Entrevista a Ricardo Reis
Não, não é um heterónimo de Fernando Pessoa. É um jovem de 27 anos (faz 28 em Setembro), tirou a licenciatura na London School of Economics de Londres e já tem um doutoramento por Harvard e lecciona na Universidade de Princeton.
A revista «Visão» traz hoje uma entrevista ao jovem académico feita pela jornalista Cesaltina Pinto. Senti-me agradado com o rápido e brilhante percurso do jovem de Matosinhos. Li a entrevista.
Foi uma desilusão. Não sei o que mais admirar no jovem, se o êxito da carreira ou a insensatez das respostas, o brilho do estudante ou os lugares-comuns e a petulância do Doutor.
Vejamos alguns disparates:
1 – Defende uma taxa única de IRS, ideia reiterada por todos os ultraliberais de cuja cassete faz parte;
2 – Diz que «Ota e TGV são uma asneira injustificável», com a insolência de quem vive fora de Portugal desde os 18 anos e não parece ser autoridade em transportes;
3 – Defende [para Portugal] que, em sede de IRS, «quem ganha até 40 mil euros por ano, paga zero. A partir de 40 mil euros, por cada euro mais que ganhe paga, por exemplo, 30% de taxa única».
Não sei o como pode um académico ser tão leviano. O rendimento de 40 mil euros anuais corresponde a quase 3 mil euros mensais. A receita deste jovem era isentar de impostos quase todos os portugueses – quem ganhe menos de seiscentos contos mensais em moeda antiga.
A revista «Visão» traz hoje uma entrevista ao jovem académico feita pela jornalista Cesaltina Pinto. Senti-me agradado com o rápido e brilhante percurso do jovem de Matosinhos. Li a entrevista.
Foi uma desilusão. Não sei o que mais admirar no jovem, se o êxito da carreira ou a insensatez das respostas, o brilho do estudante ou os lugares-comuns e a petulância do Doutor.
Vejamos alguns disparates:
1 – Defende uma taxa única de IRS, ideia reiterada por todos os ultraliberais de cuja cassete faz parte;
2 – Diz que «Ota e TGV são uma asneira injustificável», com a insolência de quem vive fora de Portugal desde os 18 anos e não parece ser autoridade em transportes;
3 – Defende [para Portugal] que, em sede de IRS, «quem ganha até 40 mil euros por ano, paga zero. A partir de 40 mil euros, por cada euro mais que ganhe paga, por exemplo, 30% de taxa única».
Não sei o como pode um académico ser tão leviano. O rendimento de 40 mil euros anuais corresponde a quase 3 mil euros mensais. A receita deste jovem era isentar de impostos quase todos os portugueses – quem ganhe menos de seiscentos contos mensais em moeda antiga.
Comentários
Se levares um asno muito longe,mesmo que seja a Meca.
voltará o mesmo asno.
Não sei se li ou se ouvi de alguém tal coisa. Só sei que não estará errada de todo.
Isto é o que se chama "americanisses"
«(...)com a insolência de quem vive fora de Portugal desde os 18 anos e não parece ser autoridade em transportes;»
Pois é outros sempre viveram na santa terrinha e percebem montes de transportes...
O que é preciso é opinar (não se deve ler pinar) por tudo e por nada!
Só a Durão Barroso ouvi 3 vezes que nunca seriam realizados esses investimentos, enquanto houvessse listas de espera nos hospitais, e duas vezes que eram investimentos essenciais.
Lembra-se das 5 linhas de TGV que assinou com Aznar e que este Governo teve de renegociar e reduzir?
Ou tem memória selectiva?
E nada mais.
Não garante originalidade, cultura (nem sequer cultura económica), capacidade de integração de diversos tipos de conhecimento (Sociologia, Ciência Política, História, etc.) ou de relacionar modelos de elevado grau de abstracção com a realidade. E não garante certamente o domínio da língua de Camões, da qual Reis não é senão um executante mediano (para ser simpático)...
Quem só sabe de economia, nem de economia sabe...
Cordialmente
Zacarias Torcato
esse Reis pode passar a vida a escrever artigos nos jornais e a fabricar artigos científicos, mas nada do que escrever ficará para além do tempo. No entanto, do outro Reis...
Fora de mim,
alheio ao em que penso,
O Fado cumpre-se.
Porém eu me cumpro
Segundo o âmbito breve
Do que de meu me é dado.
Valem mais os gatafunhos rabiscados por este Reis num qualquer guardanapo da Brasileira do que os diplomas que o estrangeirado Reis ostenta com vaidade. A vaidade dos pacóvios!
Cordialmente,
Zacarias Torcato
Mas claro que isto se passou antes de ter ido para Bruxelas, e claro que esta é uma questão lateral.
Tão lateral como o "Fora de mim...", do outro Reis, belo poema dum tipo que domina o verbo como ninguém, mas não faz sombra no chão, e muito menos paga impostos.
Porque a questão central do post continua a ser: como tornar a fiscalidade justa e eficaz, como manter as contas em ordem, como fazer do país uma coisa viável.
Não vale dispersar-nos.
