O silêncio é d'oiro...?
O Presidente da República aproveitou a deixa de Durão Barroso para apelar - já é a 2ª. vez que o faz! - ao silêncio, evitando comentar a crise da dívida soberana.
Referenciou os ditos mercados, com a suave expressão de "nossos credores" e identificou-os como "companhias de seguros, os fundos de pensões, os fundos soberanos, os bancos internacionais e os cidadãos espalhados por esse mundo fora..." link
Referenciou os ditos mercados, com a suave expressão de "nossos credores" e identificou-os como "companhias de seguros, os fundos de pensões, os fundos soberanos, os bancos internacionais e os cidadãos espalhados por esse mundo fora..." link
Na verdade, um Presidente da República não pode enveredar por esse caminho. É seu dever falar claro, ser verdadeiro.
E falar claro seria afirmar que com as drámaticas disposições do OE/2011 - que se prepara para promulgar - os tais credores para além de ignorarem os nossos sacrifícios, a nossa severa austeridade, continuam a especular sobre a dívida pública portuguesa. Os credores são, de facto, especuladores.
Porque teremos de pactuar - em silêncio - com esses gananciosos "arranjistas"?
Porque o silêncio é d'oiro e esperamos capitalizar algum para cobrir a dívida soberana?
Ou para não "irritar" os mercados que se estão borrifando para nós?
O silêncio seria, portanto, manhoso. E a manhosice em política não me parece adequada para quem [ao que parece] já nasceu duas vezes [a 1ª há 10 anos como PM e a 2ª. há 5 como PR].
Basta de restrições, de sugestões, que não conduzem a nada... Só nos aviltam!
Senhor Presidente: Nós [portugueses] até poderíamos [numa inqualificável atitude calculista] aceitar ficar calados, engolir os insultos, não injuriar, mas um homem com a experiência que V. Exª alardeia saberá que "os mercados" adivinhariam os nossos pensamentos. E, como deve imaginar o que pensamos não é propriamente abonatório [quer para os mercados, quer para os prestimosos "silenciadores" de justos sentimentos].
Escreveu Racine, no séc. XVII, na sua famosa obra dramática "Andrômaca":
"Temo os vossos silêncios, não as vossas injúrias..."
Basta de restrições, de sugestões, que não conduzem a nada... Só nos aviltam!
Senhor Presidente: Nós [portugueses] até poderíamos [numa inqualificável atitude calculista] aceitar ficar calados, engolir os insultos, não injuriar, mas um homem com a experiência que V. Exª alardeia saberá que "os mercados" adivinhariam os nossos pensamentos. E, como deve imaginar o que pensamos não é propriamente abonatório [quer para os mercados, quer para os prestimosos "silenciadores" de justos sentimentos].
Escreveu Racine, no séc. XVII, na sua famosa obra dramática "Andrômaca":
"Temo os vossos silêncios, não as vossas injúrias..."
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