Agências de rating colocam a sobrevivência da moeda europeia numa encruzilhada…
As agências de rating extravasam, despudoradamente, as suas competências e pretendem ser o governo financeiro [supranacional] do Mundo.
As suas competências são, à primeira vista, derivadas da capacidade de interpretar antecipadamente as reacções dos mercados e prever a actuação dos investidores. As ligações institucionais [formais ou informais] entre essas agências e os ditos mercados são subjectivas, nublosas, para não dizer suspeitas.
O facto das agências Fitch, Standard & Poor's e Moody’s pretenderem excluir, liminarmente, Portugal, Grécia, Irlanda e Espanha, da Zona Euro , põe a nu a estratégia do mundo financeiro face à moeda comum europeia, na ausência de políticas concertadas. Pretendem [os “mercados”] atacar - um a um - países que a conjuntura resultante de uma profunda crise mostrou debilidades orçamentais, da dívida pública e do crescimento económico. Contam com a hesitação do "eixo anglo-franco-alemão" para evitar que a UE possa organizar uma resposta em força, com eficiência e atempadamente.
Começa a ser notório e evidente que, ou avançamos para uma governação económica europeia, para a harmonização fiscal e criação de títulos de dívida europeia [eurobonds], ou os países da Euro Zona com dificuldades vão ser abatidos - um a um - numa sequência pré-determinada [obscuramente calendarizada pelos mercados]. O descalabro surgirá independentemente das políticas de austeridade, poupança e contenção orçamental que vêm sendo tomadas. O “massacre” especulativo tornou-se imparável...
O exemplo do Estado da Califórnia [a 8ª. economia mundial?] actualmente em situação de pré-insolvência, estar a passar incólume por esta crise a coberto pelas estruturas financeiras federais [nomeadamente o Fed] mostra-nos o caminho que, ainda, não soubemos trilhar. Também aqui, não será despiciendo o facto de estas agências estarem sedeadas nos States.
Não podemos ficar "suspensos" de medidas a tomar em 2013 quando o cerco dos mercados, e das agências de rating suas títeres, tiverem [já] destroçado o euro.
As declarações sobre Portugal [e outros países periféricos da UE] emanadas das agências de notação financeira, ensombram o futuro próximo.
A resposta da UE a este canino e feroz cerco ao euro tornou-se inadiável …
Como dizia Jean Cocteau:
“O futuro não pertence a ninguém. Não existem precursores, apenas existem retardatários…”
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