Paulo Teixeira Pinto, Opus Dei e Causa Monárquica



Paulo Teixeira Pinto, atormentado com o peso de dez milhões de euros de indemnização pela saída do BCP e com a vergonha de, aos 47 anos, ficar obrigado a receber até ao fim da vida 500 mil euros anuais, enquanto o Banco a que presidia ficou sob investigação policial, vai dirigir a Causa Real.

As dores do cilício com que se mortifica e os actos pios com que pretende contornar as dificuldades bíblicas de «um rico entrar no reino do Céu», não o impedem de presidir à Causa Monárquica, uma instituição que em tempos era simpática por contrariar as leis da física – a única causa que não produzia efeitos.

O pio presidente, além das missas que vai dinamizar pela família de Bragança, que bem precisa, para sufragar as almas de quem tanto pecou e tão mal fez ao País, vai iniciar as funções de presidente da Causa Real… encontrando-se com o presidente da Assembleia da República, para lhe entregar uma petição com quatro mil assinaturas (certamente em número superior ao dos monárquicos) para que o centenário do regicídio seja declarado luto nacional.

O país já esqueceu que, na sequência da tentativa revolucionária de 28-01-1908, o rei D. Carlos assinou em 31-01-1908, em Vila Viçosa, o decreto que legitimava a ditadura de João Franco, o encerramento dos jornais, o fecho do Parlamento, permitindo o desterro para Timor de grande parte da oposição republicana e até monárquica, mas a História é impiedosa a recordar o que deu origem ao regicídio e não esquece que os vilipendiados Manuel Buíça e Alfredo Costa foram os mártires que deram a vida para vingar a afronta desse decreto, por mais que se lastime – e eu lastimo – a morte do rei e a do príncipe herdeiro.

A haver um dia de luto nacional era na véspera, pela suspensão das liberdades e pela afronta criminosa do degredo a que foram condenados os adversários políticos.

Mas a liberdade é um mero detalhe para o Opus Dei, uma instituição que apoiou a mais cruel ditadura do século passado na península Ibérica, a de Francisco Franco, e muitas outras na América do Sul, enquanto o mentor, monsenhor Escrivà, fazia uma carreira de tanta santidade que lhe bastou morrer para ser elevado aos altares.

Comentários

CA disse…
Havia um rei com um ministro que era um ditador. O rei apoiava o ministro. Diz-se que houve uma conspiração contra o rei. O ministro organizou a execução pública dos supostos inimigos do regime com requintes de crueldade e barbárie, num dos espectáculos mais vergonhosos jamais vistos na capital do reino.

Esse ministro miserável tem hoje estátuas em Lisboa e é louvado por muitos que se dizem defensores da liberdade e dos direitos humanos.

Se D. Carlos mereceu a morte por condenar ao desterro uns quantos conspiradores, que mereceria então Sebastião José de Carvalho e Melo? E como é possível que haja por aí estátuas de tão bárbaro e cruel governante?
Anónimo disse…
ca:

Lembro-lhe que no tempo do Marquês de Pombal a monarquia ainda era de direito divino e, portanto, absoluta.

O responsável máximo (incluindo a bárbara perseguição aos Távoras) foi o rei absoluto D. José que também tem estátua e cavalo embora eu desconheça se sabia montar.

Quanto aos conspiradores: Se conspiram contra a democracia são traidores, de facto, mas se conspiram contra a ditadura são libertadores.

É difícil aceitar isto?
e-pá! disse…
Caro ca:

Ou é um familiar remoto dos Távoras (que escapou à vingança do Marques)

Ou ainda não perdoou ao rei que andava a fornicar a jovem duquesa, enquanto enxotava o duque para a guerra;

Ou terá, também, de apear D. José da estátua equestre do Terreiro do Paço, por conivência nos citados crimes.

Melhor é considerar tudo a eito.

Se fossemos julgar os representados na estatuária e toponimia por estas cidades e vilas portuguesas, usando os actuais critérios políticos e sociais, assistiríamos a uma espectacular manifestação de combate à poluição histórica, artística e política.
Digna de se ver, penso eu.

