Cavaco - Passado pouco íntegro na gramática e no civismo
Quando Cavaco era primeiro-ministro e negou a pensão de sangue à viúva de Salgueiro Maia, a cujo heroísmo devia o lugar que ocupava, e atribuiu outras a agentes da PIDE, "por serviços relevantes à pátria", julgaram os portugueses que a atitude indigna fosse o corolário da falta de preparação cívica e de cultura democrática.
O conhecimento da ficha da PIDE explica o acto e a perplexidade provocada. É talvez a prova que melhor define o carácter e esclarece as decisões suspeitas. Explicações sobre a ficha da PIDE são tão essenciais como as da eventual conspiração anti-governamental, no caso das escutas de Belém, e as do negócio das acções da SLN, casualmente através de pródigos financiadores da sua primeira campanha eleitoral à PR.
Como as dúvidas sobre Cavaco nunca se aclaram, desde a assiduidade na Universidade Nova de Lisboa, nos anos 80, e a alegada protecção de João de Deus Pinheiro, até às reformas com que tem vindo a arredondar o vencimento de PR, há perguntas a fazer sobre a referida ficha da PIDE com a qual pretendia um diploma de democrata:
Vida Militar:
1 – Como pôde um aluno do 3.º ano do ISCEF ir para a especialidade de Administração Militar quando outros, mais adiantados academicamente, foram combatentes ?
2 – A estadia nos Pupilos do Exército, objecto habitual de grande escrutínio político, foi um favor ou uma simples contingência do serviço militar obrigatório?
3 – A mobilização para a capital da colónia, onde pôde gozar da companhia da mulher, foi acaso da sorte ou um empenho que o colocou no Quartel General de Moçambique e o livrou de um batalhão operacional?
Postura cívica:
a) Para provar que estava integrado no regime político, o que o fez reforçar as duas testemunhas pedidas (oficiais das FA) com uma terceira, o fiscal da Carris, Jorge Rodrigues Alho, membro da União Nacional ?
b) O que levou Cavaco a preencher as observações onde afirmou que o sogro era casado em segundas núpcias com Maria Mendes Vieira, com quem vivia, advertindo a PIDE de que era pessoa «com quem o declarante não priva», depois de, no item 19, com clamoroso desprezo pela gramática, ter escrito sobre a mãe da sua mulher: «Falecida à [sic] cerca de 29 anos» ?
Estas questões causam nervosismo no cavaquismo duro mas, com a imprensa favorável a quem julga ter a vitória assegurada, não se devem ocultar estas sombras para votar em consciência. Não pode o recandidato remeter-se ao silêncio e partir sob suspeita para um segundo mandato.
Ponte Europa / Sorumbático
Comentários
Acho que está lá espelhada a personalidade do "homem".
Mas este povo é o que é!
Já o oportunismo e a integração no regime colonial-fascista provocam repugnância pelo personagem que, os mais recentes comprometimentos com o jornalismo de sarjeta e os assaltantes de bancos, apenas o tornam mais perigoso e anti-democrático!
E o sacrificio que é para ele um debate, chapado no enfado com que tem que se rebaixar aos outros candidatos? Um nojo, aquela cara de nojo a olhar desdenhosamente para o lado de sombrolho carregado. Este homem não é um democrata intrínseco, a democracia é para ele um exercício dificil. Que tem que ser feito.