República e laicidade
Publicado no «Diário as Beiras», hoje:
Organizado pelo Conselho da Cidade de Coimbra e Pro Urbe, em 27 de Setembro último, houve um debate público no Auditório da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra com os quatro candidatos autárquicos.
Perguntei publicamente, na qualidade de membro da Associação República e Laicidade, se os candidatos se comprometiam a arranjar um local condigno para os mortos que não fossem católicos, bem como um forno crematório para quem preferisse a incineração ao enterro.
Obtive a compreensão dos quatro candidatos e, para além do crematório que o Dr. Carlos Encarnação aproveitou para anunciar, foram unânimes em reconhecer a necessidade de um espaço condigno onde ateus, agnósticos e outros pudessem ser velados, sem imposição de símbolos religiosos.
No dossiê «Autárquicas» de 4 de Outubro, sob o título «A morte também é tema de campanha» leio, perplexo: «No bairro onde se situa o maior cemitério do concelho, foi reivindicada uma capela mortuária e prometido um forno crematório».
Faz falta uma capela mortuária numa cidade onde sobram catedrais, igrejas, capelas e outros pios locais onde jorra água benta e emana incenso?
Os que em vida tiveram uma pituitária alérgica ao cheiro das velas, tímpanos avessos às orações e olhos apáticos às sotainas, não têm direito a local digno, liberto de iconografia religiosa, onde os familiares e amigos estejam ao abrigo do latim e do cantochão?
É de um espaço neutro, liberto da omnipresença católica, que a cidade de Coimbra precisa. E foi isso que foi prometido.
Nem outra coisa é de esperar de quem exerce o poder num país laico, mesmo de quem acredita que a devoção abre as portas do Paraíso. É uma exigência cívica de respeito pela Constituição e pelos outros.
Comentários
O que o senhor disse ofende tudo e todos.
É exagerado e demagógico.
O senhor defende a vandalização?
Como é possível ainda haver pessoas que se dizem de bem e a ombrear na porta de entrada deste blog?
Sinceramente, o senhor anda perdido.
Para além de jaez ser do género masculino, o seu desrespeito não é apenas pela gramática, é também por quem não tem as mesmas crenças.
Intolerantes há muitos mas o senhor abusa.
Olhe que a inquisição já acabou.
o crematório prometido resultará também de uma parceria com a Misericórdia. Ou seja, está muito perto de envolver sotainas.
Abraço amigo.
Agradeço a informação que, aliás, o Dr. Carlos Encarnação me deu pessoalmente.
Não me repugna que seja a Misericórdia a proprietária do negócio embora preferisse outro tipo de empresa.
A cremação não é para mim uma questão ideológica, é a resposta a um grave problema que os meios urbanos enfrentam quanto ao espaço para os cadáveres.
E é ainda um problema de saúde pública pela contaminação que a decomposição dos corpos leva aos lençóis freáticos.
O recém licenciado em Serviço Social, que se auto intitula sociólogo, é um autentico labirinto cheio de Paredes... Quando chega ao fim diz mal de todos.
Vejamos:
1-Está comigo, diz bem dele próprio e mal de ti...
2-Está contigo, diz bem dele próprio e mal de mim...
3-Está com o Deputado, diz bem dele próprio e mal de outros...
4-Está com outros, diz bem dele próprio e mal do Deputado...
5-Está com o Ceirão, diz bem dele próprio e mal de outros...
6-Está com outros, diz bem dele próprio e que o Ceirão nem era o seu candidato...
7-Está com o Monteiro, diz bem dele próprio e mal do Cunha...
8-Está com o Cunha, diz bem dele próprio e mal do Monteiro...
9-Está com o Baptista, diz bem dele próprio e mal do Cunha...
10-Está com o Cunha, diz bem dele próprio e mal das meias brancas do Baptista...
11-Está com a Natércia, diz bem dele próprio e mal do Sarmento
12-Está com o Sarmento, diz bem dele próprio e mal da Natércia...
Mas... Quando é apanhado no labirinto, a culpa nunca é dele... Mente, mente, mente... Jura, jura, jura... Até pelas alminhas e pelos cheques carecas que passa...
São todos tão maus para ele... Mas, no final, qual artista circense acha que as palmas se devem ao seu bom desempenho perante os leões, esquecendo-se que o seu nariz pode ser alvo da cobiça do Batatoon...
1- Conseguir passar um cheque... careca!
2- Vir embora do IPJ... Mas ficar com os móveis!
3- Concorrer à concelhia... ficar em segundo!
4- Ter um carro novo... de uma IPSS!
5- Concorrer à JF de Buarcos... Sair derrotado!
6- Apostar no Sarmento... fugir a meio!
7- Querer ser vereador... esperar que apareça escrito nas estrelas!
8- Educador da JS da Figueira... que não existe!
9- Comer em todo lado... e não pagar!
10- Receber fundos comunitários... e mandar formandos ficar em casa!
