O 30.º aniversário da morte de Sá Carneiro e a eleição de Cavaco
A direita, nos períodos de grande agitação e angústia, exuma a memória de Sá Carneiro e regressa a mais uma comissão de inquérito ao acidente.
Se foi acidente ou sabotagem não há opinião consistente, há crenças que têm crises e exaltações da fé ao sabor dos interesses eleitorais e das guerras intestinas no seio da direita, há oito comissões de inquérito.
Sá Carneiro foi ontem homenageado mais por oportunismo do que por convicção e as suas maiores qualidades foram esquecidas e o cortejo fúnebre dos órfãos políticos exaltou o que lhes convém.
Não celebraram o fundador do PPD que, antes, na Assembleia Nacional defendeu a liberdade de imprensa, em ditadura, nem o parlamentar corajoso que, com os discursos censurados, renunciou ao lugar de deputado porque a ditadura não se regenerava, nem o homem decidido que vivia com uma grande mulher, Snu Abecasis, dona das Edições D. Quixote, que o acompanhou na morte trágica, e a quem a Concordata vedou o direito ao casamento por proibir o divórcio do primeiro matrimónio a Sá Carneiro.
Ninguém referiu, que eu saiba, que o bispo de Braga, Eurico Dias Nogueira, lhe negou o direito ao funeral religioso por viver «amancebado» e que o mesmo teve lugar para criar a encenação que levasse à presidência da República o obscuro general Soares Carneiro, ex-director do campo de tortura de S. Nicolau, em Angola, escolha que não honrou Sá Carneiro.
Ontem lá passaram pela televisão os comparsas do costume. Paulo Portas fez o papel de Adelino Amaro da Costa e o sorumbático Ramalho Eanes, contra quem Sá Carneiro ia discursar, se não tivesse perecido, juntou-se ao coro das carpideiras como presidente da comissão de honra de Cavaco Silva.
E ninguém disse que Sá Carneiro considerava desnecessária a Concordata que Durão Barroso viria a assinar e, certamente, a presença de muitos oportunistas que, tal como no seu funeral, voltaram a usar as cerimónias fúnebres como marketing eleitoral.
Sá Caneiro merecia melhor do que Eanes (o que a Universidade de Navarra faz), Paulo Portas e Cavaco. Merecia uma homenagem apartidária pela sua coragem, determinação e importância no processo democrático português. Com os seus defeitos e as suas virtudes que, em doses elevadas, fizeram dele uma personalidade que a morte trágica engrandeceu.
Se foi acidente ou sabotagem não há opinião consistente, há crenças que têm crises e exaltações da fé ao sabor dos interesses eleitorais e das guerras intestinas no seio da direita, há oito comissões de inquérito.
Sá Carneiro foi ontem homenageado mais por oportunismo do que por convicção e as suas maiores qualidades foram esquecidas e o cortejo fúnebre dos órfãos políticos exaltou o que lhes convém.
Não celebraram o fundador do PPD que, antes, na Assembleia Nacional defendeu a liberdade de imprensa, em ditadura, nem o parlamentar corajoso que, com os discursos censurados, renunciou ao lugar de deputado porque a ditadura não se regenerava, nem o homem decidido que vivia com uma grande mulher, Snu Abecasis, dona das Edições D. Quixote, que o acompanhou na morte trágica, e a quem a Concordata vedou o direito ao casamento por proibir o divórcio do primeiro matrimónio a Sá Carneiro.
Ninguém referiu, que eu saiba, que o bispo de Braga, Eurico Dias Nogueira, lhe negou o direito ao funeral religioso por viver «amancebado» e que o mesmo teve lugar para criar a encenação que levasse à presidência da República o obscuro general Soares Carneiro, ex-director do campo de tortura de S. Nicolau, em Angola, escolha que não honrou Sá Carneiro.
Ontem lá passaram pela televisão os comparsas do costume. Paulo Portas fez o papel de Adelino Amaro da Costa e o sorumbático Ramalho Eanes, contra quem Sá Carneiro ia discursar, se não tivesse perecido, juntou-se ao coro das carpideiras como presidente da comissão de honra de Cavaco Silva.
E ninguém disse que Sá Carneiro considerava desnecessária a Concordata que Durão Barroso viria a assinar e, certamente, a presença de muitos oportunistas que, tal como no seu funeral, voltaram a usar as cerimónias fúnebres como marketing eleitoral.
Sá Caneiro merecia melhor do que Eanes (o que a Universidade de Navarra faz), Paulo Portas e Cavaco. Merecia uma homenagem apartidária pela sua coragem, determinação e importância no processo democrático português. Com os seus defeitos e as suas virtudes que, em doses elevadas, fizeram dele uma personalidade que a morte trágica engrandeceu.
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