O Congresso do PSD
O XXVIII Congresso do PSD não teve o frenesim habitual. Não estando em causa a liderança, pode dizer-se que a mercearia interna se reduzia à aprovação das directas e, para criar ambiente, dizer mal do Governo.
Dois membros do Conselho de Estado, escolhidos pelo PR, chamaram a atenção das câmaras de televisão, Dias Loureiro e Manuela Ferreira Leite, esta última a presidir à mesa do Congresso.
Nem o inefável Alberto João produziu um número à altura da criatura. Os aplausos só ganhavam ânimo quando se invocava o nome do PR uma vitória que os presentes, num congresso morno e pouco concorrido, reclamam como sua.
Marques Mendes herdou o PSD diminuído por Durão Barroso e arrasado por Santana Lopes. Revela categoria e capacidade. Só não consegue conquistar o partido nem ganhar o País.
Dando-se conta de que as «directas» seriam inevitáveis a prazo, alterou a sua posição, apoiou-as e saiu vitorioso.
Contrariando os que defenderam as directas em Pombal, com ovações estrondosas – L. Filipe Menezes e Manuela Ferreira Leite –, e que agora as sufragaram, mas querendo-as diferidas para 2007, Marques Mendes pretende marcá-las já para Maio.
Tirou espaço aos que espreitam o poder a olhar para Belém e parte para as directas com todas as condições para as ganhar. Depois, será a caminhada contra o ciclo eleitoral das legislativas, os adversários internos e a capacidade do PS para vencer tempos difíceis.
Comentários
Um presidente eleito com base múltiplas e repetidas referências à sua independência em relação aos partidos será depois, em cada canto, em cada chilrear da Direita, inscrito como uma "brilhante" vitória partidária (PSD, CDS,...)
...perante o sepulcral silêncio de Belém.
Exemplar!