A sombra de Galileu

Cidade do Vaticano, 16 jan (RV) - Bento XVI cancelou, nesta terça-feira, sua anunciada visita à Universidade romana "La Sapienza", em virtude dos protestos de alunos e professores. É a primeira vez, em seu pontificado, que ele se vê forçado a cancelar um evento devido a manifestações negativas. Bento XVI havia sido convidado pelo magnífico reitor da Universidade, para a inauguração do ano académico, dedicado "ao compromisso de abolir a pena de morte no mundo".

Professores e alunos defendem laicidade da mais antiga universidade.

Comentários

Anónimo disse…
Ó homem deixe a ICAR em paz. É que você é mesmo vidrado nestes caramelos. E depois não pára de desenterrar notícias e mais notícias...
Está no seu direito, aliás só aqui vem quem quer. Mas não deixa de ser algo deprimente ver e constatar esta fixação doentia.
Para mais estas noticiazinhas pouco interessam à maioria de quem por aqui passa. Penso eu!...
Anónimo disse…
É verdade, o CE, tem uma fixação doentia, contra a igreja...mas, que mal é que ela lhe fez ?

Um dia vamos descobrir.
Anónimo disse…
Caros anónimos:

Quando diariamente se matam centenas de pessoas por motivos religiosos, certamente que as religiões têm interesse.

No entanto, digam lá onde está, neste post, qualquer juizo de valor.
Anónimo disse…
Ratzinger falou sobre Galileu? Leiam-no (http://edicola.avvenire.it/ee/avvenire/default.php?pSetup=avvenire&curDate=20080115&goTo=A04

O Professor Giorgio Israel não assinou a carta e explica porquê. “Foi construída a partir de estilhaços de um discruso”

Por Paolo Viana

É uma espécie de sindrome Wikipedia isto que está a provocar tanto desconcerto nso físicos da Spienza que se opõem à intervenção do Papa na inauguração do ano académico. Com uma ponta de ironia, Giorgio Israel, docente de história da matemática, explica porque é decididamente contrário ao apelo dos seus colegas da faculdade de Ciências contra Ratzinger: “é melhor uma pessoa documentar-se e raciocinar em vez de, com tanta frequência retirar trechos do contexto, o que facilmente conduz a equívocos”. Quem escreveu o apelo conta o Papa, fundam-no numa citação de uma frase de Feyerabend, e teriam feito melhor se tivessem lido todo o discurso do então cardeal Ratzinger, porque assim teriam compreendido que este Papa, de facto, não atacava nem a ciência, nem a razão”.

Israel não disse mais, mas a suspeita de um documento nascido de uma leitura expedita de documentos decarregados da internet, ficou no ar.

E os seus colegas, indignam-se, sobressaltam-se, ofendem-se e o senhor sorri?

Digamos que cruzo os braços e espero que os protestos se eclipsem rapidamente por decência.

Deverão, contudo, dar-se conta de ter escrito uma carta absurda, citando um discurso do Papa que mostra exactamente o contrário do que eles sustentam.

Seja mais preciso.

Os subscritores do apelo ao reitor acusam o Papa citando uma sua citação e precisamente a frase de um filósofo da ciência em que se diz que na época de Galileu a Igreja foi mais fiel à ciência que o próprio Galileu e que, por isso, o processo àquele cientista foi razoável e justo. Se, em vez de nos indignarmos por uma presumível afronta o método racional, lêssemos o discurso integral do então cardeal Ratzinger em que aparece esta citação, poderíamos perceber como no seu discurso esta vem interpretada no sentido exactamente oposto ao que sustentam os contestadores.

O cardeal, hoje Papap Bento XVI, falava da crise de confiança da ciência em si própria e demonstrava que, enquanto durante séculos se acreditou que o processo a Galileu era a prova do carácter obscurantista da Igreja, de facto, no âmbito da cultura científica tinham emergido posições diversas, as quais sustentavam que Galileu não tinha fornecido provas demonstrativas do heliocentrismo e que Feyerabend tinha chegado ao ponto de sustentar que o ponto de vista da Igreja era mais racional.

Ratzinger quis mostrar com esse discurso que a ciência estava a perder a confiança em si própria e, e facto, defendia o ponto de vista de Galileu. Outros que ataquem a ciência...

Como é possível que no mundo científico ninguém tenha retirado este significado?

Digamos que não o apanharam os signatários da carta. Como também não apanharam o sentido das palavras de Ratzinger, que, no discurso de Parma disse explicitamente que a sua intenção não era a de expôr reivindicações e sublinhou que a fé não cresce a partir do ressentimento e da recusa da modernidade.

Pode-se dizer o mesmo do mundo científico italiano?

