SMTUC fora da lei?
Dirigido aos jornais de Coimbra e aos blogs, acabo de receber este e-mail:
«Esta empresa viatv.com.pt, informa que tem este exclusivo.
Quem foi que ofereceu? MANUEL DE OLIVEIRA, MANUEL REBANDA OU CARLOS ENCARNAÇÃO?
SERÁ QUE ELE SABE DISTO? SERÁ MAIS UM CASO COMO O DA TERESA VIOLANTE?
A bem da transparência da coisa pública, queiram V.E.xas, indagar sobre a existência e legalidade de concurso público, contrato, ou outro tipo de acordo sobre a emissão de televisão nos autocarros dos SMTUC, recorde-se que o regulamento dos SMTUC diz: «Todas as ofertas de espaços publicitários que os SMTUC entenderem por convenientes serão divulgados na imprensa».
Para este caso concreto não se conhece nenhum anúncio.
O referido regulamento não refere os valores para o aluguer/instalação de televisões com publicidade, no interior dos autocarros. O que se passa?
Quem ganha com este silêncio?
Não tenham medo!Anexo: regulamento
a) imolive1@sapo.pt
Nota: Não pressentindo calúnias nem difamação, a bem da transparência, entendo que merece ser publicado no «Ponte Europa».
Comentários
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A pensão mensal que lhe foi atribuída ascende a 3.035 euros (608 contos), um valor bastante acima do seu vencimento como vereador.
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A generosidade estatal decorre da categoria com que foi aposentado - técnico superior de 1ª classe, segundo o «Diário da República» - apesar de as suas habilitações literárias se ficarem pelo antigo Curso Geral do Comércio, equivalente ao actual 9º ano de escolaridade.
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A contagem do tempo de serviço de Vasco Franco é outro privilégio raro, num país que pondera elevar a idade de reforma para os 68 anos, para evitar a ruptura da Segurança Social.
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O dirigente socialista entrou para os quadros do Ministério da Administração Interna em 1972, e dos 30 anos passados só ali cumpriu sete de dedicação exclusiva; três foram para o serviço militar e os restantes 20 na vereação da Câmara de Lisboa, doze dos quais a tempo inteiro.
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Vasco Franco diz que é tudo legal e que a lei o autoriza a contar a dobrar 10 dos 12 anos como vereador a tempo inteiro.Triplicar o salário. Já depois de ter entregue o pedido de reforma, Vasco Franco foi convidado para administrador da Sanest, com um ordenado líquido de 4000 euros mensais (800 contos). Trata-se de uma sociedade de capitais públicos, comparticipada pelas Câmaras da Amadora, Cascais, Oeiras e Sintra e pela empresa Águas de Portugal, que gere o sistema de saneamento da Costa do Estoril. O convite partiu do reeleito presidente da Câmara da Amadora, Joaquim Raposo, cuja mulher é secretária de Vasco Franco na Câmara de Lisboa. O contrato, iniciado em Abril, vigora por um período de 18 meses.
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A acumulação de vencimentos foi autorizada pelo Governo mas, nos termos do acordo, o salário de administrador é reduzido em 50% - para 2000 euros - a partir de Julho, mês em que se inicia a reforma, disse ao EXPRESSO Vasco Franco.
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Não se ficam, no entanto, por aqui os contributos da fazenda pública para o bolo salarial do dirigente socialista reformado. A somar aos mais de 5000 euros da reforma e do lugar de administrador,
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Vasco Franco recebe ainda mais 900 euros de outra reforma, por ter sido ferido em combate em Moçambique já depois do 25 de Abril (????????), e cerca de 250 euros em senhas de presença pela actuação como vereador sem pelouro.
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Contas feitas, o novo reformado triplicou o salário que auferia no activo, ganhando agora mais de 1200 contos limpos. Além de carro, motorista, secretária, assessores e telemóvel.
