Das "reformas estruturais" ao apetite do poder...
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Sempre que ouço falar em “reformas estruturais” fico de pé atrás. Não porque as ache descabidas. O que me preocupa é saber que essas “reformas estruturais” são alterações profundas [das estruturas basilares] no campo político, económico, social e cultural. Têm a ver com questões fulcrais da sociedade. Com a natureza, relacionamento e padrões dos sistemas [políticos, económicos, sociais e culturais]. São modificações radicais em qualquer um destes domínios.
Na prática, portanto, o apelo a “reformas estruturais” encerra o desejo de profundas mudanças de sistemas que, muitas vezes, não cabem no conceito de reforma, ultrapassando-o. Muitas das “reformas estruturais”, tão frequentemente invocadas, só são possíveis [realizáveis] quando se verificam mudanças qualitativas dos sistemas. Isto é, num contexto de ruptura, revolucionário…
Esta área é um dos cavalos de batalha de Pedro Passos Coelho.
O dirigente do PSD quando é colocado em presença de reformas [tout court], que muitas vezes não ultrapassam questões normativas de regulação dos sistemas, ou quando mais complexas, instrumentos disciplinadores para agilizar estruturas já existentes [sem as contestar], aproveita para “gritar”, com imaturidade e inconsistência, por “reformas estruturais”. Transparece a impressão de que o termo “reformas estruturais” banalizou-se e perdeu significado.
Em boa verdade, sabemos que “reformas estruturais”, a sério, verdadeiras, são sempre acompanhadas por [mais ou menos longos] períodos de instabilidade [política e social]. A curto prazo, com profundos reflexos [negativos] na Economia derivados da turbulência que gravita à sua volta.
Então, o que pretende Pedro Passos Coelho dizer quando fala em “reformas estruturais”?
Pura e simplesmente o desmantelamento do Estado Social: cortes dramáticos nas prestações sociais, estrangulamento [orçamental] dos sistemas públicos de educação e saúde, liberalização dos despedimentos, sistemas privados [ou no mínimo mistos] de segurança social, etc.
Este chamamento às “reformas estruturais” nunca integram uma reforma fiscal, onde a distribuição da riqueza seja mais equitativa, nunca abrangem uma inversão da tributação de mais valias em contraponto com a espoliação dos rendimentos do trabalho, nunca abrangem as parcerias público-privadas [manancial de lucros do sector privado à custa de dinheiros públicos], passam ao largo de qualquer tipo de taxação de bens patrimoniais, etc. .
Pedro Passos Coelho, e o PSD que o acompanha, sabe que o nosso sistema político contêm imensas portas para progredir no sentido de “reformas estruturais” verdadeiras que têm cabimento e estão legitimadas pela nossa Lei Fundamental.
Para já, Pedro Passos Coelho, quando fala em “reformas estruturais”, pretende três coisas:
Primeiro, aproveitar todo e qualquer buraco, à revelia das disposições constitucionais em vigor, para esmagar ou anular as prestações sociais existentes [resistentes];
Segundo, pretende alterar a Constituição – nomeadamente nos direitos sociais aí consagrados - para não ter que fazer constantes contorcionismos ao tentar impor soluções neoliberais;
Terceiro, uma vez conseguidas as duas premissas anteriores julga ter chegado a hora de governar tranquilamente, sem obstáculos, inclusive, de parceria com o FMI.
A “urgência” em alterar o texto constitucional não será uma manifestação de imaturidade ou de precipitação política do PSD. A revisão constitucional e, concomitantemente, a reeleição de Cavaco Silva, são os instrumentos estratégicos para implantar – em surdina - a “revolução neoliberal” em Portugal. E, conseguido isso, as “reformas estruturais”, naturalmente, suceder-se-ão [umas atrás das outras] nos diferentes sectores da sociedade, sem haver necessidade de reclamá-las. Em relação ao regime saído do 25 de Abril “essas reformas estruturais” – agora [ainda] reclamadas - serão o profundo substrato de mudança de paradigma político, em franca preparação.
Pedro Passos Coelho, mais do que um político imaturo e inexperiente, é um adolescente da política dominado [como qualquer púbere] por uma incontrolável impaciência. Por uma indisfarçável ilusão de que está à beira de conquistar o Mundo…
Então, o que pretende Pedro Passos Coelho dizer quando fala em “reformas estruturais”?
Pura e simplesmente o desmantelamento do Estado Social: cortes dramáticos nas prestações sociais, estrangulamento [orçamental] dos sistemas públicos de educação e saúde, liberalização dos despedimentos, sistemas privados [ou no mínimo mistos] de segurança social, etc.
Este chamamento às “reformas estruturais” nunca integram uma reforma fiscal, onde a distribuição da riqueza seja mais equitativa, nunca abrangem uma inversão da tributação de mais valias em contraponto com a espoliação dos rendimentos do trabalho, nunca abrangem as parcerias público-privadas [manancial de lucros do sector privado à custa de dinheiros públicos], passam ao largo de qualquer tipo de taxação de bens patrimoniais, etc. .
Pedro Passos Coelho, e o PSD que o acompanha, sabe que o nosso sistema político contêm imensas portas para progredir no sentido de “reformas estruturais” verdadeiras que têm cabimento e estão legitimadas pela nossa Lei Fundamental.
Para já, Pedro Passos Coelho, quando fala em “reformas estruturais”, pretende três coisas:
Primeiro, aproveitar todo e qualquer buraco, à revelia das disposições constitucionais em vigor, para esmagar ou anular as prestações sociais existentes [resistentes];
Segundo, pretende alterar a Constituição – nomeadamente nos direitos sociais aí consagrados - para não ter que fazer constantes contorcionismos ao tentar impor soluções neoliberais;
Terceiro, uma vez conseguidas as duas premissas anteriores julga ter chegado a hora de governar tranquilamente, sem obstáculos, inclusive, de parceria com o FMI.
A “urgência” em alterar o texto constitucional não será uma manifestação de imaturidade ou de precipitação política do PSD. A revisão constitucional e, concomitantemente, a reeleição de Cavaco Silva, são os instrumentos estratégicos para implantar – em surdina - a “revolução neoliberal” em Portugal. E, conseguido isso, as “reformas estruturais”, naturalmente, suceder-se-ão [umas atrás das outras] nos diferentes sectores da sociedade, sem haver necessidade de reclamá-las. Em relação ao regime saído do 25 de Abril “essas reformas estruturais” – agora [ainda] reclamadas - serão o profundo substrato de mudança de paradigma político, em franca preparação.
Pedro Passos Coelho, mais do que um político imaturo e inexperiente, é um adolescente da política dominado [como qualquer púbere] por uma incontrolável impaciência. Por uma indisfarçável ilusão de que está à beira de conquistar o Mundo…
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