Os novos caminhos da fuga a "salto"...
Os fluxos migratórios sempre existiram e, hoje, 24.07.09, o Jornal Público dedica-lhe um interessante artigo que merece a atenção dos portugueses. Trata-se, ao fim ao cabo, da delapidação do nosso mais valioso património…
A migração internacional contribuiu de modo determinante para o desenvolvimento e crescimento da competitividade económica dos países de acolhimento como, também, teve uma vertente de retorno indirecto. As remessas de capitais, as poupanças e os pequenos investimentos nos países de origem dos trabalhadores, foram um factor de progresso no combate à pobreza e contribuíram para o bem-estar das famílias residentes, bem como, regularam e foram disciplinado o mercado de trabalho.
Toda a gente conhece aventuras e desventuras da diáspora.
Entretanto, o que se passa na Europa Ocidental no século XXI?
Em 2006, mais de 250.000 europeus emigraram. A grande maioria (>50%) para os Estados Unidos, seguidos como países de destino; a Austrália; o Canadá; a Nova Zelândia …
A Alemanha, é um caso à parte. Está a sofrer uma grave hemorragia demográfica, descaracterizada e não selectiva, decorrente da consolidação do processo reunificação e das dificuldades do mercado de trabalho.
Portugal está a sofrer uma intensa drenagem de trabalhadores qualificados. Neste campo, talvez, a maior da Europa Ocidental. O País terá perdido, só em 2006, cerca de 20% da população qualificada.
Estas massivas “fugas de cérebros” são um fluxo migratório selectivo e representam um importante défice na economia (de custos), não contabilizáveis em qualquer orçamento.
São devidas essencialmente a deficientes oportunidades, a bloqueios na progressão na pirâmide social, à inexistência de estímulos técnico-científicos nas carreiras profissionais, à aversão de atribuir incentivos financeiros, ou outros, para premiar a eficiência, à abrangência da corrupção (nas suas variadas e sofisticadas formas), à ineficácia e morosidade da Justiça e, algumas vezes a profundos e traumatizantes desencantos político-culturais.
Esta fuga de cérebros representa uma autêntica fuga de capitais (capital flight).
Na realidade esta imagem refere-se a 2006. Hoje, a atracção das chamadas “economias emergentes”, actuando isoladamente, ou associadas à derrocada económica e às perturbações sociais que de reflectiram, prioritariamente, nas economias industrializadas tradicionais, vai intensificar, com toda a certeza, o fluxo migratório de Portugal para o Mundo.
Hoje, quando conversamos com um jovem em início de carreira ficamos a saber que o mesmo se prepara para dar o “salto”.
De pouco vale valorizar e promover a formação técnico-profissional se a par desse esforço não criáramos condições internas de trabalho atractivas, com acessibilidades ao emprego e à progressão abertas e sem peias (precisamos de resolver o nosso problema da “cunha”) e justamente renumeradas.
Este é um problema eminentemente político. A iniciativa do Governo “Novas Oportunidades” não surtiu, no imediato, quaisquer efeitos. A conjuntura económica internacional não ajudou e a sua repercussão será sempre a médio e a longo prazo.
Mas, é cada vez mais imprescindível a necessidade de canalizar este importante esforço na formação e o consequente investimento na tecnologia e na modernidade para Portugal.
Se não, continuaremos a ser uma fonte de “brain drainage”, empobrecendo cada dia que passa e potenciando a intensificação da “fuga” já em marcha.
A nova política deve ser actuar em concomitância com o nosso potencial de desenvolvimento.
Captar o investimento produtivo internacional e inverter este fluxo específico – entrando no tempo do “brain preservation” ou, mesmo, no estádio do “brain gain”, é uma tarefa prioritária para estancar esta cataclísmica sangria.
Comentários