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Pedro Alegrete
Vamos por partes:
Manel de Oliveira é dirigente do PSD e amigo de Marcelo Nuno que como se sabe... manda no laranjal local, por sua vez, o grande Marcelo, tem negócios com Figueiredo Rodrigues que é dono dessa empresa que ficou com isso.
Está tudo explicado?
Querem mais?
1 - Esse post está repetido pela terceira vez;
2 - Nada tem a ver com o texto;
3 - Há um espaço para os leitores;
4 - Podia dar-lhe exemplos de presidentes de Câmara do PS e do PSD que se aposentaram e voltaram a ser reeleitos, ganhando agora o vencimento mais um terço da aposentação;
5 - Se não fosse este Governo ganhavam integralmente a reforma e o vencimento;
6 - Se o post não fosse contra o PS apagá-lo-ia pelas razões apontadas em 1, 2 e 3.
7 - Não acredito na superioridade moral de uma ideologia sobre outra, mas há diferenças entre quem ama a democracia e quem apenas ama o partido.
A bem da Nação, publique-se!!!
SE CALHAR NOS ESCRITÓRIOS DO POLITICAEHOUSE TAMBÉM EXISTEM...DIGAMOS QUE...UMAS INCOPATIBILIDADES...OU SE CALHAR UMAS AMIZADES PRÓXIMAS DO SENHOR DOS AUTOCARROS...MAS QUEM SOU EU PARA FALAR DISSO
SEU ADMIRADOR E VOTANTE CONFESSO NO DR JOÃO REBELO
JOÃO DA PETISCA
Terça-feira, Outubro 18, 2005
Até quando ?
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Subscrevendo integralmente, linha por linha, o artigo de opinião de Dr. Filipe Caroço (Juiz de Círculo), publicado no sítio da ASJP (link), procede-se à sua transcrição, pela divulgação que o mesmo merece.
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A GREVE DOS JUÍZES: O FUNDAMENTO
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«Até quando...
--- Grande parte dos edifícios dos tribunais continuarão inadequados e degradados, designadamente com entrada de águas pluviais quase sempre sem qualquer intervenção atempada que deixa durante anos grandes manchas de humidade e paredes enegrecidas, com prejuízo da qualidade de vida no seu interior?
--- Há falta de carpetes nos gabinetes dos juízes e, quando as há, são velhas, rotas e raramente foram lavadas (talvez nunca, na sua maior parte), chegando a cheirar mal?
--- Há janelas cujos vidros não são limpos há dezenas de anos e já não abrem?
--- Há portas e paredes sujas?
--- Tacos levantados?
--- E lâmpadas sem campânulas ou resguardos?
--- Mobiliário de baixa qualidade, de substituição?
--- E se retiraram peças velhas, ou mesmo antigas, de grande qualidade e valor, apenas carecidas de restauro?
--- E os juízes têm que atravessar corredores de público para irem a uma casa de banho ou à secretaria judicial?
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Até quando...
--- Os juízes irão continuar a trabalhar em gabinetes exíguos, alguns deles concebidos como pequenas arrecadações, aí tendo que receber diariamente largas dezenas de pessoas, mesmo em tribunais de construção muito recente, onde mal cabe o juiz, os advogados e um funcionário, quanto mais os outros numerosos intervenientes e público, onde são realizadas muitas audiências de julgamento?
--- Sem um único elemento decorativo (um quadro na parede, uma jarra deflores, etc.)?
--- E sem aquecimento ou ar condicionado, onde, no verão, as temperaturachega a atingir mais de 35º C., para não falar no frio do inverno?
--- E se faz sentir, muitas vezes intensamente, o ruído urbano do trânsito, dada a sua localização?
Serão assim os gabinetes dos titulares dos demais órgãos de soberania, dos titulares dos órgãos do poder autárquico ou até de funcionários com lugar de chefia na administração?
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Até quando...
