Voos da CIA em Portugal: recomeça a investigação...
Os voos da CIA vão ser novamente investigados – face à recente divulgação de documentos pelo site WikiLeaks - segundo revelou a Drª. Cândida Almeida, Directora do DCIAP.
São voos que, oficialmente, “não aconteceram”. Apesar de surgirem novos dados, que justificam a [re] abertura do processo de investigação pelo MP, são voos que continuam “a não ter acontecido”.
Criou-se um sério imbróglio à volta deste assunto. Uma questão que envolve as instituições democráticas portuguesas e a comissão eventual do Parlamento Europeu.
Já não existe maneira de tornar esta situação límpida e transparente. Existem danos de credibilidade que, por mais inquéritos que se efectuem, tornaram-se irreversíveis. Até ao momento, ninguém foi, formalmente, implicado ou julgado por conivência com uma eventual situação de violação dos Direitos Humanos [no que diz respeito ao enquadramento jurídico português] pelo que a presunção será de inocência.
Mas, em política, a inocência é, muitas vezes, uma fantasiosa visão da realidade.
Alguns, nomeadamente, a Administração do ex-presidente G. W. Bush, já tentaram “justificar” os atropelos aos Direitos Humanos com o álibi [político] do combate ao terrorismo internacional.
Alianças político-militares favorecem processos de contaminação [entre aliados] deste tipo de situações. São as "entente[s] cordiale[s]". Exemplo desses desvios é a circunstância do ex-1º. Ministro britânico, Tony Blair, que será novamente ouvido por uma comissão que investiga a participação da Grã-Gretanha na guerra do Iraque. Dificilmente, existe da parte do poder político um cabal esclarecimento dos factos. Nunca as "explicações" são satisfatórias.
A verdade é que – perante o evoluir da situação – a “questão dos voos da CIA” está, neste momento, envolvida numa densa névoa. O distanciamento histórico não tem sido esclarecedor quer para os protagonistas da guerra do Iraque, nem os seus aliados. E a “solução Guantámano” é ainda mais abrangente. Envolve, à revelia dos tratados e convenções internacionais, factos que vão desde o dramático 11 de Setembro, passando pela intervenção no Afeganistão, para desembocar na invasão do Iraque.
Guantámano é uma "nódoa civilizacional" na qual nenhum País civilizado quer conspurcar-se. Só G.W. Bush e a camarilha de neocons que o rodeou, consegue lidar, em nome de políticas securitárias, com tão gritantes atropelos humanitários.
As “revelações WikiLeads” não estavam previstas, nem seriam plausíveis no nebuloso e “fabricado” contexto que rodeou a meticulosa preparação da guerra e no desenvolvimento das suas múltiplas consequências. Independentemente das discussões à volta da legitimidade da utilização pública dos cables das Embaixadas americanas, das questões de segurança externa existentes ou empoladas, da situação delicada em que ficaram as "antenas" de informação no exterior [dos EUA], a verdade é que são “revelações” com um suporte diplomático, portadoras de veracidades [relevantes ou corriqueiras] e complicaram todo este imbróglio, enfiando-o num beco sem saída.
A porta para um recuo que preserve a dignidade dos múltiplos intervenientes políticos [directos e indirectos] nas guerras do Iraque e do Afeganistão e, colateralmente, na questão dos “voos da CIA”, tornou-se cada vez mais estreita.
O espaço de manobra para afirmações assertivas, para jactâncias do tipo “não aconteceram”, para deambulações à volta do tema, desapareceu, esfumou-se...
Segue-se uma nova fase. Que, como sabemos, no que diz respeito a Portugal, poderá não ser isenta de consequências políticas e institucionais.
São voos que, oficialmente, “não aconteceram”. Apesar de surgirem novos dados, que justificam a [re] abertura do processo de investigação pelo MP, são voos que continuam “a não ter acontecido”.
Criou-se um sério imbróglio à volta deste assunto. Uma questão que envolve as instituições democráticas portuguesas e a comissão eventual do Parlamento Europeu.
Já não existe maneira de tornar esta situação límpida e transparente. Existem danos de credibilidade que, por mais inquéritos que se efectuem, tornaram-se irreversíveis. Até ao momento, ninguém foi, formalmente, implicado ou julgado por conivência com uma eventual situação de violação dos Direitos Humanos [no que diz respeito ao enquadramento jurídico português] pelo que a presunção será de inocência.
Mas, em política, a inocência é, muitas vezes, uma fantasiosa visão da realidade.
Alguns, nomeadamente, a Administração do ex-presidente G. W. Bush, já tentaram “justificar” os atropelos aos Direitos Humanos com o álibi [político] do combate ao terrorismo internacional.
Alianças político-militares favorecem processos de contaminação [entre aliados] deste tipo de situações. São as "entente[s] cordiale[s]". Exemplo desses desvios é a circunstância do ex-1º. Ministro britânico, Tony Blair, que será novamente ouvido por uma comissão que investiga a participação da Grã-Gretanha na guerra do Iraque. Dificilmente, existe da parte do poder político um cabal esclarecimento dos factos. Nunca as "explicações" são satisfatórias.
A verdade é que – perante o evoluir da situação – a “questão dos voos da CIA” está, neste momento, envolvida numa densa névoa. O distanciamento histórico não tem sido esclarecedor quer para os protagonistas da guerra do Iraque, nem os seus aliados. E a “solução Guantámano” é ainda mais abrangente. Envolve, à revelia dos tratados e convenções internacionais, factos que vão desde o dramático 11 de Setembro, passando pela intervenção no Afeganistão, para desembocar na invasão do Iraque.
Guantámano é uma "nódoa civilizacional" na qual nenhum País civilizado quer conspurcar-se. Só G.W. Bush e a camarilha de neocons que o rodeou, consegue lidar, em nome de políticas securitárias, com tão gritantes atropelos humanitários.
As “revelações WikiLeads” não estavam previstas, nem seriam plausíveis no nebuloso e “fabricado” contexto que rodeou a meticulosa preparação da guerra e no desenvolvimento das suas múltiplas consequências. Independentemente das discussões à volta da legitimidade da utilização pública dos cables das Embaixadas americanas, das questões de segurança externa existentes ou empoladas, da situação delicada em que ficaram as "antenas" de informação no exterior [dos EUA], a verdade é que são “revelações” com um suporte diplomático, portadoras de veracidades [relevantes ou corriqueiras] e complicaram todo este imbróglio, enfiando-o num beco sem saída.
A porta para um recuo que preserve a dignidade dos múltiplos intervenientes políticos [directos e indirectos] nas guerras do Iraque e do Afeganistão e, colateralmente, na questão dos “voos da CIA”, tornou-se cada vez mais estreita.
O espaço de manobra para afirmações assertivas, para jactâncias do tipo “não aconteceram”, para deambulações à volta do tema, desapareceu, esfumou-se...
Segue-se uma nova fase. Que, como sabemos, no que diz respeito a Portugal, poderá não ser isenta de consequências políticas e institucionais.
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