Momento de poesia
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No dia em que me disseste
que o teu sangue tinha cardos
as minhas mãos tremeram
ao segurar o teu olhar
vidrado pelos espelhos
uma fractura rasgou o medo
que me devorava as entranhas
e acabei por ligar o silêncio
adiei a viagem sem regresso
já marcada sem o teu consentimento
porque tu já esgotaras todos os infinitos
macerando o corpo em convulsões contínuas
como se a vida estivesse à beira do abismo
onde querias cair comigo
peguei novamente no teu olhar
que se colou a mim
e alimentei a tua fúria de viver
entendeste finalmente a metáfora das galáxias
quando escreveste o teu poema redentor
e limpaste as impressões digitais do passado.
Alexandre de Castro
Lisboa, Setembro de 2010
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