Depois desta limpeza, construia uma estátua de D. Paulo Teixeira Pinto que plantava em frente à sede do BCP,junto ao arco da rua Augusta.
Atribuia-lhe o título de:
"o barão do Millennium" (com 2 ll e 2 nn)
CA disse…
"se conspiram contra a ditadura são libertadores"

Logo Álvaro Cunhal e o PCP eram libertadores. Libertaram foi os arquivos da PIDE para a URSS e tinam-nos libertado a todos se os deixassem.

E em África os movimentos de libertação que combateram a ditadura portuguesa foram também grandes libertadores dos povos de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau.

"Se fossemos julgar os representados na estatuária e toponimia por estas cidades e vilas portuguesas, usando os actuais critérios políticos e sociais"

Exactamente.
Rui Luzes Cabral disse…
Sou Católico, de Esquerda (militante Socialista)e Republicano. Costumo ouvir dizer que a democracia é a vontade do povo e não só das elites. Mas o que eu quero mesmo é que o povo português viva bem. Tenha liberdade pessoal, justiça plena, educação, saúde e trabalho (pelo menos). Quero que sejam minimamente felizes, apesar de ter a consciência que um mundo perfeito é uma utopia. Já que se referenda o aborto, as regiões e um dia destes a eutanásia e como sou democrata não me repugna nada que se referenda o nosso sistema republicano versos monárquico. Eu prefiro a República mas se a maioria quiser a monarquia, então que assim seja. Como disse atrás, o que quero é que portugal seja um país da paz, liberdade e boas condições de vida, onde a pobreza seja infima...

Um abraço
Anónimo disse…
Uma ideia seria a de promover um dia de reconciliaçao nacional.

O 5 de Outubro poderia ser o dia ideal, pois nao só é o dia da República como o dia da independência de Portugal com o rei Afonso I.
Anónimo disse…
ca:
«Logo Álvaro Cunhal e o PCP eram libertadores».

RE: E eram, de rara coragem e abnegação.

«E em África os movimentos de libertação que combateram a ditadura portuguesa foram também grandes libertadores dos povos de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau».

RE: Não tenha a mínima dúvida. Nós (eu incluído) éramos um exército de ocupação ao serviço da ditadura fascista.

Não me pronunciei sobre o que foram uns e outros depois da democracia em Portugal e da independência das colónias
Anónimo disse…
Rui Luzes Cabral:

Só a fé nos diferencia. Também estou de acordo com a possibilidade de viver em monarquia, se a maioria dos portugueses o decidir.

Mas ponho uma condições, por respeito à democracia: Não pode ser vitalícia nem ficar isenta de se submeter regularmente ao veredicto popular.

Os monárquicos aceitam?

De resto o que impede hoje o Sr. Duarte Pio, ou outros descendentes não miguelistas, de concorrerem à chefia do Estado?
Rui Luzes Cabral disse…
"Não pode ser vitalícia nem ficar isenta de se submeter regularmente ao veredicto popular."

Exactamente, concordo plenamente
Anónimo disse…
Eu sou militante do Partido Socialista, católico e sou Monárquico e sempre ouvi dizer "a nossa Liberdade acaba quando põe em causa a liberdade dos outros".

O Buiça e o Costa não são nenhuns mártires são assassinos, nenhum ideal ou religião tem o direito de tirar a vida a quem quer que seja.

Este país não foi fundado pela menina de peito ao léu importada da França ( republica ) e nem foi feito por presidentes hipócritas que se dizem imparciais mas que na maioria deles foram militantes políticos.
Sim quero alguém que diz "por que não te calas !!!" aos interesses instalados e não estou a ver um presidente a dizer isso.
Se acham que foi legítimo o regicídio então é legítimo alguém se lembrar de matar o Cavaco ou quem quer que seja que esteja na Chefia de Estado.
Quanto à ditadura de João Franco não se compara com a vossa DITADURA REPUBLICANA DO SALAZAR, João Franco não proibiu os partidos e as eleições estavam marcadas para Abril de 1908.

Esta republica é tão democrática que impõe na constituição o regime sem o Povo alguma vez ter sido consultado, além disso os responsáveis por tal "caça" à família real nunca foram julgados será isto um exemplo de Estado de Direito que não julga quem comete crimes ??? Onde está a coerência ?