--- Os juízes terão que continuar a comprar e a pagar os livros jurídicos indispensáveis ao exercício da sua função, ante a conhecida inflação legislativa e, por isso, também doutrinária e jurisprudencial?
--- O seu próprio traje profissional (beca), sem subsídio de despesas de representação?
Será assim também com os titulares dos outros órgãos de soberania?
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Até quando...
--- Faltando à verdade, vão continuar a dizer que os juízes têm dois meses de férias no verão?
--- Terão que continuar a trabalhar de dia e de noite, aos fins-de-semana e nas férias, sem auferir "mais um tostão" e sem o, agora evidente, reconhecimento de ninguém?
--- E têm que usar o seu próprio automóvel para se deslocarem em serviço entre os diversos tribunais onde prestem serviço, esperando semestres inteiros pelo pagamento de ajudas de custo, acabando por nem saber o queestá ser pago?
Será que isto acontece assim com os titulares dos outros órgãos de soberania?
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Até quando...
--- Terão que continuar a fundamentar as suas decisões intercalares, sentenças e acórdãos "ao metro", em muitas e muitas páginas, com relatórios, etc., mesmo as decisões da matéria de facto, incluindo os estranhíssimos "factos não provados", mesmo quando toda a prova oralmente produzida é gravada?
--- E a ditar para a acta de audiência o teor de depoimentos de parte que ficam gravados na própria audiência?
--- Aguardarão pelos indispensáveis assessores, continuando a fazer tudo sozinhos?
--- Julgamentos cada vez mais longos, equipamentos e técnicas obsoletos, gravadores de som que não gravam e levam à posterior repetição de julgamentos?
--- Ou, mesmo com gravação da prova, esta tem que ser repetida com manifesta perda da genuinidade dos depoimentos?
--- Haverá julgamentos consecutivos nos gabinetes com manifesto prejuízopara a publicidade da audiência, crédito da prova, descoberta da verdade erealização da justiça e respeito pelos seus destinatários e demais intervenientes, assim como do prestígio dos tribunais e vergonha do Estado?
--- Cada vez mais longe de uma justiça moderna, própria de um Estado de Direito?
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Até quando...
--- Os juízes viverão cada vez mais longe da sua vida familiar, longe da educação dos seus filhos?
--- E haverá poder político autista que nem sequer reconhece o esforço dajudicatura, incapaz de ver ou não querendo ver que também os juízes são vítimas do sistema criado e que outros sustentam?
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Até quando...
--- Os juízes se devem preocupar mais com a independência dos tribunais, quando, na verdade, o assunto diz sobretudo respeito à sociedade civil e aopovo, à sua liberdade, respeito pelos seus direitos e garantias e à democracia?
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Até quando...
--- Os serviços sociais do Ministério da Justiça constituem um privilégio dos cerca de 1500 juízes existentes, quando, na verdade, os beneficiários são cerca de 90.000 pessoas e toda a medicação vem sendo já receitada no âmbito dos serviços da ADSE há vários anos, sem qualquer contestação?
--- Os serviços sociais se mantêm para algumas classes que deles já beneficiavam anteriormente? Factores de risco? As urgências são nos hospitais (INEM)!
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Até quando...
--- A progressiva degradação das condições de vida dos magistrados com o evidente prejuízo para a justiça?
--- Os juízes terão de continuar sem formação permanente e contínua;
--- Disponíveis para qualquer ramo do direito, em qualquer tribunal e semqualquer formação específica;
--- E sem terem, em larga medida, quem os substitua na doença;
--- O acesso ao CEJ e à magistratura continuará a ser prejudicado por tempo de espera de 2 anos imposto por lei - sabe-se lá em nome de quê! - afastamento dos melhores alunos das faculdades de Direito para outrasprofissões hoje já manifestamente mais gratificantes, como é do conhecimento de todos?
--- E se continuará a sentir a iminência de a profissão de juiz vir a ser escolhida de entre muitos que não lograram obter melhor sorte?