11- Ser Sociólogo... e acabar com o curso de Serviço Social!
Resolução:
A única futura certeza de AJP é ser administrador do seu condomínio... Quando viver numa moradia!
Além de os seus comentáriso serem despropositados em relação ao texto, podem revestir calúnias que o anonimato acoberta.
Custa-me apagar comentários. Quando são comigo, por mais torpes que sejam, ficam para vergonha de quem os fez.
Calúnias anónimas talvez seja de apagar.
Refere exactamente o contrário do que penso. Claro que um cemitério (propriedade das Câmaras Municipais) se destina a todos os mortos sem excepção. Isso é tão óbvio que não merece mais comentários.
Eu apenas pretendo que haja um espaço neutro para velar os mortos que não são católicos.
Pretendo um espaço sem iconografia religiosa onde todos, incluindo católicos, possam colocar os seus símbolos (desportivos, religiosos, políticos ou outros) nas horas que precedem o enterro ou a cremação.
Exactamente por pretender esse mínimo de neutralidade é que o alertei em relação ao Protocolo com a Misericórdia. Para além das questões (bastante pertinentes, aliás) que aflorou relativamente à saúde pública, o crematório deverá também "contemplar" uma garantia absoluta de laicidade em todo o processo.
Sabemos que a Igreja Católica é um pouco avessa a esta questão. No entanto, temo que, dado que o futuro crematório irá ser instalado no Cemitério e "explorado" pela Misericórdia, aquele objectivo seja beliscado nomeadamente pela utilização de imagens e símbolos religiosos.
- Gostaria de saber onde se situa a "catedral" de Coimbra dado que já é a segunda vez que a ela se refere.
Eu logo vi que você tinha falta de alguma coisa e agora fez-se luz (obrigado EDP) e já sei o que é, são três dos cinco sentidos, a saber:
- OLFACTO «uma pituitária alérgica ao cheiro das velas»;
- AUDIÇÃO «tímpanos avessos às orações»;
- VISÃO «olhos apáticos às sotainas»;
Claro está que lhe “sobra” o TACTO que no entanto e na maior parte das vezes é inexistente e o PALADAR que está embotado pelos excessos da vida.
Mas não desespere porque a vida é cheia de surpresas e quem sabe se você na próxima (r)E(i)NCARNAÇÃO, é certo que um bocado chamuscado pela (co)incineração, poderá renascer liberto das peias de um excesso de republicanismo militante…
No entanto bem-haja por existir para que eu possa estar aqui a intervir (não só rima como fica sempre bem afagar o ego do oponente mesmo parecendo, só um bocadinho, crápula).
Tem razão quanto às catedrais. São apenas Sés. Mas há ainda conventos entre os pios locais de que a cidade está cheia.
Sé pode ser sinónimo de Catedral.
Por isso é que não se deve dizer Sé Catedral (é o mesmo que dizer branco branco, ou tinto tinto, tanto faz...)
Catedral = a igreja que está directamente dependente do bispo. Em Coimbra, a Sé Nova, que por isso é a Catedral de Coimbra.
«Exactamente por pretender esse mínimo de neutralidade é que o alertei em relação ao Protocolo com a Misericórdia.»
RE: Percebi isso e notei a solidariedade. No entanto, é difícil evitar que as Igrejas abdiquem do negócio da morte.
Veja a tolerância do primeiro anónimo, cuja fé não contesto, que está tão próximo de Torquemada.
Talvez as multinacionais, que tão pouco aprecio, respeitem mais a diversidade religiosa.
A vocação totalitária das igrejas está intimamente ligada ao proselitismo.
Todas são a única verdadeira, a única que conduz à salvação eterna, donde se conclui que todas são falsas menos uma, na melhor das hipóteses. E, provavelmente, nenhuma.
CONCORDO ABSOLUTAMENTE.
COIMBRA É A CIDADE PORTUGUESA QUE TEM MAIS LOJAS DESTE NEGÓCIO - IGREJAS GRANDES E PEQUENAS, ORATÓRIOS, CAPELAS E CAPELINHAS.
NÃO É UMA IDEIA FELIZ PARA QUEM NÃO DEPENDE DE DEUSES PARA VIVER.
E DEPOIS, NEM NA MORTE NOS LIVRAMOS DELES.
APANHAMOS COM ELES NO BAPTISMO (AINDA NÃO SABEMOS, NEM SABEMOS AFIRMAR A NOSSA REPUGNÂNCIA), ESQUIVAMO-NOS NO CASAMENTO (GRAÇAS A DEUS JÁ O PODEMOS FAZER NESTA OCASIÃO) MAS DEPOIS LÁ VÊM OS ABUTRES COM REZAS, TERÇOS E LADAINHAS AO BATER DAS BOTAS...
Tavira é bem mais pequena do que Coimbra e tem mais igrejas!
E esta?!
Não sei o que é que estás a vender mas, pelo sim e pelo não, compro três pacotes.