Não creio. Estou convencido que esta é uma minoria, ainda que nela se encontre o presidente da CNR. O peso específico das assinaturas não é menospreável, mas os números da contestação são modestos. Trata-se de seis dezenas de pessoas numa faculdade de seiscentos docentes e num ateneu que conta com milhares de professores. Dito isto, sim, isto resulta de atitudes hostis. É, por exemplo, o fastídio de alguns ambientes que não suportam que o Papa fale de ciência. De resto, num país onde Oddifreddi (um matemático italiano ateu e anti-católico) vende 200000 cópias de um livro contra a religião, (...) porque espantar-se?

Estes fenómenos reflectem o facto de que uma parte do mundo científico namora este laicismo ateu e que à esquerda, poucos se sentem no dever de se opôr a estes excessos.

“É uma minoria no mundo académico, pese embora que entre eles apareça o presidente da Comissão Nacional de Investigação. É ressentimento: não suportam que o Papa fale de ciência”.
e-pá! disse…
CE:

Pelo contrário, eu sinto-me compelido - pela razão - a fazer um juízo de valor.

O que sucedeu, em Roma, junto ao Vaticano, ao papa dos católicos, tem um significado enorme.
Não é uma "noticiazinha".
Uma das mais prestigiadas universidades italianas que tem a clarividência de classificá-lo, sem peias, como um teólogo reaccionário que não acredita na ciência.
Estou convicto que se este grave incidente tivesse passado a alguns anos, com o cardeal Rattzinger, este, nunca seria Bento XVI.
O Conclave teria borregado esta aposta.
e-pá! disse…
Errata:
Onde se lê:
"Estou convicto que se este grave incidente tivesse passado a alguns anos"...
deve ler-se:
"Estou convicto que se este grave incidente tivesse passado há alguns anos"....
Rui Luzes Cabral disse…
Eu pensava que o corpo docente desta Universidade era mais inteligente, mais culto e mais democrata.
Mas ainda estão a falar de Galileu? É claro que o que aconteceu com ele foi muito mau para a sociedade e para a Igreja da altura mas por este andar daqui a mais estamos a fazer manifestações por algo que se passou na Roma antiga ou no Neolítico.
Haja Bom senso
Vítor Ramalho disse…
Pelo que vi na televisão e pela cara de Bloquistas lá do sítio os gajos teriam aberto as postas se fosse um traficante droga.
O Papa ia falar sobre a pena de morte e para a gentinha de uma certa esquerda ISSO INCOMODA.
CA disse…
"Posso não concordar com nenhuma das palavras que dizeis, mas defenderei até a morte teu direito de dizê-las." Voltaire
Anónimo disse…
vitor ramalho

O que pode incomodar a gentinha de uma certa esquerda, é ler comentários como o que deixou postado, ontem, pelas 11:57 PM.
A verdadeira DROGA que emporcalha a Humanidade, nem é tanto a heroína o haxixe ou Papa Bento etc.etc.etc.
A grande droga são tipos como o Sr. sem nada na cabeça, e se por acaso algo por lá sobra, são restos fecais de antigos e neo mentores, sejam eles inquisidores, fascistas, social fascistas, nazis ou neoliberais da treta.
Deixe-se de ser mais um pretenso anti-bloquista, porque essa droga já está fora de moda. Mas pior ainda é querer continuar a ser burro. Modernize-se!
Vítor Ramalho disse…
tonecas melga

Larga a droga que isso passa.
Rui Luzes Cabral disse…
Porque é que ninguém responde ao texto de Paolo Viana aqui colocado ontem por um anónimo às 09:18:00 PM
Anónimo disse…
Rui Luzes Cabral:

Não conheço o autor nem a sua idoneidade.

Não estou à altura de responder.
Rui Luzes Cabral disse…
Ah!...

"Não conheço o autor nem a sua idoneidade.

Não estou à altura de responder."

Se calhar muitas vezes alguns comentários aqui colocados e linkados de outros locais (meios de comunicação social) também poderão ser de idoneidade questionável mas se são a "cascar" nos "padrecos" toca a publicar. O caso da retirada do nome de Santos aos patronos de escolas foi um dos casos...
O poder da imagem e da palavra e de quem a sabe colocar bem às vezes pode espelhar uma realidade difusa.
Anónimo disse…
Rui Luzes Cabral:

Há uma coisa que já reparou. Sei que já reparou. Não sou um comentador isento. Sou um cidadão empenhado com fortes convicções.

Nem sempre sou justo mas procuro não enganar, a menos que eu próprio esteja enganado.

Este papa afirmou que foi pacífica a evangelização da América do Sul. Sendo um homem cultíssimo não pode desconhecer os crimes praticados pelos colonizadores, sobretudo espanhóis.

O Papa, este papa, era o prefeito do ex-Santo Ofício, quando o Vaticano, o arcebispo de Cantuária e o rabino supremo de Israel tomaram uma posição favorável ao aiatola que condenou Salmon Rushdie, na sequência da publicação de «Os Versículos Satânicos».

Em face disto calculará que não preciso de recordar a beatificação de um «mártir» espanhol que torturou outro padre de ideias contrárias para ter, sobre ele, a pior das impressões.

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