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Até quando...
--- Titulares de um órgão de soberania terão que se associar em sindicato para exigir ao poder político o cumprimento de indiscutíveis deveres do Estado?
--- E o respeito pelo próprio Estado?
--- O Presidente da República do nosso Estado de Direito tem que ser lembrado por um homólogo de um Estado Soberano, de democracia duvidosa, que não pode interferir no poder judicial por no seu país os tribunais serem independentes?
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Até quando ...
--- Os tribunais irão continuar a ser invadidos com bagatelas penais despropositadas, e até criadas ao abrigo do apoio judiciário, e conflitos civis que poderiam ser evitados se a lei impusesse ao mercado melhores regras de funcionamento, assim ocupando magistrados, advogados, funcionários, peritos, testemunhas, etc., com matérias de somenos importância, por vezes mesmo questões ridículas, causadores de grandes despesas para o Estado?
--- Códigos de processo em vigor com comprovada ineficácia, que ao abrigo de um suposto princípio da desconfiança, permite que se repitam diligências de prova, ouvindo e voltando a ouvir testemunhas, num remoinho perturbador que a todos cansa e perturba, sem vantagem nenhuma para a descoberta da verdade e prejuízo dos demais processo que se atrasam?
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Até quando...
--- Terão os juízes que ouvir e ler tudo o que se quer dizer e escrever (quantos disparates..., quantas enormidade jurídicas!) sobre a substância dos processos, mantendo a lei a proibição de sobre eles os magistrados falarem?
--- E serão uma espécie a não definir; titulares de órgão de soberania/funcionários; órgão de soberania no exercício dos seus direitos profissionais, funcionários nas suas obrigações, ou o contrário, ou ainda uma mistura de conveniência que não pode perder o sentido de Estado, mantendo-se em silêncio?
--- Que interesses serve tanta indefinição?
--- Que Estado é este?
--- Para onde nos levam?
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Até quando terão os juízes que continuar fechados sobre os seus processos, cada vez mais longe de um mundo que se diz globalizado, contrariando a indispensável aquisição de conhecimento que quem julga deve ter?
... Ou, numa semântica original e específica, a magistratura terá que continuar a ser sinónimo de escravatura?Expliquem-nos, por favor!
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Pelas referidas razões e muitas outras, o autor do texto vê-se obrigado a participar numa greve que jamais desejaria fazer».
(OU O QUE O GOVERNO NÃO QUER QUE SE SAIBA)
"Com o projecto de diploma que reestrutura o regime legal dos Serviços Sociais do Ministério da Justiça, este Governo pretende retirar o apoio na doença que os funcionários ligados à área da justiça negociaram desde 1966. Invocando a justiça e a equidade social, valores de que se julga único paladino, o Governo pretende apenas, com mais esta medida que consideramos demagógica e populista nivelar por baixo, rasgando os acordos estabelecidos ao longo dos anos com diversos Governos. Não fundamenta a sua decisão em quaisquer estudos que tenham sido efectuados para o efeito, limitando-se a afirmar que a opção é política. E procura “vender” a decisão convidando os Portugueses a aplaudirem um pretenso corte de “privilégios”. Como se, na generalidade os trabalhadores não contribuíssem com os seus descontos para esse apoio na doença. E os poucos que não contribuem estão disponíveis para o fazer.
Após várias reuniões, que o Governo apelidou de “negociais”, as organizações sindicais não viram qualquer sinal que fosse de vontade negocial, às propostas que apresentaram designadamente:
• O desconto de 1% da remuneração base por parte dos que ainda o não fazem;
• A possibilidade de todos os trabalhadores que manifestem vontade de continuar a ter a prestação de cuidados de saúde ao abrigo dos Serviços Sociais do Ministério da Justiça (com a cobertura que hoje têm) o poderem fazer dispondo-se para tal a efectuarem um desconto adicional, em percentagem a negociar;
• O aumento da comparticipação dos beneficiários no custo das consultas.