A imposição (no "terreno" e/ou aos modelos de pensamento) de sabedorias livrescas, doutorais - por mais credenciadas que sejam - vem levantando gravissimos problemas a muitos Países.
Na área económica - campo fértil para a aplicação de doutrinas ultra-conservadoras e neo-liberais - esta imposição (diria melhor experimentação), tem sido desastrosa.
Estas "fantasias" são um vício americano (ou de investigadores sedeados na América), a sua saga é a exportação e a sua predilecção - os países em desenvolvimento ou do 3º. Mundo.
Vejamos, por exemplo, o que fizeram estes "boys" no Chile e na Argentina.
Um dos problemas da globalização é a banalização e a consequente "clonização" de vulgaridades como a que o Doutor Ricardo Reis, na última Visão, produziu, reproduziu ou inventou.
Para os EUA parece que R.R. serve muito bem pois eles são mais pobres que os portugueses.
É, não é?
-Quanto à OTA e ao TGV se calhar são gastos excessivos, se calhar não são necessários, mas...
-Quanto à taxa única ela nem é eficiente, o eficiente é inclusive uma tx marginal decrescente (pesadelo dos pesadelos para a esquerda retrógada do país).
Enfim, ser-se de esquerda não pode ser como ser católico no Renascimento: negar até ao fim o que a ciência comprova, é a terra que gira em torno do Sol e não o contrário.
el s.
Habituou-me a naior rigor nas suas apreciações.
A sua qualidade de economista e a experiência de vida não são compatíveis com a benevolência com que encara uma medíocre entrevista, de um ilustre e jovem académico, sem sentido crítico.
Quem só sabe de economia, nem de economia sabe...
ou
Se levares um asno muito longe,mesmo que seja a Meca.
Quanto aos investimentos da OTA e TGV eu tenho dúvidas se são bons ou maus, não a existência mas o custo (Mais dúvidas relativas à OTA do que ao TGV), de qq forma a OTA se for rentável deve ser inteiramente financiada por fundos privados.
Quanto à taxa única )e desconhecimento por parte de certa esquerda) ela tem muitos benefícios, nomeadamente na simplificação fiscal, mas como disse o eficiente é uma taxa marginal decrescente enquanto uma taxa única tem uma taxa marginal constante
CONTUDO:
A taxa única com isenção a baixo de um certo escalão tem também uma taxa média crescente.
Para verificar que a taxa única é socialmente aceitável, vejamos:
A: ganha 1000 euros
B: ganha 2000 euros
C: ganha 3000 euros
D: ganha 5000 euros
E: ganha 10000 euros
Taxa de 40% e isenção abaixo dos 1000:
A: paga 0
B: paga 400
C: paga 800
D: paga 1600
E: paga 3600
Taxas médias
A: 0%
B: 20%
C: 26.6%
D: 32%
E: 36%
Não está muito longe do actual regime e é bastante mais simples.
É bastante progressiva, não?
Não concordo consigo porque tenho uma visão política diferente mas reconheço-lhe o direito (e verifico a seriedade) de ter posições liberais.
Quanto à entrevista do precoce docente universitário, nos números que exibiu (rendimentos até 3 mil euros mensais, isentos)é, no mínimo, ignorante das remunerações que se praticam em Portugal.
Em relação à OTA e TGV os problemas não são exclusivamente económicos, são também políticos.
Mas, se fossem apenas económicos, seria ainda mais difícil fundamentar uma opinião sobre um assunto que não poderia ter estudado e que exige uma equipa multidisciplinar na sua avaliação.
Henri Poincaré
Não pode haver "vacas sagradas" - em qualquer área de conhecimento - neste País.
Idependentemente do seu valor académico, que desconheço, ninguém me consegue "virar" da convicção que, ao ler a entrevista publicada na Visão, nos atolamos (e enfadamos)num chorrilho de vulgaridades e asneiras.
Daí a oportunidade na citação do provérbio turco feita na abertura destes comentários.
De facto ele nao e' um neoliberal da economia, pq:
1 / Nem a LSE, nemHarvard sao centros neoliberais, mas sim neokeynesianos, logo pro-democartas e anti-republicanos
2 / Quem nos seus papers fala de rigidez de precos e efeitos reais da politica monetaria e' de facto um neokeynesiano e nao um neoliberal
3 / Agora ha' coisas que neoliberais e neokeynesianos concordam... ...e qq economista moderno concorda
4 / Como mostrei uma taxa unica pode ser progressiva, mas se nao querem ver e' com voces...
el s.
Já leu a entrevista?
Acha que 40 mil euros anuais devem estar isentos de IRS, em Portugal?
Não é o imposto progressivo o asunto mais importante do post e da entrevista.
"Nem a LSE, nem Harvard sao centros neoliberais, mas sim neokeynesianos, logo pro-democartas e anti-republicanos".
Não estará só ligado a interesses pró-democratas e neo-keynesianos.
Publica (em 2002), um estudo relativo à inflação e Banco Central (americano), com o apoio da Fundação Ciência e Tecnologia -Praxis XXI, financiada pela UE...
Será, suspeito, mais do que neo-keynesiano, ... talvez um rapaz eclético na teoria económica e nos apoios!