Notas Soltas - Setembro/2005
Iraque – Depois dos falsos pretextos para a agressão, o fracasso dos objectivos foi ainda pior para a credibilidade dos invasores e trágico para os invadidos. Tudo o que podia correr mal, corre diariamente mal e da pior maneira.
EUA – A agravar a tragédia que o furacão Katrina levou a Nova Orleães, somou-se a inépcia e incúria da administração Bush para enfrentar a catástrofe, limitar a dimensão e reduzir o número de vítimas, quase sempre negras e pobres.
Tempestades tropicais – Cientistas atribuem o aumento, em número e violência, ao aquecimento do oceano Atlântico que, a partir dos 270, cria humidade suficiente para favorecê-las, mas os EUA desprezam o protocolo de Quioto e o aquecimento global.
Al-Qaeda – Os fanáticos que perpetraram o atentado de Londres, e muitos outros, são terroristas que constituem o braço armado de um Deus que urge combater para salvar a civilização.
Festa do Avante – A organização, entusiasmo e bom gosto fazem deste evento um momento raro de cultura e boa propaganda do PCP. É pena que outros partidos não tenham a mesma capacidade organizativa e mobilizadora.
Empresas públicas – A moralização e transparência das remunerações e regalias acessórias dos gestores é uma decisão inédita e irrecusável perante as medidas de contenção que afectam a generalidade dos portugueses.
Francisco Vilar – A mudança para Almeida deste sacerdote católico é uma boa notícia. É um democrata de antes do 25 de Abril, um cidadão exemplar, que enfrentou a ditadura e arrostou com a animosidade do bispo de então. Bem-vindo padre Chico.
Noruega – Na sequência da vitória eleitoral da esquerda, demitiu-se o Governo de direita, como é natural em democracia.
Chile – Foram apuradas as responsabilidades pessoais de Pinochet em vários crimes cometidos pelo seu regime terrorista bem como os negócios em que se envolveu. Assassino e ladrão, acaba a vida humilhado, depois de ter perdido a im(p)unidade.
ONU – A Assembleia Geral fracassou, sem as reformas «globais e básicas» desejadas por Kofi Annan. Assim, ficam mais frágeis a paz, os direitos do homem e o desenvolvimento dos povos que, ao longo de 60 anos, a ONU se esforçou por preservar.
Vaticano – Bento XVI recebeu Bernard Fellay, líder da Fraternidade Sacerdotal S. Pio X, com a prévia aceitação do fim da excomunhão. A sedução pela extrema-direita é uma marca deste pontificado que o encontro com o teólogo Hans Küng não disfarça.
Irão – A insistência no programa nuclear por um país dirigido pelo clero, é uma ameaça acrescida e um motivo adicional de inquietação para quem sabe do que é capaz o fanatismo religioso.
Alemanha – As medidas de austeridade do chanceler G. Schroeder alienaram eleitores mas a direita recuou. Criou-se um impasse e Angela Merkel sofreu um amargo dissabor. Os alemães recearam demasiado a direita CDU/CSU para lhe dar a maioria.
Simon Weisenthal – Morreu aos 96 anos o célebre judeu austríaco, «caçador de nazis», sobrevivente de campos de concentração, que dedicou a vida a organizar um centro de documentação e a procurar criminosos que entregou à justiça. Mais de 1.100.
Mário Soares – Coragem, lucidez e cultura fazem dele um caso singular. Nos últimos dez anos pronunciou-se sobre todos os grandes temas. Não se refugiou em silêncios, não se escondeu, condenou a invasão do Iraque e previu as consequências.
Cavaco Silva – É falta de respeito pelo eleitorado a manutenção do tabu, deixando aos vassalos do costume e aos arrivistas de ocasião que lhe façam a campanha sem o ónus de se expor. A atitude não dignifica o lugar que todos sabem que disputará.
Manuel Alegre – A insistência na candidatura presidencial de um dos maiores lutadores contra o fascismo é, nas actuais circunstâncias, um acto quixotesco que abre feridas no PS e prejudica a candidatura de esquerda.
Autárquicas – A possibilidade de vitória de candidatos a contas com a justiça e, num caso, já condenado a pesada pena de prisão, é uma decepção para quem acredita no discernimento dos eleitores e na superioridade moral da democracia.
Polónia – A viragem à direita, de forma acentuada e radical, deixa um país mais céptico em relação à Europa, mais ressentido com a Rússia, mais subserviente ao clero e a sonhar com os EUA. É difícil a moderação depois de regimes autoritários.
Cascais – A mãe e os cinco filhos que arderam numa barraca do Fim do Mundo são uma trágica metáfora do Terceiro Mundo que persiste na parte de trás do luxo e ostentação de um concelho sofisticado e rico.
Monumento ao 25 de Abril em Almeida – O decurso de eleições autárquicas não é o momento certo para a decisão inevitável.