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Dissemos e continuamos a dizer claramente ao Governo:
• Que com a sua incapacidade de gerir cabalmente os Serviços Públicos onde se incluem os Serviços Sociais do Ministério da Justiça (SSMJ) todos os Portugueses são penalizados e os da Administração Pública em especial;
• Que ficou provado que este subsistema é menos oneroso do que o da ADSE. O que o Governo não quer ver embora não conteste;
• Que a mesma medida, consequentemente, contribui para o aumento das despesas públicas, preocupação que o Governo aqui pôs de parte;
• Que com esta medida o Governo prepara-se para lançar o caos na Assistência na Doença aos Servidores do Estado (ADSE) e, a prazo, aumentá-lo no Serviço Nacional de Saúde (SNS);
• Que com esta medida o Governo prejudica de forma directa todos os actuais beneficiários e não traz vantagens para ninguém;
• Que se o Governo persiste em eliminar sucessivamente direitos sociais, hoje os nossos amanhã os de outros, os trabalhadores terão que dar a resposta adequada.
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Lisboa, 10 de Outubro de 2005
As organizações sindicais subscritoras:
ASJP – Associação Sindical dos Juízes Portugueses
SMMP – Sindicato dos Magistrados do Ministério Público
SFJ -Sindicato dos Funcionários Judiciais
ASFTAO/PJ -Associação Sindical dos Funcionários, Técnicos, Administrativos, Auxiliares e Operários da Polícia Judiciária
ASFIC/PJ -Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da Polícia Judiciária
ASTSP – Associação Sindical dos Trabalhadores dos Serviços Prisionais
STRN – Sindicato dos Trabalhadores dos Registos e Notariado
FNSFP – Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública
STFPSA – Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Sul e Açores
STFPN – Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Norte
STFPC – Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Centro
STE – Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado".
A. Marinho e Pinto
A greve dos magistrados judiciais é a maior machadada na credibilidade da justiça, mas terá um mérito inegável: fará o povo tomar consciência de que os verdadeiros problemas da justiça resultam mais da cultura corporativa e antidemocrática dos magistrados do que das leis ou da acção dos políticos
Uma parte importante da soberania portuguesa vai entrar em greve. Alguns dos titulares do órgão de soberania que são os tribunais (os magistrados) anunciaram uma greve em "luta" contra a perda de privilégios que persistem em definir como direitos. Durante alguns dias, os tribunais irão recusar-se a administrar a justiça. Juízes e procuradores não farão julgamentos, não proferirão sentenças, não deduzirão acusações, não ouvirão vítimas, testemunhas ou arguidos e não despacharão processos. Tudo em luta contra o "patrão que os explora" e lhes nega "direitos inalienáveis".
A greve culminará um processo de sabotagem da justiça que já vem detrás e que assumiu foros de amotinação quando a actual maioria decidiu, e bem, acabar com alguns dos mais escandalosos privilégios das corporações judiciais. Por isso, esta greve é mais um acto de sabotagem contra o Estado de direito e um ataque contra o povo português em nome do qual se deveria administrar a justiça.
Que querem, afinal, os magistrados? Querem manter e até aumentar as suas imensas regalias. Querem continuar a ser titulares de órgãos de soberania, mas ganhar como gestores (mais do que o próprio Presidente da República). Querem continuar a pertencer ao Estado, mas tratar-se em clínicas privadas e usufruir dos melhores médicos, tudo gratuitamente. Querem que 97 por cento dos processos judiciais fiquem parados quase três meses por ano para que eles tenham 13 dias de férias no Natal, 10 na Páscoa e 60 no Verão.
