Repressão politicamente correcta
Depois da investida contra os fumadores, aproveitando a onda de intolerância que grassa na Europa e nos EUA, chegou a vez do vinho, que um ditador, beato e rural, dizia dar de comer a um milhão de portugueses.
Para gozo de Maomé, em país dito cristão, e gáudio dos autóctones, o Governo pretende impor aos condutores um limite inferior a 0,49 grs. de álcool por litro de sangue quando o habitual era determinar a quantidade de sangue por litro de álcool.
A avaliar pelo apoio da comunicação social indígena, não me atrevo sequer a discordar da proibição de um copo de três a um condutor, em nome da segurança rodoviária.
Para não destoar do entusiasmo que grassa na paróquia, e querendo dar o meu contributo para a segurança rodoviária, sugiro a aplicação da lei seca, com a vantagem de ser extensiva aos peões que, sob o efeito do álcool, estão mais sujeitos a desequilibrar-se e a serem atropelados.
Mas que dizer do efeito demolidor de uma feijoada à transmontana a servir de lastro no bojo de um condutor numa tarde cálida de Verão? Ou do pós-prandial de um cozido à portuguesa? Ou do quilo produzido por um arroz de lampreia, enquanto houver ciclóstomo? E das consequências nefastas de uma noite de estúrdia na condução, de madrugada?
Para quando as medidas repressivas que se impõem?
Se, depois deste zelo, a sinistralidade rodoviária se mantiver, só há um meio eficaz para eliminá-la – reduzir a zero a velocidade. Este método só tem o inconveniente de conduzir a um paradoxo, não conduzir, ou, dito de outro modo, obrigar as pessoas a andarem paradas.
Mas resulta, tenho a certeza.
Comentários
branco ?
além disso, os carros podiam ser equipados com dispositivos de reconhecimento de bêbedos ao volante, para desse modo impedir o seu funcionamento...
é uma desgraça, já moreeu mais gente nas estradas desde 74 do que em 15 anos de guerra em África...
Parece-me suficiente a lei que temos e insuficiente o seu cumprimento.
Sou contra os radicalismos...mesmo no álcool.
Sou contra a lei seca e penso, até prova em contrário, que até 0,5g/l não é o álcool o responsável pelos acidentes.
Diariamente são apanhados condutores em transgressão, prova de que a actual lei não é cumprida.
Primeiro façamos cumprir esta e, depois, veremos.