Homo homini lupus
«O homem é o lobo do homem» mas alguém tem de pôr ordem na alcateia. A força com que alguns defendem o que lhes sobra só é comparável com a debilidade de muitos em conseguir o que lhes falta.
A democracia, oferecida por um grupo de militares, logo afastados e prejudicados nas suas carreiras, cedo foi confiscada pelas classes que, já na ditadura, eram privilegiadas. Os frutos do crescimento económico foram confiscados por corporações profissionais enquanto o fosso entre os ordenados maiores e os menores não parou de acentuar-se.
É frágil a democracia que não tem em conta os aspectos económicos e sociais. De pouco vale a quem perde o emprego, vive inseguro ou vê vedado o acesso ao mercado do trabalho.
Nunca o egoísmo atingiu um grau tão elevado nem a insensibilidade social chegou tão longe. Através das Ordens, tumores corporativos que pululam como cogumelos, há classes que se atrevem a definir como, quando e quem pode entrar.
Os privilegiados não abdicam de regalias, tantas vezes imorais e obscenas, quando o erário público não comporta os compromissos assumidos. Os direitos adquiridos são respeitáveis mas também a vida é um desses direitos e caduca sem aviso prévio.
Após as greves dos poderosos, virão desempregados, trabalhadores sazonais e jovens à procura do primeiro emprego a exigir, desesperados, a inclusão e a ameaçar a opulência, a segurança e a arrogância dos que se repoltreiam à farta na débil mesa do orçamento. Estes, refractários à solidariedade, só à força aceitarão a justiça social.
A democracia, oferecida por um grupo de militares, logo afastados e prejudicados nas suas carreiras, cedo foi confiscada pelas classes que, já na ditadura, eram privilegiadas. Os frutos do crescimento económico foram confiscados por corporações profissionais enquanto o fosso entre os ordenados maiores e os menores não parou de acentuar-se.
É frágil a democracia que não tem em conta os aspectos económicos e sociais. De pouco vale a quem perde o emprego, vive inseguro ou vê vedado o acesso ao mercado do trabalho.
Nunca o egoísmo atingiu um grau tão elevado nem a insensibilidade social chegou tão longe. Através das Ordens, tumores corporativos que pululam como cogumelos, há classes que se atrevem a definir como, quando e quem pode entrar.
Os privilegiados não abdicam de regalias, tantas vezes imorais e obscenas, quando o erário público não comporta os compromissos assumidos. Os direitos adquiridos são respeitáveis mas também a vida é um desses direitos e caduca sem aviso prévio.
Após as greves dos poderosos, virão desempregados, trabalhadores sazonais e jovens à procura do primeiro emprego a exigir, desesperados, a inclusão e a ameaçar a opulência, a segurança e a arrogância dos que se repoltreiam à farta na débil mesa do orçamento. Estes, refractários à solidariedade, só à força aceitarão a justiça social.
Comentários
Gostei do texto, talvez por me parecer estar influenciado pelos mais nobres ideais comunistas, ou estou enganado?
A solidariedade e a justiça social são ideais que não carecem de um adjectivo partidário.
Eu exprimo pontos de vista pessoais sem abandonar os afectos e ideais que me podem aproximar de uma das formações partidárias existentes.
Não defendo o igualitarismo material nem a apropriação colectiva dos meios de produção.
Conheço demasiado bem, pela história, a perversão e desastre de várias utopias.
Defendo o papel regulador do Estado para que o ultraliberalismo não destrua a classe média.
E sou partidário da redução do leque salarial praticado pelo Estado que chegou a ser excessivamente curto em 1975 e é obscenamente largo nos tempos que correm.
Dou-lhe exemplos europeus que se aproximam dos meus desejos.
Na sua opinião (presumo que um liberal assumido) a CGD, o Banco de Portugal, e qualquer participação no capital de espresas estratégicas, deviam passar para os privados.
Passem os Caminhos de Ferro!
Um dia vão querer os tribunais, as Forças Armadas e a Polícia privatizados.
Já faltou mais.
Qaulquer social-democracia que se preze tem um modelo social de protecção. E o leque salarial nunca atinge a disparidade que a mim me choca e a si não.
São estas divergências que certamente nos fazem ter opções políticas diferentes.Digo-o sem azedume ou crítica.
É do princípio da contradição que nasce a síntese que balizará o nosso futuro colectivo.
...quando á redução do estado ao mínimo...digamos...que deve existir um espaço médio de intervenção pública...
...um abraço...
para as gerações abaixo dos 35 anos de idade a situação é desesperante, e portugal não oferece qualquer perspectivas de um futuro digno às pessoas que querem trabalhar sem se submeterem à prepotência de um sistema controlado por quem já conseguiu instalar-se.
só não concordo com uma coisa: a comparação com os lobos... os lobos, no seio da alcateia, são muito mais solidários que os homens, e eu, como descendente dessa nobre espécie tão deprezada pelos homens, mas que ainda assim insiste em não se extinguir deixo aqui o meu protesto.
melhor seria que comparassemos portugal com um ninho de ratazanas gordas que se alimentam dos ratos mais pequenos, e que, quando têm falta de espaço se devoram umas às outras...
Obrigado pela solidariedade e o humor.
Também subscrevo o teu comentário.
Abraço.
Não escondo que "opino" sobre a motivação da "crispação". Se o poder é absoluto é mesmo para ser absoluto. Vem da maioria. Como nos lembramos de há alguns anos, o que quer quem manda e nomeia e controla, é fazê-lo sem grandes contrariedades. Antes eram as "forças de bloqueio" e o "deixem-me trabalhar". Se houver gente independente e com espinha dentro da engrenagem a coisa não irá tão bem. Lembro os problemas da tribo "orange" com o pres. do tribunal de contas, anos atrás. A tribo "pink" começou já a prevenir o conflito. E os jornalistas, quando lhes chegar a "febre" da crítica livre, vão parar à prateleira (nada de novo).
Alguém pensará que o nosso PM não quer o mesmo que Berlusconi? Está na natureza do poder. O estado e o povo que se trame.