Magistrados e funcionários têm tido direito a um sistema de saúde milionário. Os Serviços Sociais do Ministério da Justiça estabeleceram convenções com os médicos mais caros, todos os tratamentos e internamentos têm sido feitos em clínicas privadas; abastecem-se em supermercados especiais a preços mais baratos. Os magistrados têm direito a transportes gratuitos; muitos utilizam prerrogativas funcionais em benefício pessoal (como ir de graça ao futebol); quase todos auferem subsídios de renda de casa mas vivem em casa própria; compensações para despesas específicas foram transformadas em remunerações permanentes, mas não pagam IRS. Chega-se ao ponto de essas remunerações serem incorporadas nas reformas mas não serem tributadas, tudo porque alguns magistrados assim o decidiram no "exercício do poder soberano de ser juiz em causas de interesse próprio". Alguns até recebem ajudas de custo iguais às dos membros do Governo só para irem ao seu local de trabalho.
Muitos magistrados instalaram o reino do arbítrio nos tribunais e, alguns, até, um clima de terror. As partes não podem fazer um mero requerimento ou suscitar uma simples decisão do juiz, mesmo que de mero expediente, que logo terão de pagar centenas de euros de taxa de justiça pela decisão negativa. E todo esse dinheiro vai para o imenso saco com que se pagam os privilégios de que beneficiam.
É ainda confrangedora a sua falta de cultura democrática. Qualquer crítica é considerada uma injúria ou um desafio inadmissível aos seus poderes e muitos reagem individualmente como se fossem alvo de uma inominável ofensa pessoal. O comportamento de alguns magistrados lembra o dos polícias da PIDE/DGS nos últimos tempos da ditadura: porque muitos cidadãos ainda lhes tinham medo, não percebiam que já ninguém os respeitava. Prisioneiros de velhos e ridículos estereótipos de grandeza e majestade, muitos nada fazem para serem respeitados e tudo fazem para serem temidos, quando num Estado de direito não há - não pode haver - lugar para o medo.
A independência como garantia (dos cidadãos) para a boa administração da justiça foi transformada num privilégio pessoal de cada um fazer o que lhe apetece. A irresponsabilidade como garantia funcional da independência só tem servido para exculpar os que abusam dos seus poderes e atropelam o direito e a verdade. A inamovibilidade e a vitaliciedade foram transformadas numa espécie de direito divino às funções.
Tal panorama já era de esperar desde que se consentiu que titulares de órgãos de soberania se organizassem em sindicatos. Com o sindicalismo nas magistraturas, deixou de haver verdadeira regulação e mesmo hierarquia funcional. Os Conselhos Superiores (da Magistratura e do MP) foram subalternizados. O mecanismo dos recursos quase deixou de funcionar. Muitos magistrados dos tribunais superiores uniram-se aos "camaradas" da 1.ª instância pelo egoísmo das reivindicações "obreiristas". A responsabilidade e hierarquia funcionais diluíram-se na camaradagem sindical. Já não se pode separar os bons dos maus, os cumpridores dos inadimplentes, os que servem a justiça dos que se servem dela. Todos valem o mesmo em termos sindicais.
Com os sindicatos desapareceu a efectiva separação dos poderes e o poder judicial passou a influir na feitura das leis, pois os titulares do poder soberano de administrar a justiça passaram a ser "trabalhadores interessados nas leis que lhes dizem respeito". E estas são todas as que têm de aplicar, sobretudo os códigos de processo. Muitos dos bloqueios da justiça devem-se ao facto de as leis e as alterações legislativas responderem mais aos interesses e comodidades de quem as aplica do que aos direitos dos cidadãos. Muitas das soluções para problemas estruturais foram sendo preteridas em favor de privilégios, alguns dos quais mais em benefício da própria nomenclatura corporativa do que dos magistrados no seu conjunto.
A passividade e anomia do poder político e da sociedade permitiram que as nomenclaturas das corporações acreditassem que podiam definir não só o seu estatuto funcional e remuneratório, mas também o funcionamento do sistema de justiça. Dois simples sindicatos, com dois ou três mil inscritos, são os verdadeiros detentores do poder soberano de administrar a justiça. Dois sindicatos confiscaram ao povo português essa parcela da soberania.