O REI ESTÁ MORTO VIVA O REI !!!

http://www.causa-monarquica.tk
Anónimo disse…
Rui Monteiro:

Pense no Mestre ade Avis a apunhalar o Conde de Andeiro e nos conjurados de 1640 a matarem Miguel de Vasconcelos.

Concorda com esses «assassinos»?

Já pensou o que levou a Europa a abolir progressivamente as monarquias?

Comparar Cavaco, eleito democraticamente, com um rei que apoia uma ditadura é desonestidade intelectual.
Anónimo disse…
Mas que ditadura ? a de João Fraco ? LOLOL

D.Carlos e Cavaco são Chefes de Estado, estão no mesmo degrau. Ponto Final.

Ninguém tem o direito de tirar a vida a quem quer que seja, independentemente do ideal político.
CA disse…
CE

Cunhal e PCP só não fizeram em Portugal o que os libertadores fizeram em África porque não os deixaram. Mas se para si estão ao nível dos assassinos de D. Carlos e do filho de 18 anos, então estamos de acordo.
Anónimo disse…
ca

Logo Álvaro Cunhal e o PCP eram libertadores. Libertaram foi os arquivos da PIDE para a URSS e tinam-nos libertado a todos se os deixassem.

O ca, entrou em delírio ou quê ?
Então, acredita que o Álvaro Cunhal e o PCP enviaram os arquivos para a URSS, os russos queriam os arquivos para quê ?
Haja juízo.
CA disse…
Caro anónimo de Dom Jan 27, 08:51:00 PM

Pode encontrar a resposta às suas perguntas aqui.
Anónimo disse…
Ca

Nem tudo o que se lê, aqui ou acolá, é verdade...

Sempre lhe digo que essas e outras baboseiras, fizeram parte de campanhas, para desacreditar os partidos de esquerda, nomeadamente o PCP.

Ah, lembra-se daquela da injecção atrás da orelha, para matar os velhinhos e as criancinhas ?
Não me diga que também acreditou ?
CA disse…
Caro anónimo

Quem diz isto não é um anónimo mas sim Pacheco Pereira que é historiador do PCP.

E quanto ao PCP e à URSS, muito do que se dizia era verdade.

Ou também acredita que aquilo do lado de lá da cortina de ferro era um paraíso e só os loucos poderiam querer fugir?
Anónimo disse…
Caro ca

Pacheco Pereira é um historiador do PCP, altamente duvídoso, dele tudo era possível...

Para lá da "cortina de ferro", haveria de tudo, bom e mau...agora, é a bagunça total.
CA disse…
Caro anónimo

Confio muitíssimo mais em Pacheco Pereira do que na propaganda do PCP.

Quanto à Europa de leste, é notório como os povos da Polónia, República Checa, Eslováquia, Estónia, Letónia, Lituânia, Hungria, etc., se queixam por não terem a amizade da URSS veiculada pelas divisões blindadas.

Nunca lhe ocorreu que se aquilo fosse um paraíso não seria precio matar a tiro quem tentasse passar da Alemanha de Leste para a RFA?
Anónimo disse…
ca

Eu nunca disse que a "cortina de ferro" era um paraíso, longe disso, mas fazer crer coisas absurdas, como envio dos arquivos da PIDE, para a URSS...não credito, todas essas histórias faziam parte da estratégia, para denegrir os comunistas, montada pelo Carluci, esse "grande democrata".
CA disse…
"coisas absurdas, como envio dos arquivos da PIDE, para a URSS...não credito"

Não tem que acreditar. Antes da queda da cortina de ferro também havia quem acreditasse que aquilo era um paraíso.
Anónimo disse…
"Este país não foi fundado pela menina de peito ao léu importada da França ( republica )"

Ai isso é que foi. Mas há Portugal civilizado antes de 1910?

É esta a mentalidade que corre na grande maioria dos Portugueses, e estamos somos felizes assim =)

Diogo.
Anónimo disse…
Este post é uma magnífica demonstração de como usar uns salpicos de verdade para promover a mais insidiosa calúnia. Lamento.

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