mais tarde - ainda no seio do G8 -
os EUA inviabilizam a interposição de uma força de internacional que termine com o morticínio... (esclareça-se para os mais susceptíveis, de ambas as partes: Israel e Hezbollah).

O caos instalado no Próximo Oriente...
e o Mundo à espera, por vontade de Bush.
Bush, sabe (devia saber) que o caos é o fermento de todas as violências, logo, também do terrorismo.
Anónimo disse…
A actual situação no Médio Oriente é o resultado da hipocrisia ocidental.
Através da comunicação social está em curso, uma vez mais, uma operação de manipulação da opinião pública, procurando relacionar os acontecimentos apenas com os seus detonadores directos e fazer esquecer as razões próximas e, mais ainda, as causas remotas e profundas do conflito.
É uma prática corrente para confundir a opinião pública.
Por isso, é de louvar a coragem de Zapatero, ao lembrar que a causa próxima do actual conflito foi a invasão do Iraque pelos EUA. Uma invasão criminosa e genocida, cujas consequências foram a inversão dos processos de laicização e democratização em curso em vários Estados da região,o reforço do papel político dos grupos islâmicos, o atiçar do terrorismo identitário e a profunda alteração geopolítica no Médio Oriente - eliminando o Estado que garantia um certo equilíbrio estratégico e transformando o Irão no guardião do Médio Oriente, agora como principal potência regional.
Mas escamoteiam-se, sobretudo, as causas profundas do conflito. E essas são o sistemático incumprimento das resoluções internacionais para a Palestina. Em 1947 as Nações Unidas votaram a Resolução 181 para a partilha da Palestina entre um Estado judaico, um Estado árabe e uma zona internacional. Apenas o Estado judaico foi criado - completam-se em 29 de Novembro do próximo ano 60 anos sobre essa resolução! Em 1993, os Acordos de Oslo criaram a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), considerada uma «organização administrativa temporária» de uma parte dos territórios ocupados da Margem Ocidental e da Faixa de Gaza, criada «por um período transitório que não ultrapasse os cinco anos, conducente a uma solução definitiva baseada nas resoluções 242 e 338 do Conselho de Segurança». Já lá vão 13 anos!
Entretanto a comunidade internacional patrocina e supervisiona eleições legislativas para o Parlamento Palestiniano. Vence o Hamas...mas a comunidade internacional não reconhece a sua legitimadade!
Quem tem andado a empurrar os Palestinianos para o terrorismo e para a guerra?
Anónimo disse…
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