A parte sã das magistraturas foi suplantada pela gangrena do mercenarismo. Os órgãos de disciplina mais parecem órgãos sindicais. A maioria dos melhores magistrados calaram-se e quase se escondem. O tempo e o palco estão para os carreiristas que bajulam a nomenclatura. Alguns dos magistrados melhor classificados são preteridos em favor dos que têm amigos bem colocados, como tem sido denunciado no acesso ao Supremo Tribunal de Justiça. E, no entanto, os magistrados são muito diferentes entre si. Há muitos que são intelectualmente honestos, competentes, dedicados e que trabalham bem acima da média, enquanto outros são verdadeiros mercenários. Pela qualidade e quantidade do seu trabalho, uns bem poderiam ganhar 20 ou 30 mil euros por mês, mas outros já seriam bem remunerados com 500 ou 600 euros. Porém, o sindicalismo igualou-os a todos.
A greve dos magistrados judiciais é a maior machadada na credibilidade da justiça, mas terá um mérito inegável: fará o povo tomar consciência de que os verdadeiros problemas da justiça resultam mais da cultura corporativa e antidemocrática dos magistrados do que das leis ou da acção dos políticos. Um bom magistrado faz boa justiça mesmo com as más leis, mas um mercenário nunca faz justiça, serve-se dela. Talvez se compreenda então que é altura de expulsar os mercenários para aproveitar e incentivar os bons magistrados que ainda restam e trabalham quase na clandestinidade. E talvez estes compreendam, finalmente, que chegou a hora de sair do silêncio e decidam erguer a sua voz para impedir que a justiça caia no caos que alguns colegas seus parecem desejar.
Talvez ainda se vá a tempo de salvar o que resta de bom na justiça portuguesa. Ou talvez não. Advogado 1-10-2005 »Público»
O sr. censura nos outros o que descaradamente faz. É por isso que quase ninguém o leva a sério e até lhe chamam o Ateu Tomás.
Não me dá razão, pois não?
Tem razão, mas repare nos comentários anteriores e veja que só tinha duas atitudes: ou apagá-los, o que me repugna, ou fazer como os anteriores «comentadores».
Ao menos há-de reconhecer que não me escondo no anonimato como o senhor.
ser socialista e ateu não é pecado.continue e não se cale
Pergunta : o Manuel Oliveira passou para o PSD ? Mas não chegou a ser candidato à Câmara pelo CDS ? Nesta cidade tudo muda conforme os interesses e o dinheiro. O tal Figueiredo Rodrigues era próximo do PS, se é que não foi mesmo militante. Outro que o Grande Fausto deixou cair e resvalou para outras paragens ... Olhó Bloco Central fresquinho !!!
Pk nunca foi esclarecida a celebre ida ao Rio-de-Janeiro da AAC e as celebres despesas da direcção no Copa-Cabana-Palace! Foi abafado pk?
Está surpreendido com os elogios anónimos?
Julguei que o seu carácter o levasse a interrogar-se sobre os insultos anónimos que me são dirigidos e que não são apagados.
O Freud explicará esses traços da sua personalidade.
Não estou surpreendido com os elogios anónimos que lhe fazem, porque não acredito neles. Ou seja, acho que são inventados. Se isto fosse um tribunal, provavo-o.
É claro que censuro quem o insulta anonimamente, só que isso é plausível de acontecer. Normalmente, quem tem mau carácter esconde-se. Mas já não é plausível de acontecer da parte de quem diz bem. O senhor percebe melhor do que eu o que eu digo.
Finalmente, não julgue o meu carácter, porque é uma tolice. Eu dou o meu nome e posso dar-lhe a minha morada e o meu endereço electrónico. As suas insinuações são completamente temerárias e desprovidas de bom-senso, próprias de quem não tem razão.