EUA – A agravar a tragédia que o furacão Katrina levou a Nova Orleães, somou-se a inépcia e incúria da administração Bush para enfrentar a catástrofe, limitar a dimensão e reduzir o número de vítimas, quase sempre negras e pobres.
Tempestades tropicais – Cientistas atribuem o aumento, em número e violência, ao aquecimento do oceano Atlântico que, a partir dos 270, cria humidade suficiente para favorecê-las, mas os EUA desprezam o protocolo de Quioto e o aquecimento global.
Al-Qaeda – Os fanáticos que perpetraram o atentado de Londres, e muitos outros, são terroristas que constituem o braço armado de um Deus que urge combater para salvar a civilização.
Festa do Avante – A organização, entusiasmo e bom gosto fazem deste evento um momento raro de cultura e boa propaganda do PCP. É pena que outros partidos não tenham a mesma capacidade organizativa e mobilizadora.
Empresas públicas – A moralização e transparência das remunerações e regalias acessórias dos gestores é uma decisão inédita e irrecusável perante as medidas de contenção que afectam a generalidade dos portugueses.
Francisco Vilar – A mudança para Almeida deste sacerdote católico é uma boa notícia. É um democrata de antes do 25 de Abril, um cidadão exemplar, que enfrentou a ditadura e arrostou com a animosidade do bispo de então. Bem-vindo padre Chico.
Noruega – Na sequência da vitória eleitoral da esquerda, demitiu-se o Governo de direita, como é natural em democracia.
Chile – Foram apuradas as responsabilidades pessoais de Pinochet em vários crimes cometidos pelo seu regime terrorista bem como os negócios em que se envolveu. Assassino e ladrão, acaba a vida humilhado, depois de ter perdido a im(p)unidade.
ONU – A Assembleia Geral fracassou, sem as reformas «globais e básicas» desejadas por Kofi Annan. Assim, ficam mais frágeis a paz, os direitos do homem e o desenvolvimento dos povos que, ao longo de 60 anos, a ONU se esforçou por preservar.
Vaticano – Bento XVI recebeu Bernard Fellay, líder da Fraternidade Sacerdotal S. Pio X, com a prévia aceitação do fim da excomunhão. A sedução pela extrema-direita é uma marca deste pontificado que o encontro com o teólogo Hans Küng não disfarça.
Irão – A insistência no programa nuclear por um país dirigido pelo clero, é uma ameaça acrescida e um motivo adicional de inquietação para quem sabe do que é capaz o fanatismo religioso.
Alemanha – As medidas de austeridade do chanceler G. Schroeder alienaram eleitores mas a direita recuou. Criou-se um impasse e Angela Merkel sofreu um amargo dissabor. Os alemães recearam demasiado a direita CDU/CSU para lhe dar a maioria.
Simon Weisenthal – Morreu aos 96 anos o célebre judeu austríaco, «caçador de nazis», sobrevivente de campos de concentração, que dedicou a vida a organizar um centro de documentação e a procurar criminosos que entregou à justiça. Mais de 1.100.
Mário Soares – Coragem, lucidez e cultura fazem dele um caso singular. Nos últimos dez anos pronunciou-se sobre todos os grandes temas. Não se refugiou em silêncios, não se escondeu, condenou a invasão do Iraque e previu as consequências.
Cavaco Silva – É falta de respeito pelo eleitorado a manutenção do tabu, deixando aos vassalos do costume e aos arrivistas de ocasião que lhe façam a campanha sem o ónus de se expor. A atitude não dignifica o lugar que todos sabem que disputará.
Manuel Alegre – A insistência na candidatura presidencial de um dos maiores lutadores contra o fascismo é, nas actuais circunstâncias, um acto quixotesco que abre feridas no PS e prejudica a candidatura de esquerda.
Autárquicas – A possibilidade de vitória de candidatos a contas com a justiça e, num caso, já condenado a pesada pena de prisão, é uma decepção para quem acredita no discernimento dos eleitores e na superioridade moral da democracia.
Polónia – A viragem à direita, de forma acentuada e radical, deixa um país mais céptico em relação à Europa, mais ressentido com a Rússia, mais subserviente ao clero e a sonhar com os EUA. É difícil a moderação depois de regimes autoritários.
Cascais – A mãe e os cinco filhos que arderam numa barraca do Fim do Mundo são uma trágica metáfora do Terceiro Mundo que persiste na parte de trás do luxo e ostentação de um concelho sofisticado e rico.
Monumento ao 25 de Abril em Almeida – O decurso de eleições autárquicas não é o momento certo para a decisão inevitável.
Comentários
O seu comentário foi apagado por:
- Nada ter a ver com o texto publicado;
- Ser a segunda vez que o publica.
Lamento que um comentário favorável à esquerda tenha essa sorte.
Se estivéssemos de acordo em tudo, um seria satélite do outro, o que a personalidade e o percurso de ambos não poderia tolerar.
Mas é já uma honra e uma satisfação o muito que partilhamos.
Por este andar você arrisca-se a ganhar uma comenda quando o dito for inaugurado.