‘El Ladrillo’ português...

O País parece deslizar, inexoravelmente, para o desastre.

O Memorando de Entendimento que materializa o pedido de resgate financeiro não é propriamente um projecto concreto, muito menos acabado. Será apenas um aperitivo. Cada vez que a troika se desloca a Portugal para analisar a execução é certo e sabido que sai novo ‘ajustamento’. Nada mais tem sido feito para além enxertar austeridade em cima de austeridade.

Em tempos de discussão de um catastrófico OE-2013 onde se sucedem confiscos (dos trabalhadores activos, dos reformados e até dos economicamente mais desfavorecidos) este Governo aparece empenhado em instituir novas medidas austeritárias. ‘Estruturais’, dizem eles agora, tendo começado por apelidá-las de ‘refundadoras’. Sabem, contudo, que não há consenso – nem nunca haverá – para mutilar ou destruir o Estado Social pelo que acreditar numa aposta dos portugueses nessa via de anti-coesão social é uma completa aberração.

Este facto, modifica a visão do Governo? Não! Pelo contrário. Empurra-o para a frente utilizando uma ínvia argumentação de que o País não é capaz de sustentar o Estado Social existente (aqui não cabe o argumento que vamos pôr-nos em linha com os países da UE). Acresce, ainda, a leviana rapidez que pretende imprimir a esta pretensa ‘reforma do Estado’. Um pouco na esteira do ‘tratamento de choque’ preconizado por Friedman, nos anos 70, para o Chile de Pinochet.

É histórica a incapacidade do neoliberalismo para enfrentar (e reduzir) as desigualdades sociais. O Mundo recorda-se do ‘el ladrilho’ guia neoliberal para a economia que inspirou os golpistas chilenos em 1973. O diagnóstico de então que justificou a deriva neoliberal chilena foi: uma longa baixa taxa de crescimento; estatismo exagerado; escassez de empregos produtivos, inflação, atraso agrícola e pobreza extrema disseminada… link.
Resultado: de ‘milagre’ em ‘milagre’ o Chile, em 9 anos (1973 a 1981), acabou por desembocar numa grande depressão com queda brutal do PIB (> 30%), inflação acima dos 300% e um desemprego galopante a rondar os 20%.

Qualquer semelhança com a actual realidade portuguesa é mera coincidência.

Comentários

É espantoso como a direita persiste estupidamente em aplicar as mesmas receitas que já deram sobejas provas de levar sistematicamente a péssimos resultados.

A cegueira ideológica é tão perniciosa como a cegueira religiosa.

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